quinta-feira, 19 de março de 2009

Brasil, o game

O indiciamento hoje do delegado Protógens Queiroz é página que marca o início da campanha eleitoral de 2010, provavelmente com desdobramentos para os próximos meses. Esqueçam tudo tentado até aqui contra o governo Lula, da criminosa campanha pela febre amarela à plástica da Dilma. FH, recentemente em artigo, deu a deixa: “falta um discurso à oposição”. Em suma, ela sabe o que quer, o poder, mas tem que convencer amplas massas de que há um leitmotiv para tal, tarefa difícil. Qual a saída? Melar o jogo. É esta tática suicida que será tentada, no desespero reinante nas hostes oposicionistas. Como? Contam com atores fundamentais do processo até aqui: a mídia é o principal.

Simples. Forçam a abertura da operação Satiagraha, suas gravações. Jogam tudo no ventilador e apostam que terão como fazer marolas ou até tsunamis do que divulgarem. O plano já começou hoje com a CPI dos Grampos na Câmara pedindo acesso às informações da Satiagraha, o que foi negado pelo juiz Fausto De Sanctis. Novas investidas serão tentadas, usarão de todos os artifícios.

O motivo de tanta sanha é que existem pontos a serem descortinados onde pode haver constrangimentos aos que apóiam o atual governo. Luis Nassif acusa à seu jeito a tática da oposição e o que será descoberto. Discordo um tanto, embora reconheça méritos no levantamento da cortina. O governo Lula foi montado no medo em garantir a governabilidade. Nunca em se locupletar, tal como até então era moeda padrão. Esquece Nassif da atuação de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de FHC, seu homem da mala. Ali, fortunas despontaram, outras foram ampliadas. Delúbio sempre foi um burocrata, que tinha a enorme tarefa de contabilizar o valor das alianças, nunca a de enriquecer à custa da política. Dirceu era o estrategista, os tribunais o podem acusar da compra de venais deputados, já rodados no processo, nunca que tenha se locupletado no negócio.

Se errado ou não, cabe agora o entendimento do que seria a república ideal. Mais ainda, do que está e esteve em jogo, ou de quem defende efetivamente a mudança. O jogo é pesado. Ganha quem melhor jogar. Daniel Dantas o sabe, grande player. Ofereceu propina a um delegado, flagrante delito, mas quem é indiciado é outro, que acreditava em cumprir o que aprendeu, que lugar de bandido é na cadeia. A mídia faz a festa. Até aqui ganha o melê.

2 comentários:

Anônimo disse...

19/03/2009 - 08:31

O CORREGEDOR FANFARRÃO

(Blog do Nassif)

O delegado geral da Polícia Federal, Luiz Fernando, entrará para a história do órgão por ter ajudado na criação do ornitorrinco do Sistema Brasileiro de Inteligência: o delegado que investiga, processa e julga.

O corregedor Amaro vazou informações para a imprensa, privilegiou um jornalista, em uma sindicância destinada a apurar vazamentos de operação.

Apurou um vazamento que não teve consequências diretas no inquérito Satiagraha - o carnaval com a TV Globo, condenável do ponto de vista de show, apenas -, e não apurou o vazamento que permitiu a Daniel Dantas impetrar dois habeas corpus ao Supremo e atrapalhar as investigações - um vazamento criminoso.

Diz que a cooperação com a Satiagraha é legal, mas que a atuação do órgão com Protógenes extrapolou. Lembra histórias picantes de adolescentes: até aqui pode, até aqui não pode. E quem define os limites da legalidade e da extrapolação?

O corregedor-vazador-investigador-julgador com base nos seus critérios, não no disposto na lei. Transforma um problema funcional em um problema legal com o evidente propósito de anular a Satiagraha.

As alegações dos deputados para a perseguição não respeitam nem os limites do ridículo. Jungman era a favor de Protógenes até, ó, decepção!, descobrir que ele mentiu na CPI. A partir daí ficou a favor de Dantas.

Que vitórias essas pessoas julgam ser possível conquistar? O que pretendem jornalistas que encenam cara de decepção para dizer “por causa dos erros de Protógenes não conseguiremos pegar Dantas”? Julgam que enganam a quem? Apenas reforçam as suspeitas que pairam sobre parte expressiva da mídia.

Cada vitória sobre Protógenes é uma derrota da CPI e de todo o esquema de apoio a Dantas. Cada avanço sobre De Sanctis, a comprovação de que há, de fato, uma conspiração em curso.

No começo, o álibi para defender Dantas era o antilulismo. Esse álibi não existe mais. Ficaram sem álibi e tiveram que expor de maneira escarrada o objetivo final: desqualificar o inquérito para livrar Dantas.

Não tem como esconder essa meleca. Não tem como condenar Protógenes e absolver Dantas. Essa conspiração criminosa está expondo um a um todos seus personagens. A essa altura do campeonato, duvido que o próprio Dantas não tenha percebido que se tornou disfuncional.

Quem entrou nesse jogo se lambuzou, publicações, revistas e políticos. Prosseguindo, a sujeira vai se espalhar. Vai-se subir na escala hierárquica e liquidar com algumas lideranças nacionais expressivas.

Romanzeira disse...

Pois é... Ontem vi a matéria sobre o caso e fiquei indignada também. É quase inacreditável que um delegado da polícia federal esteja sendo processado por fazer seu trabalho! É muita muita sujeira.
Abraço, Jurandir!