sexta-feira, 31 de julho de 2009

Tamufu?

Até o Ministério Público Federal está confuso sobre o uso do tal Tamiflu e pede explicações ao Ministério da Saúde. Ao que parece, o uso do tal remédio não é consenso na comunidade médica, o que ajuda a desinformação, algo que a mídia corporativa pouco contribui e faz a festa em seu showrnalismo. Na confusão, um reforço nas dúvidas, talvez um tanto inusitado: a mídia do PSTU entra no coro dos que cobram do governo brasileiro uma melhor solução. São claros: “Governo perde controle sobre a gripe suína”. E entre suas análises, a principal é a falta do medicamento Tamiflu para todos. Talvez precisem de uma análise melhor sobre o tal medicamento. Hoje, no Diário Gauche:


A conexão entre os laboratórios farmacêuticos e a gripe A + Donald Rumsfeld

Sabia que os laboratórios norte americanos foram os que alertaram para a eficácia do Tamiflu (anti-viral para humanos) como remédio preventivo para a gripe A?
Sabia que o Tamiflu apenas alivia alguns sintomas da gripe comum?
Sabia que a sua eficácia perante a gripe comum é questionada por grande parte da comunidade científica?

Sabia que perante um suposto vírus mutante como se pensou ser o H5N1 (gripe aviária) e agora o H1N1 o Tamiflu apenas alivia a enfermidade?
Sabe quem comercializa o Tamiflu? Os laboratórios Roche.
Sabe de quem a Roceh comprou a patente do Tamiflu em 1996? Da Gilead Sciences Inc.
Sabe quem era o presidente da Gilead Sciences Inc. e ainda hoje o seu principal acionista? Donald Rumsfeld, ex-secretário de Estado da Defesa dos EUA.
Sabia que Rumsfeld enquanto fez parte da administração Bush foi quem conduziu (inventou) o processo das armas biológicas e do antrax relacionado com o “11 de setembro” e o pretexto das armas biológicas que “fundamentou” a invasão do Iraque?
Sabia que a base do Tamiflu é uma planta chamada “anis estrelado”?
Sabe quem tratou de adquirir cerca de 90 % da produção mundial desta planta? A farmacêutica Roche.

Sabia qua as vendas de Tamiflu passaram de 254 milhões em 2004, para mais de um bilhão em 2005 quando se declarou a “gripe das aves”?
Calcula quanto milhões mais poderá ganhar a Roche nos próximos meses se este negócio do medo se mantiver?

O resumo do conto do vigário é o seguinte:

Os amigos de Bush decidem que um fármaco como o Tamiflu é a solução para uma pandemia que ainda não se tinha desenvolvido. Ora, este produto não cura nem a gripe comum. Rumsfeld vende a patente do Tamiflu à Roche e esta multinacional paga-lhe uma fortuna quando a enfermidade não era ainda conhecida.

A Roche adquire 90 % da produção mundial de “anis estrelado”, a base do antiviral que recentemente se preparou para ser produzido em massa quando ainda não se falava em “gripe dos porcos” H1N1 (embora houvesse a experiência da gripe das aves H5N1). Os governos de todo o mundo são ameaçados com a pandemia, fazem o jogo das multinacionais e compram quantidades industriais do produto. Os contribuintes acabam pagando o medicamento e Rumsfeld e os seus apaniguados politicos prosperam com o negócio.

Alguém lembra do livro do John Le Carré, O jardineiro fiel, depois transposto para o cinema? Aquela "ficção" (que não era ficção) foi um embrião africano do presente caso mundial da gripe A.

Vídeo-documentário de Julián Alterini.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A direita e suas armas


Como se fabrica uma farsa jornalística? Basta repetir uma mentira, distorcer uma informação, desde que ela sirva ao propósito de ajudar os interesses políticos de a quem a corporação presta serviço. A Folha fez hoje sua parte ao ajudar o governo Uribe. Destacou no título a versão deste: “Bogotá diz que Caracas calou sobre armas por 2 meses”. Mas, na mesma matéria, é dito que Bogotá se calou sobre o fato por 7 meses! Diz o texto:

Em nota, Bogotá disse, porém, que a apreensão dos três AT-4 em outubro de 2008 só foi tornada pública nos últimos dias devido ao fato de a Venezuela "não ter dado resposta alguma" após informada.

O fato teria sido comunicado pelo “chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, ao homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, na última cúpula da Organização dos Estados Americanos, em Honduras”, em 2 de junho. Mas, segundo a fonte da Folha, de “forma discreta”.

Quer dizer, nada foi registrado, apenas versões. Bastou aparecerem as cobranças da Venezuela contra a vergonhosa capitulação colombiana frente aos EUA, com o novo acordo político militar, para uma revista colombiana, já conhecida por ajudar Uribe, publicar uma matéria acusando a Venezuela de ter armado as Farc com os lança-foguetes.

E seguem nossos jornalões e seus colunistas na tentativa de ajudar aos planos colombianos. Hoje, o fundamentalista da Veja e a Miriam Leitão já apontaram seus AT-4 para o Celso Amorim, que corretamente pediu transparência a Colômbia sobre seus planos. Reclamam à direita que é postura pró-Chávez e antiamericana.

Baboseira grossa. A mídia, se tivesse um grama de imparcialidade, deveria já ter entrado no assunto Colômbia remexendo a estranha aliança entre o maior produtor de cocaína do planeta e seu maior consumidor. Nem precisariam mandar muitos repórteres ao local. Nem precisariam ler os inúmeros livros que desnudam o esquema de drogas no mundo, seus interesses, ou as infindáveis publicações alternativas sobre o assunto. Poderiam começar pela tradicional Newsweek, que aponta Álvaro Uribe entre uma das 100 personalidades ligadas ao narcotráfico.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O PIG é internacional


A Sociedade Interamericana de Imprensa afirma ser uma organização sem fins lucrativos que se dedica a defender a liberdade de expressão e de imprensa em todas as Américas. Mas em seu site há uma boa amostra do que efetivamente pensa sobre liberdade. Leiam trechos do relatório sobre a situação da imprensa em Honduras, resultado da reunião da entidade em Assunção, no Paraguai, em março de 2009:

O clima de liberdade de expressão e da imprensa em Honduras durante os últimos seis meses continua obscurecido por uma nuvem que obstrui o trabalho jornalístico.
(...)
O governo cria um ambiente hostil contra os meios de comunicação, jornalistas e diretores, em muitos casos orquestrados pelo próprio presidente da República, Manuel Zelaya.
(...)
O uso de intimidação, ameaças, ofensas públicas, manipulação da publicidade oficial e advertências de que recorrerão aos tribunais de justiça para os crimes de difamação e calúnia tornou-se uma constante no país.
(...)
O presidente ameaça, acusa, insulta e ataca os meios de comunicação do país por não cobrirem os atos do governo à sua maneira, os acusa de serem porta-vozes de grupos econômicos do país, de orquestrar campanhas políticas da oposição e de serem responsáveis pela violência e pobreza do país.
(...)
Em 21 de outubro o presidente Zelaya disse em cadeia nacional que os meios hondurenhos ainda que informassem e mostrassem ao mundo os danos ocasionados pelas chuvas, não informavam sobre as medidas do seu governo nem as coisas boas que seus funcionários fazem
(...)
Em 15 de novembro, o presidente Zelaya voltou a insultar a imprensa nacional ao ter uma leve altercação com Elmer Iván Zambrano, jornalista da Radio América, ao qual menosprezou ao não querer responder as suas perguntas em um evento em El Salvador.
(...)
Em 4 de dezembro, o Colegio de Periodistas de Honduras (CPH) repudiou as pretensões do governo de criar um observatório nacional sobre os meios de comunicação, aspecto que a SIP criticou.
(...)
Em 21 de fevereiro, o presidente Zelaya reiterou que o El Heraldo e La Prensa são responsáveis pela onda de crimes no país.

Para a SIP, em março, o grande problema da imprensa em Honduras era o seu presidente, que teimava em acusar “injustamente” parte da mídia como parcial, porta-voz de grupos econômicos, de orquestrar campanhas políticas da oposição e de ser responsável pela manutenção da violência e da pobreza no país. Para a SIP, o presidente expressar tal pensamento era crime de calúnia e difamação e atentava contra a... liberdade de expressão! Observem também que em 4 de dezembro o Colégio de Periodistas hondurenhos, com o apoio da SIP, repudiou as pretensões do governo de criar um “observatório nacional sobre os meios de comunicação”. Que coincidência. No Brasil, a mesma SIP estava ao lado do oligopólio midiático brasileiro contra a criação do “Conselho de Jornalismo”. Parece tudo o mesmo circo, de horrores.

Março passou. Em junho, militares comandados pelas oligarquias econômicas de Honduras, depuseram o presidente eleito, Manuel Zelaya, e impuseram severas restrições à mídia não alinhada a seu pensamento. Alguns fatos são bem conhecidos:

• Gabriel Fino Noriega, jornalista da Rádio Estelar, é assassinado no dia 3 de julho por forças paramilitares.

• O Canal 36, a Radio TV Maya e a Radio Globo foram ocupados por militares, seus jornalistas ameaçados de morte e suas transmissões interrompidas.

• A Radio Juticalpa de Olancho foi invadida e sua cabine da transmissão foi metralhada.

• A Rádio Progresso foi invadida, suas transmissões interrompidas, jornalistas foram ameaçados de morte e seu diretor, o padre jesuíta Ismael Moreno, foi detido.

• Vários outros jornalistas hondurenhos e da Telesur, foram agredidos e ameaçados na cobertura dos eventos.

• A internet foi controlada e a rede telefônica passou a ser monitorada.


Como a SIP trata os novos fatos sobre Honduras em sua página na internet? Com um profundo silêncio. A principal manchete fala de crime contra jornalista acontecido em 1991, no México. Nada sobre Honduras. Ao que parece, na ótica da SIP, os “entraves” à liberdade de imprensa em Honduras foram resolvidos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A culpa é do Chávez!


Completando um mês de golpe em Honduras, a direita e seus porta-vozes na mídia saem do armário, perdendo seus poucos pudores ainda existentes para desfraldar bandeiras pró quartelada. O secretário de redação da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, Igor Gielow, é explícito nas simpatias em editorial nesta segunda-feira. Diz ele:

A unanimidade em torno da legitimidade de Zelaya parece não incluir a maioria da sociedade de Honduras.


Como assim? Se os golpistas têm e tinham amplo respaldo da sociedade, porque temer uma consulta sobre a possibilidade de se convocar uma constituinte? Afinal, contam com os principais veículos da mídia hondurenha, que tiveram papel fundamental na preparação da quartelada.

Os "golpistas", como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo - que seguem abertos.


Em suma: seqüestram o presidente eleito, botam o exército e a polícia contra o povo, calam a mídia que não apóia o golpe e fazem uma eleição que isso será chamado de democracia. Conta outra.

Até aqui, aqueles que querem a volta do presidente deposto não foram jogados ao "paredón".


Não? Mataram vários manifestantes, jogaram bomba em sindicato, perseguem a população em casa, precisam até de um estádio de futebol para as detenções em massa, lembrando o pior de Pinochet e essa violência é “do bem”?

Todos esses são sinais de que o mundo comprou como uma quartelada bananeira um processo muito mais complexo e, no limite, amparado na Constituição.


Na Constituição? A hondurenha que diz no artigo 82 que o direito a defesa é inviolável? Que no artigo 3 diz que não se deve obediência a um governo usurpador que faça uso de armas? Que no artigo 2 diz que a supressão da soberania popular é crime de traição à pátria? Que no artigo 45 diz que é punível todo ato que proíba ou impeça a participação do cidadão na vida política do país?

Mas não é isso que se quer discutir aqui. O problema é Hugo Chávez. Ele preside sobre um modelo renovado de caudilhismo que contaminou meia América Latina. Só que seu "bolivarianismo" só pegou em casa devido à bonança petrolífera. Fora, vingou em Estados falidos como Bolívia e Equador, sempre usando a carta fácil do "povo no poder" contra elites corruptas.


Ah, agora ficou mais claro. Hugo Chávez é o problema. Se defendesse as “elites no poder”, como sempre foi a norma imposta pelas oligarquias atrasadas da América Latina e seus governos, satélites dos interesses americanos, Chávez seria “o cara” para a Folha e nossos filhotes de Gengis Khan.

Pronto, não precisa dizer mais nada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Entendendo porque Serra teme Ciro em SP

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O império garante o seu pó


Notícia lida no Monitor Mercantil:

EUA instalarão novo "big brother" na Colômbia

Após expulsão da base de Manta no Equador, Obama se acerta com Uribe

Havana - Estão sendo concluídas as negociações para a formalização de um novo acordo para uma "estreita colaboração militar" entre o novo governo norte-americano de Barack Obama e o governo reacionário da Colômbia de Alvaro Uribe.
Um acordo que deverá desferir um gigantesco e doloroso golpe contra a autonomia da Colômbia. O objetivo estratégico do acordo é transformar o país inteiro em um centro de operações das Forças Armadas norte-americanas, no âmbito do "combate às drogas e ao terrorismo", mas que tem como alvo o movimento popular do país contra Uribe, a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assim como todos os movimentos populares em toda a região do Altiplano Andino.

Embora os detalhes deste "acordo" ainda não foram divulgados, sabe-se que ele garante às Forças Armadas dos EUA o acesso e uso de todas as bases terrestres, aéreas e navais colombianas, incluindo as "sensíveis" bases de Malabo (no norte) e Polanquero e Apiaí (ambas no centro do país).

Na verdade, o acordo e suas promíscuas condições significam o monitoramento de toda a região sul da América Latina (grampo de toda espécie de comunicações e sua coordenação com os satélites espiões), "em nome da proteção dos interesses dos EUA".
Trata-se de uma evolução esperada, pois a expulsão das Forças Armadas norte-americanas e o fechamento da base militar dos EUA de Manta, no Equador, provocou uma série de nervosas negociações com os únicos países do Altiplano Andino que aceitariam demonstrar hospitalidade às Forças Armadas dos EUA - isto é, a Colômbia e o Peru -, obviamente mediante uma generosa "compensação".

Ao que tudo indica, as negociações com o governo do Peru fracassaram por causa do "aluguel caro" exigido por Alan Garcia, mas foram coroadas de êxito com o governo reacionário de Alvaro Uribe.

Cuidado com o que vocês falam!

Certamente a mídia mundial, porta-voz do conservadorismo e dos interesses imperiais americanos, achará normal o acordo, apenas uma tentativa de “equilíbrio” na região, infestada de “esquerdistas narcotraficantes”, certo? Grossa mentira.

O narcotráfico na Colômbia foi criado, organizado e planejado industrialmente por americanos. O Plano Colômbia, criado com estardalhaço, apenas aumentou a produção de drogas. A plantação da coca e seu refino é um amplo agronegócio. Impossível existir sem ser visto por satélites. Os governos colombiano e americano sabem muito bem onde fica. E alguém perguntará como fica o DEA, a organização governamental americana que tem como objetivo o combate ao narcotráfico. Sugiro que leiam uma entrevista de Michel Levine, ex-agente do DEA, que já escreveu sobre suas atividades em revelador livro: “A grande mentira branca”.

O acordo tem objetivos claros. Permitir aos EUA terem uma enorme base para apoio logístico às novas empreitadas na América Latina. Honduras, não por acaso, já sente a nova estratégia do grande império.

A esquizofrenia do jornal O Globo

Nunca consegui ler o Globo sem alguns engulhos, tamanhas as campanhas embutidas, os erros grosseiros, o mau gosto editorial, a falta de contato com a realidade e um mínimo de algo que possa ser chamado de jornalismo. Mas, quando agora o jornal apenas tem como pauta a derrubada do Sarney e da Petrobras, não consigo nem ler a primeira página, ou principalmente ela. Fiquei sabendo por terceiros sobre destacada manchete que denunciava a Petrobras por alimentar uma empresa fantasma. Pois, a empresa responde, demonstra que nada tem de fantasma e revela outras empresas com quem tem negócios, entre elas a TV Globo.

Não acredito que o jornal que tenha herdado tantos jornalistas do quase finado Jornal do Brasil, que domina o mercado no Rio de Janeiro há muito, não consiga apurar corretamente suas matérias a ponto de deixar rabos como esse. Provavelmente será exemplo para entrar na história do jornalismo brasileiro, motivo de muitas chacotas em sala de aula de futuros estudantes de jornalismo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

É racista e fascista, sim!


Na quase visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nossa mídia só faltou convocar seus leitores a irem às ruas protestar contra sua presença. Manifestações aconteceram, com amplo destaque na mídia. Editoriais e colunistas amestrados não economizaram palavras contra o “representante do atraso”, que não respeita os direitos humanos, que defende a destruição do Estado de Israel etc.

Agora, no Brasil, temos a visita do ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Liberman, que tem tanto respeito aos direitos humanos como tinha Gengis Kahn, e nossa mídia não tem um único editorialzinho para lembrar de quem se trata. Nenhuma indignação, apenas seu jeito de fofocar e fazer intriga contra o governo, criticando declarações do secretário de assuntos internacionais do PT, Valter Pomar, que o chamou de racista e fascista. Exagerou? Nem um pouco. Vejamos um pouco de sua biografia, reproduzida do jornal Água Verde, de Londrina, por Altamiro Borges:

• Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;

• Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;

• Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Liberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.

• Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Liberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;

• Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;

• Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”

• Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;

• Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;

• Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.


Como se vê, é alguém a quem Joseph Goebbels bateria continência com respeito. Segue pelo país, em paz, em carro protegido e pilotado pela temida Shabak, a CIA de Israel, e nossa mídia olha para o outro lado, fazendo sua grande especialidade, o mexerico. De direita e racista, é claro.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A grande drogaria americana


Hoje no Globo:


E segue matéria chupada do El País, cúmplice na mesma armação:

Um informe do Congresso dos EUA adverte para uma forte penetração do narcotráfico na Venezuela(...) Segundo o relatório parlamentar, houve um aumento de exportação de drogas, que teria quadruplicado, e de cumplicidade no negócio entre altos funcionários civis e militares do governo, que colaborariam e protegeriam a guerrilha e as organizações criminosas colombianas.

A receita é simples: basta já ter preparado seu leitorado para algumas repetidas mentiras, como a de que a guerrilha colombiana é ligada ao narcotráfico, e o governo venezuelano é o mal na terra, repleto de péssimas intenções. Não será na grande mídia que você irá aprofundar uma análise sobre o tema, já que ela esquece até o que já foi publicado. Nunca abrirá a cortina para dizer:

1) A guerrilha colombiana combate as oligarquias e seu governo ligado ao narcotráfico. Elas estão do outro lado. Uribe representa bem o setor, que movimenta a economia colombiana. Foi eleito com ajuda de narcotraficantes, segundo até o Estadão.

2) Os EUA dominam a política e a economia colombiana. Economia, entenda, a produção de cocaína. Sim, os EUA são os principais responsáveis pela produção e o tráfico de cocaína pelo mundo. Não sou eu quem diz. É fato já ligado à história americana, está em inconteste verbete da Wikipedia, repleto de referências. O Plano Colômbia foi fachada para a eliminação de pequenos e médios produtores concorrentes e combate às Farc.

3) Os EUA dominam a cocaína e também a heroína pelo mundo há muito. Depois da invasão, o Afeganistão é hoje o maior produtor de ópio do planeta. E o vizinho Paquistão, uma espécie de quintal americano, é o grande distribuidor planetário da heroína, produzida pela papoula.

4) Ah, a maconha eles não gostam, para eles isso é coisa de pobre. Ela é produzida no mundo por pequenos produtores. Cocaína e heroína é o grande negócio, peças de um grande jogo, financiam inclusive suas guerras. Nada novo, os ingleses já haviam mostrado o caminho há muito tempo.

5) A notícia é totalmente desqualificada. Surgiu por iniciativa de parlamentares republicanos, certamente com os olhos voltados para a armação contra a Venezuela e todas as conquistas da esquerda na AL. Querem mudar o jogo. Armar um novo circo. Para inclusive vender melhor suas drogas.

Imagem: Dalton/AP Photo em Rolling Stone

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Ps: O blogueiro some, mas reaparece. É que proleta tem uma cota alta de mais-valia para distribuir às nossas elites. Vez ou outra ele cansa e vai dar uns mergulhos em praias distantes.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ah, meu domingão

Passei o domingo grudado na TV. Nada diferente de muitos outros que escolhiam a sua programação favorita. Havia os que se deliciavam com a dança de qualquer coisa do Faustão. Ou as diversificadas reportagens do Fantástico, todas revelando os mais precisos detalhes da vida e da morte de Michael Jackson. Ou as lutas de full contact, como gosta meu vizinho marombeiro. Ou toda essa conhecida diversa e fundamental programação repleta de “lições”, drama, suspense e circo.

Minha escolha foi sintonizar o computador na TeleSur. Fiquei horas absorvido em ver o drama de um povo desarmado enfrentando o golpe de suas oligarquias. Em um momento tudo parecia encaminhar para um confronto. A multidão foi parada por centenas de policiais armados que impediam que prosseguissem para o aeroporto. O cerco foi relaxado, sugeria que os golpistas haviam desistido. Notícias chegavam pelas poucas agências que cobriam o acontecimento, e repercutiam no meu Twitter por aqueles que estavam mais próximos. Davam a entender que o golpe estava acabando, fazia sentido com o que cedo já se sabia sobre a retirada de apoio ao golpe de importantes setores empresariais de Honduras. Informação que levou a valorosa repórter Lidieth Diaz, da Rádio Globo de Honduras, em entrevista coletiva pedir a confirmação diretamente a Roberto Micheletti, empossado pela suprema corte do país como presidente. Informação transmitida em meia tela pela TeleSur, junto à manifestação. Fundamental detalhe: ela usou a palavra golpe em sua pergunta. A resposta, não foi sim e nem não, mas algo vago, tipo não importa quem nos apóie, “estamos fazendo o melhor por Honduras, onde você pertence”. Temo por ela agora. E seguiu a retirada das tropas, cercando a pista do aeroporto. O presidente Manuel Zelaya dava entrevista ao vivo para a emissora do avião. Corri para ver outras imagens na TV a cabo. A CNN noticiava um campeonato de golfe. A Globonews reproduzia um Globo Rural. E o avião chegava. No meio da fala do presidente, a repórter pede para interromper com notícias do aeroporto. Policiais jogavam bombas de gás lacrimogêneo na multidão que se aproximava da pista. Tiros foram ouvidos. Notícias de feridos e mortos. Os repórteres da Telesur correm como doidos ao local onde há conflitos, esbaforidos ao celular. A CNN passa a transmitir com repórter distante do local, não fala em mortos, a imagem é da TeleSur. A Globonews mostra a reprise de uma entrevista com um economista. O avião se aproxima. Tensão, o exército coloca caminhões na pista. Ouvimos Zelaya e o piloto do avião venezuelano falar sobre a dificuldade de pouso. O avião segue para Manágua.

Talvez o domingão do Faustão tenha sido mais emocionante para quem viu, mas o meu não perdeu. Sei que não interessa à nossa mídia um assunto deste tipo, onde está em jogo uma lição ao vivo de História para nossos jovens. Onde há o drama de um povo, o suspense na luta de classes ao vivo. Onde há exemplos de coragem de tantos.

Foi um domingo inesquecível. Ainda estou me recuperando. Meu vizinho marombeiro talvez tenha perdido.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

As pornográficas escolhas editoriais


Na linha de jornal popular, o Extra das organizações Globo raramente dá destaque para o noticiário político em sua primeira página. Normalmente ela é preenchida com o esporte, notícias sobre mudanças nas regras no funcionalismo público, noticiário local, violência, amenidades etc. A edição de quinta-feira, dia 2, tinha toda a metade do alto tomada pela crise no senado, de forma editorializada, comparando o lugar a um “romance” de Carlos Zéfiro, nosso mais conhecido e cultuado pornógrafo.

Eu, e certamente os leitores do Extra, nada temos contra o jornal se posicionar contra algo que pertence ao nosso universo de reclamações: sabemos que o legislativo é um grande balcão de negócios, repleto de favorecimentos aos seus representantes. Apenas estranhamos a escolha editorial exatamente em um dia cheio de pressões e disputas que têm um norte certo, onde a moralização do senado está a reboque dos interesses na disputa eleitoral em 2010.

Mais estranho ainda é a escolha de não destacar o assunto que discretamente ocupa um pedaço ao lado direito, em foto e pequeno texto, que noticia um acidente de trânsito que matou quatro crianças. Se o desejo do jornal é editorializar a notícia com o objetivo de denunciar desvios de conduta na questão pública, eu, e os leitores do Extra, achamos que há muito mais a dizer naquele fato:

As crianças, alunos do tradicional colégio Pedro II, ocupavam uma van pirata, com seus papéis vencidos, aparentemente viajando em alta velocidade. Onde está o poder público que não fiscaliza os veículos de sua cidade?

Li no noticiário online que a mãe de uma criança disse que era uma van contratada por um grupo de pais por falta de outras opções de transporte.

O transporte de massas no Rio de Janeiro não tem investimentos há muitos anos. Seu metrô liga uma parte muito pequena da cidade. Os trens foram sucateados, com uma histórica estação ferroviária fechada, sem trens para diversos e populosos bairros.

Os ônibus dominam o transporte público, todos da iniciativa privada, com interesses econômicos em linhas rentáveis, deixando espaço para a proliferação de vans, em grande parte não legalizadas.

Estas empresas dominam o transporte público com regras de oligopólio, organizadas em sua federação, a Fetranspor, que tem recursos suficientes para investir em ricas campanhas de vereadores, deputados estaduais, prefeitos e até boa propaganda, inclusive na mídia.

Todas estas relações já foram objeto de interesse na criação de CPI na câmara carioca, mas até hoje nunca foi instalada.

Estou certo que os leitores do Extra, que viajam horas em um ônibus lotado, que são maltratados como a jovem Luana Macedo, de 12 anos, que morreu no mesmo dia, na Barra da Tijuca, arrastada com as pernas presas à porta de um ônibus, têm melhores sugestões de pauta para a primeira página.

Mas, temem que os donos do jornal, por motivos outros, não contemplem o verdadeiro interesse público, que está aqui no dia-a-dia de um caótico e assassino sistema de transporte, não em Brasília. Esta é a verdadeira pornografia.

Talvez a escolha explique o motivo do Extra a cada dia perder muitos de seus leitores.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Notícia para quem precisa

É um alento perceber que a mídia já não consegue mais sustentar o assunto Michael Jackson. Meus ouvidos agradecem.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sobre a constituição hondurenha

Apesar do mais claro repúdio mundial ao golpe de estado em Honduras, segue a luta ideológica pelo planeta, onde alguns poucos desavisados estão dando trela para a propaganda de picarescos fascistas, que chegam a apontar Manuel Zelaya como autor de um golpe. Mentira! Sugiro que consultem a constituição hondurenha, é fácil perceber quem de fato desrespeitou a lei.

O único argumento dos golpistas sobre a inconstitucionalidade do ato de Zelaya está baseado nestes dois artigos, O primeiro define que é proibida a reeleição, o segundo impede a REFORMA da constituição para permitir novo mandato de presidente da república:

ARTICULO 4.- La forma de gobierno es republicana, democrática y representativa. Se ejerce por tres poderes: Legislativo, Ejecutivo y Judicial, complementarios e independientes y sin relaciones de subordinación.
La alternabilidad en el ejercicio de la Presidencia de la República es obligatoria.
La infracción de esta norma constituye delito de traición a la Patria.


ARTICULO 374.- No podrán reformarse, en ningún caso, el artículo anterior, el presente artículo, los artículos constitucionales que se refieren a la forma de gobierno, al territorio nacional, al período presidencial, a la prohibición para ser nuevamente Presidente de la República, el ciudadano que lo haya desempeñado bajo cualquier título y el referente a quienes no pueden ser Presidentes de la República por el período subsiguiente.


O que Manuel Zelaya desejava e foi impedido? Apenas incluir uma quarta ficha nas eleições marcadas para novembro, onde consultaria a população sobre a convocação de uma assembléia constituinte. Se aprovada, uma nova lei seria feita, não há desrespeito à atual. Esta apenas impede a REFORMA de alguns de seus artigos. Leis não nasceram prontas, menos ainda podem dizer que serão as últimas. A atual constituição hondurenha é de 1982, quando o país se libertou de sucessivas ditaduras. O povo tem o direito (inclusive na constituição, verão abaixo) de ser consultado sobre uma nova, ainda melhor.

Foram os golpistas que desrespeitaram a constituição, em vários pontos:

1) Detiveram e expulsaram o presidente do país, impedindo sua defesa, o que está garantido na lei máxima:

ARTICULO 82.- El derecho de defensa es inviolable.
Los habitantes de la República tienen libre acceso a los tribunales para ejercitar sus acciones en la forma que señalan las leyes.


2) Desrespeitaram um dos primeiros artigos ao usurparem o poder com o uso de armas:

ARTICULO 3.- Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador ni a quienes asuman funciones o empleos públicos por la fuerza de las armas o usando medios o procedimientos que quebranten o desconozcan lo que esta Constitución y las leyes establecen. Los actos verificados por tales autoridades son nulos. el pueblo tiene derecho a recurrir a la insurrección en defensa del orden constitucional.



3) Impediram a expressão da vontade popular, crime de traição da pátria. A constituição hondurenha é clara em determinar a participação do povo no processo político:

ARTICULO 2.- La soberanía corresponde al pueblo del cual emanan todos los poderes del Estado que se ejercen por representación.
La suplantación de la soberanía popular y la usurpación de los poderes constituidos se tipifican como delitos de traición a la Patria. La responsabilidad en estos casos es imprescriptible y podrá ser deducida de oficio o a petición de cualquier ciudadano.


ARTICULO 45.- Se declara punible todo acto por el cual se prohíba o limite la participación del ciudadano en la vida política del país.


4) Chegaram ao cúmulo de falsificar uma carta de renúncia. A lei não está ao lado dos golpistas. Nem argumento válido para justificar os interesses ilegítimos da oligarquia de Honduras.