sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O fetiche da mercadoria e o futuro do papel

Li hoje na internet que a Amazon.com cresceu 35,5% em 2008, inclusive com aumento de 6.7% no último trimestre em relação a 2007. Não sei o que os jornalões dirão amanhã, já que suas páginas estão dedicadas apenas a falar sobre as empresas que perdem e demitem, que a crise vai nos pegar, cuidado!. Achei intrigante. A notícia na Abril tem uma justificativa para o desempenho que surpreendeu analistas: o seu treco leitor, o Kindle, que permite baixar livros online por preços bem abaixo dos impressos, possível tecnologia que salvará as árvores de virarem bibliotecas no futuro. A trosobinha eletrônica, que guarda até 200 livros, está esgotada. A empresa promete nova versão para fevereiro, mas até onde sei, não foi esse o motivo principal dos números da Amazon. A Sony tem sua versão de leitor de e-book desde 2006, sem grande sucesso.

No Globo de hoje, quinta-feira, matéria de capa do Segundo Caderno conta o que é o Kindle e discute seu futuro. Entrevista Chintia Portugal, relações-públicas da Amazon, que é enfática ao dizer que as próximas gerações lerão apenas em formato digital. Já os leitores do Globo, nos comentários da matéria, estão divididos. Entre os entusiastas que já usam o trem e os céticos, que gostam do cheiro do papel e querem manter sua biblioteca em pesadas estantes, nem que compradas à metro.

Uma primeira reflexão é pensar que há muito a indústria pensa em produzir este tipo de artefato, mas sem conseguir montar um bom plano de negócios. Em 1981, há quase 30 anos, a Knight-Ridder, uma das corporações que monopolizam o mercado de mídia americano, pensou que tinha aí uma grande oportunidade. Nomeou Roger Fidler, jornalista, designer, autor de Mediamorphosis, como gestor de um enorme projeto que iria acabar, não com os livros, mas com os jornais. Seria um tablet, um leitor que seria alimentado por cartões comprados em bancas. Claro, não deu certo. Queriam um projeto proprietário, não rolou. Isso em época em que a internet estava no maternal, e ainda jogávamos Atari.

Como fica esse futuro, que aparentemente teima em chegar?

Meus palpites:

Do meu ponto de vista proleta esta tecnologia seria o melhor dos mundos. Eu não quero continuar abarrotando meu pequeno apartamento com um monte de livros. Há muito adoraria viver em um lugar onde a educação fosse levada à sério, com bibliotecas eficientes que me emprestassem o que desejo ler. Podendo ter acesso de forma digital ao que desejo, com confortável leitura, é tudo o que quero. Há infinitas obras que não podem ser impressas ou reimpressas por custos de demanda. Quantos novos autores não poderiam alcançar seu público? Quantas obras raras não poderiam ficar disponíveis? O custo de um livro implica papel, tiragem mínima. A obra digital gasta apenas em digitalização. Imaginem as maiores bibliotecas do mundo disponíveis. Imaginem os estados investindo no lugar de prédios para bibliotecas para guardar papel.

Temo que o capitalismo ainda levará um tempo para montar seu “business plan”, como dizem os mauricinhos que gostam do inglês para explicar o mundo. Terão que vencer os mesmos desafios que a indústria fonográfica. Enfrentarão a pirataria. Como?

Mas, fundamentalmente, o problema é que eles não querem nos dar o que desejamos, apenas o que estamos dispostos a pagar.

Acho que ainda vai demorar.

Em tempo: Já que estamos falando de mídia, no próximo dia 4 de fevereiro o 1º Juizado Especial Federal de São Gonçalo emitirá sentença contra Graça Rocha, da rádio comunitária Novo Ar, por infração ao artigo 70 da lei 4117/62: “Constitui crime punível com a pena de detenção de um a dois anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de telecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e nos regulamentos”.

A lei determina pesadas restrições para quem deseja usar de telecomunicações, não importa com quais objetivos. Infelizmente Graça não ganhou uma concessão de rádio, tal qual muitos empresários e bispos de igrejas ganharam por servirem aos interesses das elites que ocuparam o estado brasileiro. Estado que usou tal direito como mera mercadoria em troca de interesses.

Graça apenas quer ir ao ar em sua comunidade. E nós, do povo, que pagamos nossos impostos, que alimentamos o estado e sua justiça, queremos ouvi-la. A ela damos este direito.

Todo o nosso apoio a sua rádio!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E Catanhêde lembra que a democracia é um perigo

Nossa mídia mauricinha continua as exéquias sobre sua derrota no referendo boliviano. Destacam, em previsibilidade de informação, títulos como “metade do país está descontente”, “líderes de Santa Cruz rejeitam texto”. Mas, nada foi tão representativo do chororô quanto a opinião de Eliane Cantanhêde na Folha de hoje.

Ela dá importância às palavras de Enrique Iglesias, atual secretário-geral ibero-americano, que demonstra preocupação com as 14 eleições presidenciais na América Latina que ocorrerão nos próximos 3 anos. Chega a concluir: “E eleições provocam tentação populista”.

Pronto, nada mais explícito. Iglesias descobriu o problema, e Cantanhêde achou importante alertar: é a democracia. Se a AL continuasse com seus fiéis ditadores, seguindo as ordens da matriz, não haveria perigo agora. Viveríamos com a certeza do futuro, tal como ainda existe no Egito, onde Hosni Mubarack há 30 anos mantém a ferro e fogo a oposição distante para fazer a política dos EUA e a de Israel, nunca lembrado pela nossa mídia como ditadura, apenas como “fator de equilíbrio” na região.

E a jornalista ainda tenta raciocínio com a cabeça do espanhol: “Populismo com dinheiro público é sempre preocupante, mas pode ter consequências dramáticas se combinado com crise econômica”. E o cita para alertar que nas crises não há como fazer política compensatória para com o andar de baixo, apenas nos momentos de bonança, tem que crescer o bolo para dividir. Blá, blá, blá...

Faltam lições de história para a jornalista. E menos cara de pau para o ex-diretor do BID. Deveriam lembrar que o decantado “new deal” de Roosevelt, agora tão lembrado pela mídia, tinha como um dos seus principais pontos a política compensatória, com a ajuda direta aos necessitados em um de seus 3 erres: Relief, Recovery e Reform (auxílio, recuperação e reforma). Claro que à época o baronato americano reclamou auxílio apenas para si, suas fábricas, bancos e estradas, não para a “gentalha”, que ganhava seus “bolsas-família”, auxílios para a moradia etc. Mas foram derrotados e Roosevelt salvou o capitalismo da burrice de seus players.

A jornalista e a mídia da colônia falam agora até de um novo “new deal”, mas seguindo a tradição do pedaço, sem concessão ao gentio. Talvez o modelo da vez seja o Mubarack.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Meninas e meninos, eu vi


Obama seguiu para a Casa Branca de limosine, saiu do carro e andou. Acenou para o público do show, ao lado de seus mil e trocentos seguranças por alguns minutos e fez as fotos e os filmes, que já postaram no youtube.


Impossível não lembrar quando Bush ganhou sua primeira fraudulenta eleição. O povo impediu o desfile de sua limosine. Jogaram ovos, vários manifestantes foram arrastados e presos. O cartel da mídia americana nunca mostrou. Só tempos depois vimos no “Fahrenheit 9/11” do Michael Moore as cenas. Está, no mesmo youtube, siga para a posição 6:15 para ver.


E lembrei do mesmo Michael Moore na festa do Oscar, recebendo seu prêmio pelo filme, o discurso contra Bush, cortado pelos sionistas que abundam naquela indústria.


E, sei lá ao certo, lembrei da posse do Lula. Desfile em carro aberto. O povo ao lado do novo presidente. Segurança zero. Teve até carro que enguiçou, empurrado pelo povo.

Há muitas lições, imagino. Tirem vocês as conclusões. De minha parte, quero mais é a felicidade do povo, a felicidade em cada rosto que tem esperança.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

E na posse...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Que o mundo puna os criminosos




As últimas notícias neste domingo relatam sobre o cessar-fogo em Gaza, com o início da retirada das tropas invasoras de Israel. Saem deixando um rastro de sangue, exemplos da mais horrenda barbárie, como a utilização de novas armas de mutilação de corpos, como os explosivos de metal denso inerte, tecnologia do horror da máquina de destruição americana, cedida a Israel. Junto deste possível final de capítulo, infelizmente sem solução definitiva à vista, descobrimos que o mundo repudia o sionismo e a limpeza étnica que esta política pratica contra a população palestina. Foram muitos os protestos por todo o planeta. Foi na internet, muito mais que na mídia tradicional, que lemos, tomamos conhecimento dos fatos, e da história desta triste realidade.

Em raro momento da mídia tradicional, foi reprisado na Globonews esta semana a entrevista com dois acadêmicos brasileiros, especialistas em Oriente Médio. Paulo Geiger, professor de história judaica e Arlene Clemesha, historiadora formada pela USP, com livro publicado sobre as relações entre marximo e judaísmo. Acima o vídeo.

Vale conhecer a professora Arlene. Ainda muito jovem, tem um longo trabalho acadêmico, como podemos ver pelo seu vasto curriculum Lattes, três livros publicados e uma didática maravilhosa para que muitos possam entender com clareza o conflito, como pode ser visto aqui em uma outra entrevista.

Em tempo: sugiro a leitura de post do Altamiro Borges sobre matéria da Folha que passou despercebida, sem destaque na capa. Informações da agência Reuters dizem que “os EUA estão contratando um navio mercantil para levar centenas de toneladas de armas da Grécia a Israel ainda neste mês”. Entre eles, novos matérias explosivos. Apesar da negativa do Pentágono, “um comando da Marinha americana confirmou que o carregamento de 325 contêineres de seis metros cada deve ser levado em duas viagens do porto grego de Ashdod, que fica a 38 quilômetros da Faixa de Gaza”. Com isso, uma evidente e criminosa prova do envolvimento dos EUA no genocídio. Que o mundo tome conhecimento e puna seus criminosos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

“Vergonha para vós! Vergonha para Israel!”

Li os vários comentários no blog da Cora Rónai sobre o texto de sua última coluna no Globo. Há excelentes análises, que denunciam as várias contradições da jornalista em seu perverso e confuso raciocínio. Mas, pouco da polêmica ali se pode imaginar resolvida apenas pela lógica. Como contrapor a insanidade de quem chega ao cúmulo de criticar a mídia como patrocinadora de propaganda pró-Palestina? Ou a soberba dos que se acham o “povo escolhido”, que creditam toda a crítica ao antissemitismo de uma sociedade inculta. Estava refletindo quando li hoje a carta de André Nouschi ao embaixador de Israel na França, datada em 3 de janeiro e traduzida agora no Resistir. Nouschi é judeu, historiador renomado, tem 86 anos e combateu o nazismo na segunda grande guerra. Nada como uma boa esculachada de quem detêm verdadeiramente o saber:


Carta ao embaixador de Israel em França

por André Nouschi [*]

3 de Janeiro de 2009


Senhor Embaixador:

Para vós é shabat, que devia ser um dia de paz mas que é o da guerra. Para mim, e desde há vários anos, a colonização e o roubo israelense das terras palestinas exaspera-me. Escrevo-vos pois a vários títulos, como francês, como judeu de nascimento e como artesão dos acordos entre a Universidade de Nice e a de Haifa.

Não é mais possível calar diante da política de assassinatos e de expansão imperialista de Israel. Vós vos conduzis exactamente como Hitler se conduziu na Europa com a Áustria, a Checoslováquia. Desprezais as resoluções da ONU tal como ele as da Sociedade das Nações e assassinais impunemente mulheres e crianças; não invoqueis os atentados, a Intifada. Tudo isso resulta da colonização ILEGÍTIMA e ILEGAL. QUE É UM ROUBO.

Vós vos conduzis como ladrões de terras e virais as costas às regras da moral judia.

Vergonha para vós: Vergonha para Israel! Cavais a vossa tumba sem vos dar conta. Pois estais condenados a viver com os palestinos e os estados árabes. Se vos falta esta inteligência política, então sois indigno de fazer política e vossos dirigentes deveriam ir para a reforma. Um país que assassina Rabin, que glorifica seu assassino, é um país sem moral e sem honra.

Que o céu e que o vosso Deus leve à morte Sharon o assassino. Haveis sofrido uma derrota no Líbano em 2006. Sofrereis outras, espero, e enviais à morte os jovens israelenses porque não tendes a coragem de fazer a paz.

Como os judeus que tanto sofreram podem imitar os seus carrascos hitlerianos? Para mim, desde 1975, a colonização recorda-me velhas lembranças, aquelas do hitlerismo. Não vejo diferença entre vossos dirigentes e os da Alemanha nazi.

Pessoalmente, vou combater-vos com todas as minhas forças como o fiz entre 1938 e 1945 até que a justiça dos homens destruísse o hitlerismo que está no coração do vosso país. Vergonha a Israel. Espero que o vosso Deus lançará contra os seus dirigentes a vingança que eles merecem. Tenho vergonha como judeu, antigo combatente da II Guerra Mundial, por vós. Que o vosso Deus vos maldiga até o fim dos séculos! Espero que sejais punidos.

André Nouschi
Professor honorário da Universidade.

[*] Historiador, 86 anos, originário de Constantine (Argélia). Foi combatente da France Libre e é autor de um livro sobre o nível de vida das populações rurais de Constantine durante o período colonial até 1919 (PUF, 1961). Este livro foi saudado na altura pelo ministro do Governo Provisório da República Argelina (GPRA) e historiador argelino Ahmed Tafiq al-Madanî como "a gota de água que se oferece ao viajante após a travessia do deserto". Foi professor na Universidade de Tunis e é professor honorário da Universidade de Nice. Algumas obras de André Nouschi .


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Os protocolos da “sábia” Cora Rónai

A colunista do jornal Globo, Cora Rónai, dedica sua coluna de hoje a tentar uma defesa a sua colega Renata Malkes, que teve seu passado de fervorosa militante sionista revelado pelo blog Cloaca News, no último dia 7. Mas, de forma envergonhada, em nenhum momento cita a companheira de empresa. O que faz é destilar ódio racista para com palestinos, reafirmar a supremacia de Israel e denunciar a internet como um antro de irracionalidade, onde nada pode ser dito a favor de Israel.

Um dos raciocínios da colunista é o de que Israel sofre um problema de marketing. As imagens de uma criança morta são sempre mais impactantes do que as de crianças israelenses escondidas em um abrigo. A isto se deve a “singular percepção de um povo intrinsecamente mau e sanguinário”, escreve.

Mas, de tudo o mais chocante e explícito é a frase:

“Por ser um país desenvolvido cercado de vizinhos em diferentes estágios de “civilização”, Israel paga, guardadas as devidas proporções, o preço que a classe média paga, no Brasil, em relação às comunidades carentes”

Em uma única frase há toda uma clara manifestação racista contra os palestinos, segundo ela ainda não civilizados, e contra os favelados brasileiros, mal comparando as duas realidades, completamente distintas, as unindo em um mesmo ódio de classe.

Goebbels bateria palmas.


Atualizando: Li muitos comentários interessantes no site da Cora Rónai, contestando suas opiniões sionistas. Um recado: não há uma guerra de interpretação de fatos, como alguns comentaristas aqui e ali manifestaram, ela é estritamente ideológica. Parem de chamar de burros os que não entendem que “os judeus são o povo escolhido”. Há uma profusão de análises sobre o que acontece na Palestina, de gente séria, que estuda de verdade a História. É o único lucro que vejo no meio de tantas perdas neste genocídio. Quero sugerir a ótima leitura do Rafael Galvão sobre o tema.

Cesare Battisti: bola dentro do governo brasileiro

Este blog está em júbilo pela decisão do Executivo brasileiro de conceder refúgio político ao ex-militante italiano do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), preso no Brasil desde março de 2007 por pedido de extradição do governo italiano. Aqui, o que em fevereiro do ano passado comentamos. Aqui, o que publicamos de Laerte Braga.

A decisão é a mais correta e segue os princípios do direito brasileiro. Vale publicar aqui a nota divulgada nesta quarta-feira dos advogados de Battisti:

"Somente quem conhece o processo superficialmente é que pode considerar a decisão de conceder refúgio político equivocada.

Quem conhece o processo profundamente, tomando ciência de seus meandros e detalhes, sabe que a decisão de conceder refúgio político a Battisti é a única medida que preserva a Constituição brasileira e a tradição do Brasil em casos semelhantes.

Pelas seguintes razões:

1 - O processo contra Cesare Battisti é fruto de motivação exclusivamente política;

2 - Cesare Battisti não é autor de qualquer dos quatro assassinatos dos quais é acusado;

3 - Battisti foi inicialmente condenado a 12 anos e 10 meses de reclusão e 5 meses de detenção pelos crimes de uso de documento falso, porte de documento falso, posse de espelhos para falsificação de documentos e participação em organização criminosa. Essa condenação transitou em julgado em 20 de dezembro de 1984. Assim, Battisti foi inocentado das quatro mortes cometidas pelo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo).

4 - Por quase uma década, Battisti fica exilado no México e depois na França de François Mitterrand, que concedia asilo a todos os militantes italianos nos 1970 que abdicaram da luta armada. Por isso é que foi negado pela França o primeiro pedido de extradição;

5 - Depois de quase 10 anos do trânsito em julgado, o processo contra Battisti foi reaberto na Itália, com base no depoimento de um único preso arrependido (Pietro Mutti).

6 - Os advogados de Battisti no "processo reaberto" foram presos, e o Estado nomeiou outros advogados para defender Battisti. A defesa, no entanto, foi feita com base em procuração falsificada. Exame grafotécnico posterior comprova isso. Sem direito à defesa, o processo resulta em condenação à prisão perpétua sem direito a luz solar. À revelia. Somente com base no depoimento do "arrependido" Mutti. Chegou-se ao cúmulo de condená-lo por dois homicídios ocorridos no mesmo dia, quase na mesma hora, em cidades separadas por centenas de quilômetros (Udine e Milão).

Outros cidadãos italianos, militantes políticos na Itália dos anos 1970 (como Pietro Mancini, Luciano Pessina e Achille Lollo), que estavam no Brasil e cujas extradições foram requeridas pelo governo italiano, tiveram indeferidos os pedidos pelo STF.

7 - Em carta de próprio punho, o ex-presidente da Itália, Francesco Cosiga, admite que as ações do governo italiano para prendê-lo têm motivação unicamente política.

Esperamos que Cesare Battisti possa retomar suas atividades de escritor e iniciar uma nova fase de sua vida. Doravante, sem receio de perseguições políticas.

São Paulo, 14 de janeiro de 2009.

Luiz Eduardo Greenhalgh
Suzana Figuerêdo
Fábio Antinoro
Georghio Tomelin"


Bola fora deu Paulo Henrique Amorim em nota de profundo mau gosto ao afirmar que Lula faz um favor a Berlusconi e a Sarkozy, que querem ver Battisti pelas costas, dizendo ainda que Battisti vai abrir um restaurante em Brasília. Acabou se aliando à direita mais caricata e perversa, como a representada pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que comparou esta decisão a de não conceder asilo a dois atletas cubanos no PAN do Rio, em 2007, campanha da direita e sua mídia à época.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

E Bin Laden veio dar uma mãozinha... para Israel, é claro

O cartel mundial de mídia fez uma festinha. Divulgou hoje a notícia de um suposto áudio de Bin Laden clamando por um jihad contra Israel. O pop terrorista sempre aparece em momentos chaves. Na última eleição de Bush apareceu para dar sua forcinha, falando sempre os mesmos clichês, ajudando com sua imagem de espantalho a aumentar o medo contra muçulmanos, dando votos para o suposto guardião da luta contra o terrorismo. Bush certamente bateu palmas hoje para seu velho amigo.

A notícia, em destaque nos sites americanos, repetida nas filiais pelo mundo, diz que a divulgação aconteceu na mídia muçulmana. Pode ser. Mas na excelente PressTv iraniana nenhuma citação.

A farsa Bin Laden segue ainda tentando engabelar. Ontem, Bush deu um recado sobre sua herança no programa de Larry King, na CNN: “A mais importante tarefa que tive - e a mais importante tarefa do próximo presidente – é proteger o povo americano de outro ataque”. Parece que este povo não engoliu esse medo, optando por outro presidente. Resta sabermos se Bin Laden também irá trabalhar para Obama. Afinal, embora os laços de amizade da família Bush com os Bin Landen sejam estreitos, foi em um governo de democratas, o de Jimmy Carter, onde a história de Osama Bin Laden começou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A sionista TV Record

Vocês sabem das notícias pela emissora do bispo Macedo? Se, sobre Israel saberão que este país luta para se defender dos "terroristas palestinos". Verão imagens de uma escola israelita que teve que suspender suas aulas por causa de um foguete que caiu em suas proximidades. Verão imagens "chocantes" divulgadas pelo departamento de propaganda de Israel, em um datashow, mostrando uma “ardilosa” armadilha palestina em zoológico. Fios ligados a uma bomba, que seriam detonados de... uma escola. Os tais escudos humanos. Basta acessar www.mundorecordnews.com.br e digitar Israel no campo de pesquisas. Vejam e tirem suas próprias conclusões sobre a "isenção" jornalística da emissora.

Como explicar? Quem entender de religião, ou de negócios, que tente. De minha parte, que não faço a menor idéia sobre o que é a tal “fogueira santa de Israel” que o bispo tanto fala, acho apenas esclarecedor que uma entidade sionista como a Amisrael apóie a iniciativa da Frente Parlamentar Brasil-Israel da Assembléia Legislativa do Rio em indicar o nome de Edir Macedo para o Prêmio Nobel da Paz em 2009.

O bispo parece gostar da idéia. E, "em nome da paz", pouco fala sobre guerra no site da sua imprensa. A principal notícia internacional em seu site fala sobre a importância de conscientizar jovens sobre uma praia limpa... em Moçambique.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma entrevista esclarecedora


Silio Boccanera entrevista Ilan Pappe na Globonews. O historiador israelense, professor de ciência política na Universidade de Haifa, é crítico severo do sionismo. Vale entender pelas palavras do professor o contexto histórico da criação do estado de Israel e suas absurdas motivações para limpar etnicamente a Palestina dos povos não judeus.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Imagens para pensar




Hoje, em frente ao consulado de Israel em Los Angeles, partidários de Israel e dos palestinos se enfrentaram na propaganda. Acima, foto de Jewel Samad/AFP, um não ao terrorismo de Israel. Abaixo, do mesmo fotógrafo, partidários de Israel com slogans como “Há razão para os terroristas usarem máscaras. Eles usam crianças como escudos humanos.” Quer dizer, é uma confissão: estão destruindo os escudos. Se isso fosse realmente verdade...


Os temíveis foguetes palestinos, hoje dois foram vistos e fotografados. Foto de Dan Balilty/AP


Quando caem fazem isso, estragam a caixa d’água de alguém, como na cidade israelense de Ashdod, em 3 de janeiro último. Foto de Sebastian Scheiner/AP.


Vejam melhor para entender o “grande” estrago.


Quando Israel ataca com mísseis o estrago é um pouco maior. Este caiu em 31 de dezembro último no campo de refugiados de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito. Foto de Eyad Baba/AP.


Esta imagem ajuda a entender um tanto de quanto o sionismo é algo imposto de fora para dentro. Judeus ortodoxos do movimento anti-sionista Neturei Karta fizeram passeata hoje em Jerusalém contra o terrorismo de Israel. Foto de Yoav Lemmer/AFP.

Parem com o terror sionista!

De volta de mini-férias (caramba, com hífen?), impossível não pensar quase apenas na limpeza étnica que Israel persiste em praticar contra os palestinos. Acho assunto tremendamente desconfortante, estou com péssimo humor para comentar, a cada notícia sinto refluxos de bílis, mas é inevitável. Não estou só, percebo. Como há muito não acontecia, no mundo todo se multiplicam as manifestações contra a barbárie. E, mais uma vez, são nos blogs onde estão as melhores informações. A mídia tradicional, mesmo com seus inúmeros correspondentes, perde para a vivacidade e a seriedade com que o tema está sendo tratado nos blogs, com relatos sensíveis de quem vive o terror. De quem tem o que dizer além do repetido lobby sionista. Vou modestamente contribuir com alguns poucos tópicos por hoje, ainda estou retomando minhas atividades.



Fiquei pasmo com a capa da última Veja: “Israel ataca radicais em território palestino”, diz o subtítulo. Como assim? Quem são os radicais? As quase 500 crianças mortas em menos de duas semanas? O estado que as matou por desejar limpar etnicamente a palestina não é radical? Não li o conteúdo do panfleto dos Civita, sionistas de longa data, mas posso imaginar cada letra. Leiam uma ótima análise da revista no blog do Miro.



O Cloaca News consegue um furo de reportagem em cima da mídia tradicional. Descobrem que a correspondente da Globonews e do jornal O Globo serviu no exército de Israel e já manifestou em blog todo o desprezo pelos palestinos, os chamando de “burros” e “mentirosos” e justificando o terrorismo de Israel. Usaram a Wayback Machine, recurso para recuperar antigos arquivos da web, já que o antigo blog foi deletado. Jornalismo de primeira.



O blog RS Urgente publica pauta que poderia ser da mídia tradicional, mas ainda não foi: os Shministim são jovens estudantes israelenses, todos com idade entre 16 e 19 anos, no final do segundo grau, que recusam o alistamento no exército de Israel por objeção de consciência. Estão presos por isso. Um exemplo de dignidade. Têm página na internet e uma campanha mundial. Li no Idelber que republicou e faz uma excelente cobertura em seu blog. Um viva aos blogs!



Ontem, terça, fui surpreendido por uma ótima entrevista na Globonews com Ilan Pappé, historiador israelense, professor na Universidade de Haifa. Ele é crítico severo do sionismo e tem conhecimentos de sobra para desmontar todas as justificativas para o horror praticado contra os palestinos. Aqui uma ótima matéria sobre ele na Caros Amigos, aqui uma entrevista no A Lenda. Procurei de todas as maneiras o vídeo desta entrevista e não achei. Como foi em maio de 2008, a Globonews já deletou do site. Nada achei no YouTube. Gostaria muito de achar e publicar aqui.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O retorno

Amigos, estou de volta ao Rio, malas ainda por abrir. Sabem como é, proleta quando viaja com toda a família carrega muitas. Adianto um forte abraço nos amigos pelos votos aqui deixados pelo natal. Um abração em todos e vamos à luta neste 2009.

Lembrando: Nesta quinta, dia 8, aqui no Rio, Manifestação de Solidariedade ao Povo Palestino. A partir das 15 horas na Cinelêndia.