segunda-feira, 30 de março de 2009

Os desorientados jornais pensam seu futuro


Fiquei impressionado. Li no Comunique-se que em seminário nesta segunda, na Fundação Getúlio Vargas, os principais representantes da mídia corporativa tupiniquim estão perto de montar uma estratégia única para salvar seus negócios.

Para o o diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour:


Todos os jornais devem fechar o conteúdo gratuito e passar a cobrar. Senão, será a morte do jornalismo.



Já para o diretor de redação do O Globo, Rodolfo Fernandes:


Quero ver alguém convencer o meu filho a pagar por uma informação que ele foi acostumado a ter de graça.



Perfeito, falta só acertar alguns poucos pontos, estão quase chegando a um acordo.

Para Gandour, diria que na hora de todos fecharem suas notícias, cobrando por cada texto, os blogs vão comemorar. Basta ser assinante e comentar o que leu para garantir a audiência que os jornais perderão. Mais fácil e legal que copiar MP3. Para o Fernandes, diria que não entendo como pensando assim, O Globo ainda fecha seu conteúdo e não permite nem um corta e cola para mandar a notícia pela internet, onde o jornal iria fidelizar ou ganhar novos leitores.

Acho que ainda faltam muitos seminários para acertar as idéias. Ou uns 5 mil consultores para ensinar o óbvio...

sábado, 28 de março de 2009

A hora do planeta ainda vai chegar

Nosso blog não confia um dedo no World Wide Fund for Nature, entidade que organiza o movimento “A hora do planeta”, que apagou as luzes do nosso Cristo Redentor e de monumentos por várias cidades pelo mundo. A entidade é criticada por ambientalistas e organizações efetivamente envolvidas com ações pelo meio ambiente de ser uma grife, que deseja vender uma marca junto a grandes empresas para que possam passar uma boa imagem de estarem preocupados com o meio-ambiente.

Somos preocupados com soluções imediatas para o nosso planeta, a emissão de gás carbônico, a devastação de nossos recursos. Mas, estas questões não podem ser resolvidas sem a ação política. Os principais países responsáveis pelo atentado ao nosso meio ambiente são os que mais resistem a qualquer passo por uma solução. São os mesmos que patrocinam guerras e genocídios. Que desejam manter uma ordem econômica que destrói a humanidade e seu planeta.

Vejam a imagem abaixo:
As luzes representam exatamente onde está o maior consumo, não só de eletricidade, mas de todos os recursos disponíveis: metais, petróleo, gás, alimentos etc. E não são eles que o produzem.

Não entramos nessa marolinha, e também não confiamos nessa boa vontade de homens brancos com olhos azuis.

Imagens: www.ak3d.de e Nasa

Tosqueira pouca é bobagem

Caro leitor, um exercício. Em que blog tucano foram publicadas as frases abaixo?


No mapa de Lula, o capitalismo não chegou à África? De que cor são os banqueiros africanos?

E os banqueiros do mercado negro, como é que ficam?


Ingênuo, não é? Deve ser de um adolescente tucano, imberbe...

Coisa do Orkut, não parece?

Brincadeirinha racista no Twitter?

Dou-lhe uma...

Duas...

Três...

As frases estão em uma página inteira do jornal O Globo de hoje, sábado 28 de março de 2009, repleta da mesma verve pueril. Uma enorme foto de Lula com olhos azuis. Captaram a mensagem? Nossa, quanta criatividade! E pensar que cortaram centenas de árvores para tamanha bobice. E a crise tão alarmada, onde fica? A Miriam Leitão vai reclamar, é hora de austeridade.

E pensar que os barões da mídia em desespero contratam consultores para ajudarem a salvar seus negócios, ameaçados pelos blogs com seu “tosco” jornalismo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A Camargo Corrêa e sua estranha bicharada

A jornalista Eliane Catanhêde está indignada, faz coro com os que acham que a PF exagerou, que as gravações mostram que eram transações normais e legais, apenas doações de campanha. Diz ela hoje:


O que mais chama a atenção é um diretor dizer a outro numa gravação que pagou R$ 300 mil "a Agripino e partido". Ok. Agripino vem a público, diz que foi doação de campanha e que recebeu mesmo e apresenta o recibo. Mata a cobra e mostra o pau. Ou doação de campanha é crime?


Mas o interessante é que o próprio jornal da colunista relata estranhos diálogos para quem apenas trata de doações legais. Diz matéria de Mario Cesar Carvalho e
Lilian Christofoletti:


Segurança com as conversas é uma obsessão entre os diretores da Camargo Corrêa. Eles recorrem a telefones públicos, usam Skype (telefonia via internet), telefone criptografado (com códigos que impediria escutas), associado a "roaming" (fora da área original).

Os códigos usados para as remessas internacionais remetem a um zoológico. Em vez de citar nomes dos que vão receber as remessas, os executivos e doleiros falam em nomes de animais. Arruda Botelho pergunta, em setembro, ao suposto doleiro Kurt Paul Pickel: "Tá bom, e você recebeu o negócio do canguru?". Noutra conversa, falam de "Austrália" e "1.200 milhas" -possível referência a valores. Também são citados camelo, cachorro e vaca.

Kurt parece brincar com o código numa conversa com Pietro em que parece pedir dinheiro à empreiteira: "Professor, o canarinho aqui está precisando de alpiste".



Eliane, imagino que você tenha alguma informação privilegiada, quem seria a cobra que entrou no negócio do Agripino?

quinta-feira, 26 de março de 2009

PSDB, DEM na lama e o Globo mira... no Chávez

A chamada da primeira página do Globo de hoje, noticiando a ação da PF contra a construtora Camargo Corrêa, é um primor de desfaçatez. A operação que levou dez pessoas à prisão, envolvidas em lavagem de dinheiro e suspeita de desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas políticas, com a citação no inquérito de várias legendas de partidos de oposição, é noticiada sem citar nenhum. Ao final, sobre a refinaria Abreu de Lima, que teria em sua obra movimentado verbas superfaturadas, aparece Hugo Cháves. Como? Por ter financiado parte da obra. Não há nada no inquérito sobre ele. Nem na reportagem dentro do jornal.

Como o jornalismo fica a cada dia mais técnico. E como esses blogs são maldosos, mal feitos, toscos, querendo competir com o exemplar jornalismo corporativo.

Quem disse que a esquerda só se une na cadeia?

Não pode passar despercebida a decisão de vários partidos de esquerda, centrais sindicais e entidades populares na organização de atos de protesto no próximo dia 30, segunda, contra o pagamento da crise pelos trabalhadores. O movimento uniu partidos aliados ao governo, como PT e PCdoB, ao PSOL e PSTU, que fazem oposição. É momento histórico, raro, e deve ser comemorado, já que pode significar um ponto de virada nas lutas sindicais e populares futuras. Abaixo, o manifesto da convocação:

Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise

O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.

A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora - e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.

No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.

O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo "deus mercado". Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!

A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres, nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.

Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.

O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política imperialista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.

Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!


NÃO ÀS DEMISSÕES!

REDUÇÃO DOS JUROS!

REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!

REFORMA AGRÁRIA, JÁ!

POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!

EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS!

SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!

Organizadores:

ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB-FDIM, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM, UGT, UNE, UNEGRO/COMEN, VIA CAMPESINA


quarta-feira, 25 de março de 2009

Jovem desenha pênis no telhado e nos dá uma boa idéia

Rory McInnes, um adolescente britânico, desenhou um pênis de 18 metros no telhado de sua mansão, em West Berkshire, porque queria aparecer no Google Earth. É o que diz o The Guardian, replicado aqui no G1. Seu grande bilau ainda não apareceu no programa, como desejava, mas foi descoberto por seus pais, pela BBC e saiu na imprensa de todo o planeta. Melhor sorte tiveram estudantes de uma escola britânica. Sua alongada obra só foi descoberta quando a diretora foi olhar a instituição pelo satélite.

Sem a mesma fixação dos ingleses, achei a notícia pertinente para nos dar algumas idéias sobre o futuro da comunicação na internet, neste preocupante cenário onde o cartel da mídia, seus representantes parlamentares e juristas de aluguel desejam calar nossa voz. Está aí o projeto do tucano e impune mensaleiro Eduardo Azeredo para nos alertar.

Temos que ter um plano B, caso eles consigam nos censurar. Sugiro já pensarmos em táticas de guerrilha gráfica. O adolescente adorador de falos nos deu uma boa idéia. Sugiro exemplos de intervenções, visando o público planetário via Google Earth.

No Recife, achei no bairro de Macaxeira um interessante conjunto habitacional clamando por uma intervenção. Bastam alguns baldes de tinta branca.

Em Porto Alegre, ali no final do bairro de Alvorada, na Rua Tupi, construções que pedem mensagens. Como há naquela terra muito a ser dito, é quase uma obra aberta. Daria para fazer uma tese sobre a governadora, para ser lida do espaço.

No Rio, o trabalho gráfico é mais complexo, mas bem interessante. Envolveria a comunidade de São Bento, em Belford Roxo, com um toque vermelho.

Em Belo Horizonte acredito que faríamos o trabalho mais perfeito. Na verdade ele já está pronto. Basta pintar de branco os telhados destes prédios no bairro da Lagoa, perto da Praça da Paz Celestial. Uma obra minimalista. Sem nenhuma letra. Caso alguém ainda fique em dúvida do conceito, incluímos o local como ponto turístico no Google Earth, é fácil, e podemos dar o nome de “Carreiras do Aécio”.

Para Brasília, desejava algo dedicado ao Gilmar Mendes. Vi, olhei, pensei, pensei e cheguei à conclusão que nesse caso a obra já foi feita pelo jovem adolescente britânico.

terça-feira, 24 de março de 2009

O defensivo exército de Israel

A imagem ilustra o treinamento que é dado ao jovem soldado israelita. Um membro da IDF (Israel Defense Force), da unidade de snipers, exibe a camiseta que mandaram imprimir para comemorar o final do treinamento do seu grupo. Nela, uma palestina grávida vista da mira de sua arma. Abaixo, em inglês, o título: “Um tiro, duas mortes”. Antes que alguém acuse a imagem e a notícia de ser obra de campanha antissemita, saiba que ela está no principal jornal de Israel, o Haaretz, que descreve outros modelitos, de igual teor genocida. Em um, a mãe palestina chora ao lado do cadáver do filho. O título diz: “Melhor usar camisinha”.

Nada mais claro para entender que Israel planeja a limpeza étnica da Palestina, com seu ódio racista guiando suas ações terroristas. Se é que ainda havia alguma dúvida.

Li no ótimo blog Vendedor de Bananas.

segunda-feira, 23 de março de 2009

All that jazz

Acredito que o amigo leitor já sabe que o blog Amigos do Presidente Lula descobriu uma estranha relação entre o jornalista Ricardo Noblat e o Senado Federal. Igualmente estranha foi a pronta resposta do jornalista, espalhada em toda a internet, onde afirma ter pago R$135.600 ao Senado nos últimos 9 anos, por seu amor ao jazz.

Como as respostas do Noblat deixaram algumas perguntas no ar, imagino que como contribuinte eu tenha o direito de fazê-las:

1) Noblat alegou em setembro que não poderia mais continuar arcando com os custos do programa, o que alega justificar seu contrato com o Senado. O mesmo foi dito para a Rádio Educadora da Bahia, propriedade do Estado da Bahia, onde o programa também vai ao ar? Eles se beneficiarão com o patrocínio público via Senado?

2) Noblat disse que o Senado alegou não ser possível fazer um contrato direto com a produtora do programa, mas não explicou o motivo. Na página do Senado, onde constam vários pagamentos, inclusive a Ricardo José Delgado (Noblat), há vários pagamentos a empresas prestadoras de serviço. Se feito assim, alguns encargos tributários seriam eliminados, como o INSS.

3) Como ficou o projeto de Noblat de montar esta rádio em seu próprio blog? É o que li em nota de 11-7-2004:

Aliás, depois foi feita uma seleção de 600 músicas em um link de seu blog, chamada de Estação Jazz e Tal, há referência do próprio Noblat sobre seus propósitos, em 31-5-2006:

Se é possível existir uma rádio tocando jazz nas 24 horas de todos os dias, para todo o Brasil, por que temos que pagar por uma rádio, restrita a Brasília e Salvador, com apenas uma hora de programação semanal?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Prender banqueiro é crime, torturar doméstica não

Do site da Carta Capital, matéria de Leandro Fortes:

A máquina de moer reputações acionada dentro da Polícia Federal para punir o delegado Protógenes Queiroz tem funções seletivas. Desde a prisão do banqueiro Daniel Dantas, em julho de 2008, a cúpula da PF dedica-se integralmente a tentar indiciar criminalmente Queiroz, acusado de vazamentos e práticas ilegais durante a Operação Satiagraha. Mas nem todo mundo recebe o mesmo tratamento. A Corregedoria-Geral da PF, órgão responsável por investigar os crimes cometidos por policiais federais, arquivou, sem publicidade nem vazamentos, em 29 de janeiro, um processo de tortura supostamente praticada por ninguém menos que o delegado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da instituição.

Corrêa foi acusado de deter ilegalmente e torturar, à base de chutes, pauladas, socos e eletrochoques, a empregada doméstica Ivone da Cruz, em 21 de março de 2001, nas dependências da Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Ivone, então com 39 anos, trabalhava na casa de uma mulher identificada apenas como Ocacilda, também conhecida pelo apelido de “Vó Chininha”, avó da mulher do delegado, Rejane Bergonsi. Presente durante um assalto à casa da patroa, Ivone acabou apontada como suspeita de cumplicidade com os criminosos, embora nenhuma prova ou evidência tenha sido levantada contra ela até hoje. Corrêa era, então, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF em terras gaúchas.

Leia o resto no site da Carta Capital

Cheiro de golpe

E continua o trabalho da mídia em destruir a Satiagraha. Hoje, na Folha, “reportagem” de Alan Gripp diz que em depoimento à corregedoria da PF, na última segunda, o ex-diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, entrou em contradição. Ele afirmara antes que a participação da Abin foi eventual. Agora, diz que não sabia da atuação de espiões de SP e RJ na operação. E mais é dito sobre a tentativa de “descolar” sua imagem da de Protógenes.

Quer dizer, tratam um dos mais conceituados policiais brasileiros como um bandido. Jogam com palavras. Fazem suposições. Ele que mudou métodos e deu eficiência a PF no período de sua gestão, de 2003 a 2007. Que foi nomeado para a Abin devido aos seus resultados. Vejam o que dizem sobre ele dois conceituados jornalistas, no vídeo censurado por Gilmar Mendes. Vendo, entenderão que a reportagem da Folha quer dar voz ao “probo” Marcelo Itagiba:


"Mais do que nunca, ele deve ser indiciado", disse o presidente da CPI dos Grampos, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que defende que a comissão sugira indiciamento do delegado e do ex-número dois da Abin José Milton Campana, sob a acusação de falso testemunho.


É o golpe em curso. Querem colocar a faixa presidencial no crime organizado.

Gilmar Mendes: o grande ditador

É o seu dinheiro que sustenta o parlamento. É o seu dinheiro que sustenta o judiciário. Pois é seu dever protestar pela interferência de uma casa na outra, impedindo o direito que temos a informação. O ministro do STF, Gilmar Mendes, pediu que fosse retirado da grade e do site da TV Câmara um programa de entrevistas com dois experientes jornalistas. Foi atendido prontamente pelo presidente da Câmara, Michel Temer. Este é o modelo de democracia que o judiciário e o parlamento desejam? Onde está a moral para criticar países que não permitem a liberdade de expressão?

Veja no YouTube o programa que Gilmar não quer que o povo brasileiro assista.

Leia abaixo a carta de um dos entrevistados, Leandro Fortes. Fonte: Carta Capital.


Carta aberta aos jornalistas do Brasil

19/03/2009 20:54:59

Leandro Fortes

No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado Comitê de Imprensa, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e “aterradoras” revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do Comitê de Imprensa, sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa.

Nesta carta, contudo, falo somente por mim.

Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalistas, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico – de áudio nunca revelado – envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.

Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.

Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.

Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas), esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites. Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: “Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”. Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?

Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.

Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender.

Leandro Fortes
Jornalista

Brasília, 19 de março de 2009

quinta-feira, 19 de março de 2009

Brasil, o game

O indiciamento hoje do delegado Protógens Queiroz é página que marca o início da campanha eleitoral de 2010, provavelmente com desdobramentos para os próximos meses. Esqueçam tudo tentado até aqui contra o governo Lula, da criminosa campanha pela febre amarela à plástica da Dilma. FH, recentemente em artigo, deu a deixa: “falta um discurso à oposição”. Em suma, ela sabe o que quer, o poder, mas tem que convencer amplas massas de que há um leitmotiv para tal, tarefa difícil. Qual a saída? Melar o jogo. É esta tática suicida que será tentada, no desespero reinante nas hostes oposicionistas. Como? Contam com atores fundamentais do processo até aqui: a mídia é o principal.

Simples. Forçam a abertura da operação Satiagraha, suas gravações. Jogam tudo no ventilador e apostam que terão como fazer marolas ou até tsunamis do que divulgarem. O plano já começou hoje com a CPI dos Grampos na Câmara pedindo acesso às informações da Satiagraha, o que foi negado pelo juiz Fausto De Sanctis. Novas investidas serão tentadas, usarão de todos os artifícios.

O motivo de tanta sanha é que existem pontos a serem descortinados onde pode haver constrangimentos aos que apóiam o atual governo. Luis Nassif acusa à seu jeito a tática da oposição e o que será descoberto. Discordo um tanto, embora reconheça méritos no levantamento da cortina. O governo Lula foi montado no medo em garantir a governabilidade. Nunca em se locupletar, tal como até então era moeda padrão. Esquece Nassif da atuação de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de FHC, seu homem da mala. Ali, fortunas despontaram, outras foram ampliadas. Delúbio sempre foi um burocrata, que tinha a enorme tarefa de contabilizar o valor das alianças, nunca a de enriquecer à custa da política. Dirceu era o estrategista, os tribunais o podem acusar da compra de venais deputados, já rodados no processo, nunca que tenha se locupletado no negócio.

Se errado ou não, cabe agora o entendimento do que seria a república ideal. Mais ainda, do que está e esteve em jogo, ou de quem defende efetivamente a mudança. O jogo é pesado. Ganha quem melhor jogar. Daniel Dantas o sabe, grande player. Ofereceu propina a um delegado, flagrante delito, mas quem é indiciado é outro, que acreditava em cumprir o que aprendeu, que lugar de bandido é na cadeia. A mídia faz a festa. Até aqui ganha o melê.

terça-feira, 17 de março de 2009

O mentiroso FH

Fernando Henrique Cardoso deu entrevista na Rede TV ao repórter Kennedy Alencar. Quase ao final, perguntado sobre sua visão de três personagens no cenário brasileiro, deu as seguintes declarações:


Gilmar Mendes: corajoso.

Protógenes: amalucado.

Daniel Dantas: “não conheço bem, mas dizem que é brilhante.




FH não conhece Daniel Dantas??? Não é o que diz gravação da Operação Satiagraha, interceptada legalmente e publicada em 15 de junho de 2008 por Bob Fernandes no Terra Magazine. Nela, Daniel Dantas relata uma reunião com Fernando Henrique e dirigentes do Citibank, que resultou na montagem do fundo CVC, sociedade entre Dantas e o Citi. Nas palavras de Dantas, FH achou muito interessante a proposta e o encaminhou ao BNDES.

FH é um velho e notório mentiroso.

Leia o comentário do Nassif. Obrigado ao nosso leitor Dener.

domingo, 15 de março de 2009

O divertido capitalismo


Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, disse no início do mês que dar dinheiro a AIG o deixava muito zangado. Disse que a seguradora, uma das maiores do mundo, operou como um fundo de hedge, não havia fiscalização em sua divisão de produtos financeiros e sua incompetência a levou ao chão. Foram US$ 30 bi de Obama, Bush já havia dado mais de US$ 100 bi. Gostaria de entender como está seu humor hoje com a notícia de que a AIG vai distribuir o bônus para sua inteligente divisão financeira, de US$ 450 milhões.

O capitalismo é divertidíssimo para as grandes corporações. Se você for um grande executivo, faça qualquer coisa, leve a empresa à lona, mesmo assim vai ser premiado. Fique tranqüilo que vão tirar o dinheiro de algum mané para te salvar. Tal como a Miriam Leitão sempre defendeu. Estado é para salvar os ricos. Os pobres pagam a conta.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O diálogo das drogas

O Globo gastou ontem uma página inteira com o encontro em Viena da Comissão de Narcóticos da ONU. O relatório e as declarações de seus representantes admitem o fracasso do que foi até agora tentado para o combate às drogas. Segundo eles, os cartéis se modernizaram e estão ainda mais ricos do que há dez anos. O jornal usou uma enormidade de letras para descrever as ações e as modalidades existentes no mundo sobre combate ao tráfico e recuperação de viciados. Dava para resumir em 5 linhas, mas era tanto espaço que o editor não resistiu em contribuir com um agrado à sanha panfletária de seus chefes. No meio do texto, ligando nada a coisa alguma, a seguinte frase:



Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, mascou folha de coca e pediu que a ONU retire a planta da lista de drogas ilícitas nos convênios internacionais.


Justificou a foto da página, Evo segurando uma folhinha. Assim, sem dizer, deixa no ar para o leitor desavisado a impressão de que o governo da Bolívia é um dos entraves ao combate do narcotráfico.

Só na metade do texto entendemos o motivo de tanto esbanjamento de papel e tinta, roubando espaço aos “horrores” da crise. Em Viena também trabalhou a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia, aquela do Fernando Henrique Cardoso. Nos 17 nomes da comissão, a presença de João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo.

Se o Globo pode entrar no campo da ficção, inventando uma boba provocação ao Evo, este modesto blog pode também imaginar o diálogo no jatinho entre FH e João Roberto, na volta de Viena:


- FH, estive com tempo nos últimos dias e resolvi estudar melhor o problema das drogas.

- Como assim, João? Eu já te expliquei tudo.

- Sei, sei, mas é que ainda não estava me sentindo preparado, podiam me perguntar alguma coisa...

- Quem vai te perguntar? Fica tranquilo. E o que você está lendo?

- Comprei uns livros. Fiquei ainda mais curioso e pesquisei na internet...

- Cuidado! Não há a menor credibilidade nessa coisa. É terreno do inimigo, nossa grande batalha em breve, vamos acabar com esse lixo...

- Sei sei, mas tem muita coisa que faz sentido...

- Por exemplo?

- Governos, que agora dizem combater as drogas, foram responsáveis pela criação do consumo e do tráfico. Fiquei pensando nisso quando jantávamos com o embaixador inglês em Viena. Que hipocrisia! Lá no início do século XIX, a Inglaterra não tinha o que oferecer aos chineses para trocar por porcelana, seda e chá. Descobriram que ópio bombaria, é fácil “fidelizar” os clientes. Mercado aberto, altíssimo potencial. Criaram uma rota da índia para a China, maior sucesso, até os chineses perceberem o logro. O pau comeu em duas guerras com os ingleses.

- João, isso faz tempo...

- Mas não parou, FH. Em livro de um tal de Alfred W. McCoy, li que de 1945 a 1951 a CIA operou para tirar os sindicatos de Marselha da mão do Partido Comunista, os entregando para a máfia corsa. Bastou terem o controle das docas para Marselha se tornar à época a capital mundial da heroína.

- Mas os comunistas teriam feito estrago pior...

- Em outro livro, de Christopher Robbins, a mesma CIA, no início dos anos 50, organizava o Exército Nacionalista Chinês para combater os comunistas. Este exército se tornou o barão do ópio no Triângulo Dourado (Birmânia, Tailândia e Laos), a maior fonte de ópio e heroína do mundo. Na ajuda, aviões da Air América, companhia aérea da CIA, levavam as drogas...

- Mas eram os comunistas, sempre eles...

- Mas não só. O Nugan Hand Bank, de Sydney, era um banco da CIA. Todos o seu “bord” era de generais, almirantes e burocratas da CIA, incluindo William Colby, seu advogado. Li no livro de Jonathan Kwitny que a grande especialidade do banco era financiar o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e os negócios internacionais de armas...

- Isso tem o maior cheiro de teoria da conspiração...

- E o caso do Manuel Noriega, algo bem conhecido. Ele foi muito bem pago pela CIA, apesar dos americanos saberem desde 1971 que o general estava pesadamente envolvido no tráfico e lavagem de dinheiro. E cúmulo do fingimento: autoridades dos EUA, incluindo o então diretor da CIA William Webster e vários responsáveis do DEA, enviaram a Noriega cartas de agradecimento pelos esforços para impedir o tráfico de drogas. Claro, ele e os EUA se ajudaram para acabar com a competição ao Cartel de Medellin. O governo dos EUA só se voltou contra Noriega, invadindo o Panamá em dezembro de 1989 e sequestrando o general, depois de descobrir que ele também fornecia informações e serviços aos cubanos e sandinistas. Ironicamente, o tráfico de drogas através do Panamá aumentou após a invasão dos EUA. Está em outro livro, Our Man in Panama, de John Dinges.

- Geopolítica, João. Já falamos sobre...

- E o caso Irâ-contras? Os EUA vendiam na surdina armas ao governo do Aiatolá Komeini e traficavam drogas para financiar os contra revolucionários na Nicarágua. O San Jose Mercury News fez um série de artigos, ta lá no resultado do comitê Kerry, de 1989.

- Deixa pra lá, esse jornal está morto...

- A CIA criou a Al Quaeda na década de 80 no Afeganistão. Os caras faziam tráfico de drogas enquanto combatiam o governo apoiado pelos soviéticos. O principal cliente da agência era Gulbuddin Hekmatyar, um dos principais senhores da droga e o principal refinador de heroína. A CIA forneceu caminhões e mulas para levar armas e trazer ópio para laboratórios ao longo da fronteira afegã-paquistanesa, onde era transformado em heroína. A produção abastecia a metade da heroína usada anualmente nos Estados Unidos e três quartos daquela usada na Europa Ocidental. Depois, em 2001, vencendo os talibãs, o Afeganistão voltou a produzir heroína, só que agora ele é responsável por 80% do consumo mundial.

- João, você anda lendo muito. Vamos mudar de assunto. Ontem, como sempre de madrugada, o Serra teve uma ótima idéia. Já contei para o Tasso. É o seguinte...

quinta-feira, 12 de março de 2009

A Folha errou. Sugiro a correção

Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S. Paulo, no dia 8 de março último, reiterou o que seu jornal havia dito sobre os professores Comparato e Benevides. Disse ele: “Para se arvorar em tutores do comportamento democrático alheio, falta a esses democratas de fachada mostrar que repudiam, com o mesmo furor inquisitorial, os métodos das ditaduras de esquerda com as quais simpatizam."

Pois não é verdade. Cássio Schubsky, atento leitor do blog de Rodrigo Vianna, achou nos arquivos da Folha uma carta publicada do professor Fábio Comparato com críticas a falta de democracia em Cuba, o que desmente as afirmações. A constatação de que jornalistas e seu próprio diretor de redação não lêem o jornal que fazem é grave. Demonstra claramente que não acreditam em seu produto. É fundamental uma correção, entre tantas que o jornal é obrigado a fazer, motivo de nossa permanente diversão. Sugiro o texto:


Diferente do que foi publicado no dia 8, último, com o título “Folha avalia que errou, mas reitera críticas”, nosso diretor de redação errou ao dizer que o professor Fábio Comparato nunca criticou o regime cubano. Ele o fez, em carta publicada nesta Folha, em 1 de junho de 2004. Mas consultado, nosso diretor reitera o que disse sobre a professora Benevides. Ele acha, desconfia, imagina, que ela nunca tenha criticado uma ditadura de esquerda. Para evitar novo mico, colocamos uma equipe de estagiários para a tarefa de ler os arquivos do jornal e confirmar tal palpite, já que nossa equipe principal está envolvida na labuta em assuntos mais pertinentes ao país, como o de denegrir os movimentos sociais, o atual governo, para elegermos nosso grande patrono, José Serra.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A ideologia do exílio

Confesso um sentimento esquisito, adoro o debate com a direita. Já até perdi a paciência com alguns provocadores que apareceram por aqui, mas até hoje nunca censurei uma única mensagem, que sempre tiveram resposta. Acho estimulante a disputa ideológica. Por isso gostei da visita do La Guardia, postador no blog do Briguilino, com quem já debati algumas vezes. Apesar de nossas enormes diferenças, o acho uma pessoa séria, inclusive por ser diferente de outros, ele realmente acredita no que escreve. Aqui tenta argumentar contra meu post anterior, lançando sua crítica a Cuba. Vamos a seu comentário na íntegra:


Em Cuba só existem hoje duas classes sociais. Os miseráveis, o povo que há 50 anos compra com cartôes de racionamento, e a classe dominante de Fidel e seus aólitos que compram em lojas especiais para eles onde não existem cotas de racionamento.

Qual o percentual da população cubana vive no exílio?

Qual o percentual da população egípsia vive no exilio?

Qual o persentual da população suadita vive no exílio?

Qual o percentual da população paquistanesa vive no exílio?

Nenhum esquerdista de carteirinha tem coragem de responder.




Resposta:

Há motivos para alguns cubanos desejarem migrar para os EUA. O principal deles é a atuação da Fundação Cubano-Americana, a FNCA, cria do governo americano, seu braço de inteligência, que a sustenta até hoje com polpudas verbas para atuar na desestabilização do governo cubano. Durante longos anos, a fundação dava auxílio ao cubano que chegasse ao solo americano. Ganhavam cidadania imediata, auxílio moradia, custeio de despesas e emprego, principalmente na máfia cubana. O sujeito poderia até optar por ser lavador de pratos em Ohio, limpador de latrinas no Texas, para comprar seu tênis de marca, seus eletrônicos. Uma troca muito inteligente. Em Cuba tinha saúde de graça e de qualidade exemplar, estudos, cultura e comida garantida. Nos EUA, um carro velho na porta, mas se tivesse uma dor de dente teria que o vender. Se quebrasse a perna na rua, teria que se endividar para o resto da vida para pagar a ambulância e o atendimento. O sistema de saúde americano pode ser comparado ao cubano? Tente.

Não há nada assemelhado a FNCA criado para egípcios, paquistaneses ou sauditas. Mesmo assim, alguns lá estão. Pegue um táxi em Nova Iorque. Talvez você deseje me provar que a vida nas inúmeras favelas no Paquistão é melhor do que a dos cubanos. Tente. Ou que a ameaça de ser atirado sem julgamento em uma prisão egípcia, ou de ser decapitado em praça pública em Riade. não constitua motivo para aqueles povos desejarem fugir para lavar pratos em Boston. Tente. Muitos de lá não saem principalmente por que a miséria reinante impede que se movam até para outra cidade. E chegando nos EUA são revistados, inquiridos, chutados de volta, perigando irem parar em Guantanamo.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Respostas para o teste do ditadômetro

O leitor Alberto acertou e ganhou uma camisa, primeira promoção deste blog. Vamos às respostas do teste e alguns comentários:

Todas as definições são resumos do Informe 2008 da Anistia Internacional, que analisa anualmente a questão dos direitos humanos em quase todo o planeta. Seguem as respostas com seus links:

a) Paquistão
b) Arábia Saudita
c) Egito
d) EUA
e) Cuba (em inglês)

Sim, Cuba é uma ditadura, nunca seu governo disse que seria diferente. O socialismo existe com a tomada do poder pela maioria, o proletariado, que exerce um justo domínio para a transformação do país em uma sociedade sem classes, onde só assim pode existir a verdadeira democracia. Não foi invenção de cubanos. Um alemão cabeçudo, no fim do século XIX, estudou à fundo o que de mais avançado existia sobre o pensamento humano e abriu a cortina da história. Disse que até então a trajetória humana era marcada pela exploração do homem pelo homem, que a democracia existente era uma ditadura de sua classe dominante, a burguesia, e que sua derrota era tarefa dos que eram explorados ao vender sua força de trabalho, uma mera mercadoria. Estaria ele enganado? Vamos analisar o que diz a Anistia Internacional.

Os EUA, exemplo de democracia para muitos, tem um sistema de representação que é um jogo de cartas marcadas. Seu governo é dominado apenas pelos interesses de grandes corporações e do capital financeiro. Para manter os recursos necessários ao funcionamento de sua economia, escolhem exercer o domínio sobre outras nações, fabricando tensão, guerras e prendendo opositores ao seu poder. Valem-se de torturas e prisões ilegais, à margem da lei, sem julgamento. Uma tirania que já entrou para a história como uma das mais perversas.

Paquistão, Arábia Saudita e Egito são exemplos de terrorismo de estado. Todos são governos apoiados entusiasticamente pelos EUA. Matam, torturam indiscriminadamente. Os relatos são tristes e abundantes.

Em resposta nas cartas dos leitores, a Folha de S. Paulo disse que os professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides, que repudiaram editorial que chamava a ditadura brasileira de “ditabranda”, tinham uma indignação “cínica e mentirosa”, já que nunca repudiaram “ditaduras de esquerda, como aquele ainda vigente em Cuba”.

Digo eu: a Folha de S. Paulo é cínica e mentirosa ao permanentemente desqualificar governos populares, onde o proletariado tenta novas formas de organização, como em Cuba e na Venezuela, sem nunca ter feito um editorial para condenar as atrocidades que são cometidas no Paquistão, na Arábia Saudita e no Egito.

Obrigado ao Alberto pela participação. E também ao Gilberto Tedeia, que quase acertou. Os dois ganharam uma camisa do Salgueiro. Para o envio, mandem seus endereços para meu email: jurandirpaulo arroba gmail ponto com.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Testando o ditadômetro

Ainda sob efeitos da ressaca do carnaval, vamos retomar nossas atividades. Não podemos ficar de fora deste momento de afirmação dos blogs políticos. A mídia em papel sujo acusa o golpe. A Veja gastou bons quilos de seu precioso insumo para que seu pernóstico colunista destilasse suas bravatas fascistas contra um blog, o de Altamiro Borges. A Folha tentou remendar suas opiniões, depois da repercussão da “ditabranda” e de sua fanfarrice à direita ao criticar dois respeitáveis acadêmicos por não condenarem Cuba como ditadura. O momento é esse, e dia 7, sábado, na porta da Folha estaremos. E viva a mídia do povo!

Para contribuir, um teste. Quem acertar ganha uma camisa suada do Salgueiro. Nos textos abaixo, de uma mesma fonte insuspeita, descubra a quais ditaduras atuais eles descrevem a situação em 2007:

a) Milhares de advogados, de jornalistas, de militantes de partidos políticos e de ativistas de direitos humanos foram detidos arbitrariamente. A independência do Judiciário foi coibida. Algumas vítimas de desaparecimentos forçados reapareceram, mas centenas ainda continuam desaparecidas. Ao menos 310 pessoas foram condenadas à morte e pelo menos 135 foram executadas.

b) A situação dos direitos humanos continuou tenebrosa, apesar de reformas legais terem sido anunciadas e de ter havido um contínuo debate público sobre os direitos das mulheres. Centenas de pessoas suspeitas de terrorismo foram detidas e presas praticamente em segredo, e milhares de pessoas detidas nos anos anteriores continuaram presas. Os detidos incluem prisioneiros de consciência e dentre estes, defensores pacíficos de reforma política. A tortura e outros maus-tratos impostos aos detentos foram comuns, e prisioneiros foram sentenciados a açoitamentos e a amputações. Ao menos 158 pessoas foram executadas, inclusive um menor infrator.

c) As recentes emendas constitucionais consolidaram os vastos poderes da polícia e abrigaram de forma permanente sob a lei os poderes de emergência que vêm sendo usados sistematicamente para violar direitos humanos. Incluem-se entre essas a detenção prolongada sem acusação, a tortura, e restrições à liberdade de expressão, associação e reunião e julgamentos. Cerca de 18 mil detentos permaneceram na prisão em condições desumanas e degradantes. Algumas pessoas foram mantidas presas por mais de uma década; muitas, inclusive, cujas ordens de soltura foram determinadas várias vezes pelos tribunais. Ativistas políticos, jornalistas e internautas que mantinham blogs na Internet foram presos por expressarem pacificamente suas opiniões..

d) As autoridades continuaram a deter centenas de cidadãos em prisões secretas por motivos políticos. Os prisioneiros permaneceram detidos indefinidamente, a grande maioria sem acusação e, efetivamente, sem poder recorrer à justiça para contestar a legalidade de sua detenção. Há relatos documentados de torturas e maus-tratos a detentos. O governo destruiu fitas de vídeo que continham interrogatórios dos detentos. Durante o ano de 2007, ocorreram 42 execuções em seu sistema penitenciário.

e) As restrições à liberdade de expressão, de associação e de manifestação continuam severas. Ao menos 62 prisioneiros políticos continuam na cadeia, enquanto jornalistas independentes e ativistas de direitos humanos são ameaçados, intimidados e detidos. De qualquer forma, quatro prisioneiros foram libertados em 2007 e o governo decidiu discutir e assinar tratados sobre direitos humanos com outros governos.

Mandem as respostas e ganhem uma camisa. Se mais de um vencedor, eu mando uma outra, rasgada, da minha mulher. Se mais, eu penso depois em uma prenda. Acho que tenho algumas faixas vermelhas e brancas sobrando.