domingo, 6 de dezembro de 2009

Meeeenngoooooo é Hexa!

Para comemorar o Hexa, a ótima versão do hino do Flamengo em inglês, de Lê Andrade. Vamos precisar da língua de Shakespeare para a campanha no campeonato mundial:



O Lê Andrade é brasileiro, por mais incrível que possa parecer. Trata-se de uma grande performance. O arranjo ficou ótimo.

E para ler, um ótimo texto sobre este grande vitorioso, Jorge Luís Andrade da Silva, o Andrade.

Em concentração

Amigos, uma pausa para evento de grande importância. Se o emissário da Folha aparecer com a intimação neste domingo, terá que me encontrar no meio dos meus amigos. Vejam o vídeo para entender onde estarei com eles:

sábado, 5 de dezembro de 2009

Para cada um nascem dois

Estes são os banners que a Folha de S.Paulo quer censurar:





Pois temos outros, são apenas o começo de uma série. Faremos mais.









Podem escolher também mais este, do Cloaca News:



Ou mais este, do Levy, do Brasil 21:

Somos todos Antonio Arles. Fora Folha!

O jornal Folha de S.Paulo intimidou nesta sexta-feira o blogueiro Antonio Arles com uma notificação extra-judicial. Alega o documento que o blogueiro “denegriu” a marca da empresa ao publicar banners que pedem o cancelamento de assinaturas do jornal e de seu portal na internet.

Nosso blog manifesta repúdio a tal atitude de censura à livre manifestação do pensamento, garantida na lei máxima de nosso país, e topa todos os desafios para fazer valer o direito maior do povo brasileiro. É o próprio jornal que macula sua marca ao ferir constantemente o jornalismo, manipulando a informação com propósitos escusos, tal como recentemente ao falsificar uma ficha policial da ministra Dilma Roussef, ou a dar espaço privilegiado a uma intriga contra o presidente da república.

A marca da Folha já foi para o esgoto, como aqui já desenhamos nossa opinião:


E estamos prontos a brigar pelo nosso direito de assim manifestarmos em opinião. Desafiamos a empresa a nos intimidar.

Todos neste sábado, às 10h, na porta do jornal, para protestarmos contra mais um ato de vandalismo contra os interesses da informação do povo brasileiro.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sobre monopólios


Há meio século, quando Marx escreveu O Capital, a livre concorrência era, para a maior parte dos economistas, uma «lei natural». A ciência oficial procurou aniquilar, por meio da conspiração do silêncio, a obra de Marx, que tinha demonstrado, com uma análise teórica e histórica do capitalismo, que a livre concorrência gera a concentração da produção, e que a referida concentração, num certo grau do seu desenvolvimento, conduz ao monopólio. Agora o monopólio é um facto. Os economistas publicam montanhas de livros em que descrevem as diferentes manifestações do monopólio e continuam a declarar em coro que o marxismo foi refutado. Mas os factos são teimosos - como afirma o provérbio inglês - e de bom ou mau grado há que tê-los em conta. Os factos demonstram que as diferenças entre os diversos países capitalistas, por exemplo no que se refere ao proteccionismo ou ao livre câmbio, trazem consigo apenas diferenças não essenciais quanto à forma dos monopólios ou ao momento do seu aparecimento, mas que o aparecimento do monopólio devido à concentração da produção é uma lei geral e fundamental da presente fase de desenvolvimento do capitalismo.

(...)

Traduzido em linguagem comum, isto significa: o desenvolvimento do capitalismo chegou a um ponto tal que, ainda que a produção mercantil continue «reinando» como antes, e seja considerada a base de toda a economia, na realidade encontra-se já minada e os lucros principais vão parar aos «génios» das maquinações financeiras. Estas maquinações e estas trapaças têm a sua base na socialização da produção, mas o imenso progresso da humanidade, que chegou a essa socialização, beneficia ... os especuladores.

(Vladimir Ilitch Lenine, Trechos do capítulo I de “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, junho 1916. Tradução de Tiago Sabóia para o Arquivo Marxista na Internet)



Imagem do Tijolaço de Brizola Neto

Os “éticos”, as contas e a transparência


Duas velhas notícias para reflexão:

Folha Online
16 de fevereiro de 2009

Levantamento realizado pela ONG (organização não-governamental) Transparência Brasil mostra que 85 parlamentares que disputaram as eleições de 2008 mentiram à Justiça Eleitoral sobre a declaração de bens. Segundo o estudo, eles doaram às suas campanhas eleitorais mais do que declararam ter.



Agencia Estado
16 de março de 2009

SÃO PAULO - Despesas sigilosas com cartões corporativos da Presidência da República somaram R$ 2,1 milhões em janeiro, o equivalente a 42% de todos os recursos desembolsados pelo órgão durante o ano passado inteiro (R$ 4,9 milhões), mostra levantamento feito pelo site Contas Abertas, com informações da Controladoria-Geral da União (CGU). A relação é ainda mais alarmante quando se constata que os gastos sigilosos cresceram 116% na comparação de janeiro com todo o primeiro trimestre do ano passado (R$ 971,5 mil).


Durante um bom tempo, os principais jornais do país usaram informações da ONG Transparência Brasil e do site Contas Abertas para notícias deste tipo. Como ficará agora quando um dos fundadores do Transparência Brasil, Fernando Antunes, e um dos fundadores do Contas Abertas, Augusto Carvalho, são acusados de receberem propinas de empresários na Secretaria de Saúde do DF? Antunes é subsecretário de Saúde e presidente do PPS-DF, Carvalho é o secretário e também dirigente do PPS em Brasília.

O empresário José Celso Gontijo, dono da empresa Call Tecnologia, que prestava serviços à Secretaria de Saúde do DF, aparece em vídeo pagando parte dos R$ 60 mil mensais à dupla. Em outra gravação, a empresária Nerci Bussamra, diretora da Uni Repro Serviços Tecnológicos Ltda, também prestadora de serviços à Secretaria, aparece com uma caixa de sapatos com maços de notas de R$ 100. Afirma que Fernando Antunes achacou a empresa por meio de uma auditoria nos contratos e pediu dinheiro para ser enviado a São Paulo para ajudar o presidente do PPS, o ex-deputado Roberto Freire.

Ao que parece, as contas do PPS eram mais do que abertas às “colaborações”. Um diálogo entre Durval Barbosa e José Roberto Arruda, no inquérito, mostra o tamanho do apetite da legenda da “ética”: “Você tem de pegar o Antunes e dar uma freada”, afirma Barbosa. “Também acho”, responde o governador. “O Augusto e o Antunes tomaram muito dinheiro dela [a empresária Nerci]”, conclui Barbosa, com máxima transparência.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lula esta certo, Constituinte neles!


A venalidade da mídia em tentar a todo custo desqualificar o governo Lula tem fabricado momentos patéticos. As declarações recentes do presidente sobre a roubalheira do DEM, cobradas insistentemente por repórteres, foram transformadas maldosamente para criar uma intriga. Estupidez patente, não resistiu aos primeiros contrapontos na web, com vídeo e transcrição para provar claramente o que de verdade foi dito e pensado por Lula.

Na insistência, no dia seguinte, mais intriga peçonhenta: o presidente teria “recuado”. Não, não recuou um centímetro. E disse mais, sem a atenção imediata da mídia: Lula defende uma Constituinte para fazer a reforma política. Aí está um conteúdo interessante, polêmico, mas a mídia correu da raia. Certamente foi consultar suas instâncias superiores para se posicionar em nova batalha. O baronato será contra, é claro, mas ainda não sabe como brigar.

A proposta é interessante e derruba os argumentos que estão sendo usados pela oposição e o cartel midiático, que apontam a responsabilidade de não se avançar em mudanças nas regras eleitorais exclusivamente à base aliada. Mentira repetida exaustivamente para evitar a polêmica. Nada avançou pelo reacionarismo das elites conservadoras, seus representantes e sua mídia venal. Não querem outras regras. Não querem perder seus esquemas. Não querem modernizar relações. Querem a certeza do velho jogo político, onde o parlamento é esse enorme balcão de negócios, regado a muitos panetones.

Foi a oposição e a mídia que transformou a atividade parlamentar recente em mero palanque para o enfrentamento nas próximas eleições. Querem recuperar todos os seus cargos perdidos, refazer suas seculares sinecuras. É o atraso que deseja mandar no futuro. Uma Constituinte poderá atrapalhar seus planos. Serão ferrenhos opositores da idéia.

Devemos lutar por ela. A Constituinte de 1988 tinha uma enorme tarefa, foi feita em tempo recorde. A democracia se consolidou. O Brasil mudou. Mais que isto, deseja mudar. Agora devemos avançar ainda mais.

Constituinte neles!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tubarões do petróleo contam com Serra e o STF


É o que diz com todas as letras o presidente do Eurásia Group, empresa multinacional especializada em abocanhar o petróleo dos outros. Acabo de ler estarrecido no blog do Gadelha. Um exemplo claríssimo do jogo de interesses que envolvem as próximas eleições. Leiam e fiquem preocupados:

É impressionante a leitura, no site da Foreign Policy, do artigo “Brazil moves aggressively toward resource nationalism”, de Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group de Nova York, de consultoria sobre risco global (algo assim). O artigo ataca com todas as letras o novo marco regulatório para a exploração e produção do Pré-sal, baseado no modelo de partilha, proposto pelo Governo Lula. Para Ian Bremmer, Lula está deixando de ser, aos olhos dos grandes grupos petrolíferos internacionais, uma alternativa política simpática, graças ao aprofundamento do controle do estado sobre o setor de energia. Em outras palavras, estão de olho no Pré-sal e não se conformam com o modelo de partilha. O artigo lamenta que, devido à alta popularidade de Lula, ninguém tenha coragem de se opor a ele, principalmente em ano eleitoral. “As multinacionais do petróleo estão cautelosas (...) e até mesmo José Serra, nome mais forte da oposição para a sucessão presidencial, prefere manter reservas sobre o assunto”. Ian Bremmer conclui o artigo com esse raciocínio magistral: “Se Serra ganhar, ele provavelmente reverterá a legislação. Mas seria um processo longo. Se Dilma vencer, a única esperança das multinacionais do petróleo será uma eventual vitória na Corte (referência ao STF, claro) sobre a constitucionalidade da reforma”. Inacreditável, vocês não acham. Fica evidente que as multinacionais do petróleo contam como aliados (contra os interesses nacionais) com Serra e o STF!!! Como talvez dissesse a coluna do Ancelmo, “Meu Deus!”

Haja fedentina


A Folha desceu pelo esgoto mais pútrido. A repercussão que pretendia ficou restrita aos recantos malcheirosos, onde permanentemente exalam os odores mais pestilentos. Fiquei com uma sensação de déjà vu, lembrando alguns dos momentos mais horrendos da ditadura, quando jovens torturados iam a TV falar de seus arrependimentos. Não fui o único com tal associação. César Benjamim não é tão jovem, e se assim reagiu agora foi tardiamente. Seu artigo é de uma inequívoca construção para criar um fato político, a favor de seus antigos inimigos de classe. A Folha o sabia, esperava por ele. Baixaram todos pela cloaca, em um dos piores momentos do jornalismo.


Apesar de todo o esforço midiático para transformar a corrupção no governo Arruda em algo conhecido − falam em caixa 2, mensalão −, o que se vê é a mais explícita roubalheira, como nunca antes vista, em imagem, som e movimento. O tal Durval Barbosa filmou o suficiente para mais de um longa metragem de patifarias. Os momentos são os mais variados e estarrecedores, mas o vídeo divulgado hoje com a “oração da propina” ganha qualquer concurso de documentarista. Que gente é essa?



E Arruda hoje falou grosso com o DEM. Ameaçou que se radicalizarem vai radicalizar também. Recado dado com efeito imediato: a bancada demo recuou e já se dividiu. Voltarão a conversar amanhã. Parece que se abrir a Caixa de Pandora não vai sobrar ninguém.


Piada pronta não tem graça. Mas essa história de panetones pode explicar a forma física de alguns políticos.


E aliás, pensando na proporção do escândalo, vale lembrar da “gentileza” do deputado Vic Pires Franco do DEM em patrocinar uma tapiocada na CPI dos Cartões Corporativos. Foi festa para as fotos. Quando haverá um novo festival gastronômico?


E com tanto mau cheiro, a mídia “esqueceu” de lembrar que o novo escândalo no Detran em São Paulo é de mais um governo tucano, há 16 anos dando seu “choque de gestão”.


São muito duras as pedras no caminho de Serra. Apesar de seu esforço de campanha para reverter o quadro de declínio nas pesquisas, com mais uma viagem ao Nordeste, suas várias horas em entrevistas em programas populares de TV, a ladeira ficou mais íngreme e ensaboada. Arruda seria seu candidato à vice em um dos cenários mais prováveis. Aposto que o vampiro continuará assustando as criancinhas até quando puder, mas já jogou a toalha.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A malcheirosa criatividade de nossos publicitários


Achei uma grande grosseria a propaganda do papel higiênico Neve. Estou obrando para quem achar que é falta de humor com a “brincadeirinha” criada pela agência DPZ. Há limites éticos que deveriam ser respeitados. Foi de muito mau gosto com a ministra. Já fez a festa em alguns cantões do esgoto pela internet. Amanhã os jornais fedorentos exalarão sua malícia para divulgar a “criatividade” de nossos publicitários.

E o mais contraditório é que a empresa multinacional Kimberly-Clark tem um código de conduta que afirma com rigor seus compromissos éticos, como bem lembrou o blog do Brizola Neto. Diz Thomas J. Falk, CEO da empresa, na apresentação:

"A boa reputação é um bem valioso. No mundo conectado no qual trabalhamos hoje em dia, as ações de uma companhia – e as ações de seus colaboradores – são muito mais expostas do que em qualquer outro período da história. Mais do que nunca somos responsáveis por nossas ações.”


Mas parece que a empresa já andou desrespeitando seu código de conduta anteriormente, com reação. E convenhamos, se é para falar sobre papel higiênico, o José Serra tem uma experiência muito mais notória com o produto.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pobres comprando? Que absurdo, diz o Globo


O jornal O Globo parece querer fazer humor, só pode. No ano passado, colocou seus analistas para desenharem um monstro sobre a crise. Disseram que o governo Lula não estava preparado para enfrentá-la. Sugeriram uma forte pisada no freio da economia. Sorte que poucos empresários acreditaram. Agora, explode o consumo e reclamam do Lula por baixar impostos. Querem o aumento de juros para controlar o desabastecimento. A manchete de hoje entrará para a história da farsa jornalística: “Lula estimula mais consumo e produtos começam a faltar”. Sim, faltam condicionadores de ar, picolés, cocas-zero e a culpa não é do calor, mas do Lula.

Logo logo vai aparecer um editorial do Globo para versar sobre os novos tempos bolcheviques, onde os “homens de bem” precisam se misturar ao povo para comprar seus eletrodomésticos. Será que a Daslu já vende condicionador de ar? Sugerindo pauta para o professor Hariovaldo Almeida Prado, segue um vídeo onde podemos aprender a fazer um condicionador de ar, já que o governo stalinista de Lula patrocina a escassez de produtos com sua política econômica de inspiração cubana:



Só um detalhe: no final da reportagem do Globo, em seu último parágrafo, uma visão diferente de analistas. Lógico que não mereceu atenção e não motivou outra manchete:

Para alguns economistas, um paradigma está sendo quebrado no Brasil. Ao estimular o consumo o governo provoca o espírito empreendedor e criam-se condições favoráveis para que o investimento se realize, com crescimento sustentável.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

EUA: 100 anos de farsas contra Zelayas


Não há mais dúvidas, se é que em algum momento existissem motivos para tal: os EUA alinham-se aos golpistas de Honduras com seu respaldo às eleições fajutas do próximo dia 29. É apenas mais um capítulo de sua longa história de intervenções na América Latina. E contra o nome Zelaya, é apenas uma repetição do mesmo teatro.

Há 100 anos, em 18 de novembro de 1909, navios americanos cercaram a costa caribenha para depor o presidente da Nicarágua, José Carlos Zelaya. A desculpa alegada foi a prisão e execução de dois mercenários americanos que atuavam em ações terroristas para desestabilizar o governo. A mídia americana fez seu papel, demonizando o ditador nicaragüense a apoiando seus fuzileiros.

Não disse, claro, que o incômodo americano era com as pretensões de Zelaya em transformar o Caribe em um Estados Unidos da América Central. Contra os interesses americanos, planejava concorrer com um novo canal ligando o Pacífico ao Caribe, via o Lago Manágua, e para isto negociava com Alemanha e Japão.

Zelaya exilou-se no México e morreu em Nova York dez anos depois. Os EUA dominaram militarmente a Nicarágua até 1933, em uma ditadura repressiva que nada lembra a tal democracia que os EUA dizem representar.

A queda


Tudo está caindo na vida de José Serra. Viaduto, índices de pesquisa eleitoral, até sino na Praça da Sé. Imagina-se, pois, que em recente e prazerosa viagem algo mais tenha caído. Ou, não subido.

sábado, 21 de novembro de 2009

Lula, não entregue Battisti a este homem


Trata-se de Ignazio La Russa, ministro da defesa italiano, um quadro da mais tacanha extrema-direita, do mesmo partido e braço-direito, bota direito nisso, de Berlusconi. Começou sua trajetória no Movimento Social Italiano, um partido fundado em 1946 por Giorgio Almirante e outros remanescentes da chamada República de Salò (os últimos bastiões fascistas numa Itália que os exércitos aliados já estavam libertando), tão bem retratada por Pier Paolo Pasolini em Salò ou os 180 Dias de Sodoma. Depois, para salvar as aparências, La Russa foi pulando para versões light do mesmo produto: a Aliança Nacional, de Gianfranco Fini; e o partido Popolo Della Liberta, do qual é presidente. No ano passado, prestou homenagens aos soldados fascistas de Mussolini.

Vale republicar entrevista concedida por Carlos Lungarzo, membro da Anistia Internacional, à revista Brasil de Fato:

Brasil de Fato – Quais são suas expectativas em relação ao julgamento do dia 12 de novembro?

Carlos Lungarzo – Tenho expectativas moderadamente otimistas. A votação está quatro a favor da extradição e três contra. Com o voto do ministro Marco Aurélio de Mello, que certamente votará contra a extradição, teremos um empate. De acordo com o regimento interno do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente, nesse caso, o Gilmar Mendes, não pode dar o voto de minerva, salvo fosse um assunto de grande repercussão pública. Se o regimento for respeitado por Gilmar Mendes, o empate favorece Cesare Battisti. Mas todos nós sabemos que, apesar do STF ter algumas figuras boas, Mendes e Cesar Peluso, o relator do caso, atuam de maneira muito arbitrária. Isso é perigoso e talvez não se possa manter o equilíbrio necessário. Outra possibilidade é que outros ministros entrem para votar e há, possivelmente, um ministro que teria dito que pode mudar seu voto. Então, sou moderadamente otimista.

O senhor poderia fazer um resgate do caso Battisti?

Ele foi capturado por uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira, serviço secreto italiano e Interpol, em 18 de março de 2007. Imediatamente após ter conhecimento do fato, o governo italiano pediu sua extradição, que começou a ser tramitada. Porém, a Itália não a fez conforme as regras, ou seja, através do Ministério das Relações Exteriores [Itamaraty]. Eles foram direito ao STF, numa postura petulante do governo italiano, que demonstrou menosprezo pelo governo brasileiro. Então, em janeiro deste ano, o ministro Tarso Genro deu a Battisti a condição de refugiado pela lei 9474/1997 [que versa sobre concessão de refúgio]. No artigo 33, há a definição de que o reconhecimento da condição de refugiado, que é dada pelo Executivo, impede qualquer pedido de extradição. Ou seja, no momento em que Tarso Genro concedeu o refúgio, o processo de extradição se extinguiu. O STF, entretanto, decidiu aceitar o pedido do governo italiano, mas, a rigor, esse processo não existe, foi eliminado. Três ministros, inclusive – Eros Grau, Joaquim Barbosa e Carmen Dulce, que votaram contra a extradição – disseram que o processo estava prejudicado.

Por isso o julgamento é ilegítimo?

Sim, é uma farsa. E a fraude começa no processo de Battisti na Itália. As dez testemunhas são familiares das vítimas que sequer reconheceram Battisti em fotos. Só não é familiar uma delas, Rosana Trentin, que afirma que viu um casal que poderia ser Battisti e sua namorada, mas não sabe explicar muito o que viu, se mataram alguém ou não. Além disso, há três crianças dentre as testemunhas. Provas materiais não há nenhuma, nenhum laudo técnico. Sua condenação, em 1993, também se deu com depoimentos de militantes que colaboraram com a Justiça, utilizando o recurso da “delação premiada”. Pietro Mutti, na Itália, atribuiu a ele uma série de assassinatos. Foi uma delação premiada, sua pena foi de perpétua para oito anos. Outro delator teve redução de dois terços na pena e outros dois assinaram sob tortura. No meu livro, há uma parte em que transcrevo o comentário de um deles, que afirmou ter resistido tudo o que pôde e que acabou assinando o que a polícia lhe exigiu.

E o STF aceita essas afirmações para dizer que é crime comum e não político?

Aqui no Brasil, diria que o relatório do STF é ainda pior, pois toma todos essas acusações falsas da Justiça italiana e ainda acrescenta suas próprias ideias, dizendo que Battisti tem “estilo sanguinário” e todo tipo de preconceito. Enfim, não se sabe exatamente o que está por trás disso, mas sabe-se que quando o julgamento foi divulgado, um ex-embaixador da Itália reuniu-se sigilosamente com o Gilmar Mendes e ninguém sabe uma linha do que eles conversaram.

Por que o governo italiano quer prender Battisti de qualquer maneira?

Lá há uma sede de vingança muito grande em relação ao que se aconteceu há 30 anos, nos “anos de chumbo”. Há um caso famoso, em 1980, em que um grupo que era da direita fascista – no qual estava o atual ministro da Defesa italiano [Ignazio La Russa] – colocou explosivos em um trem em Bolonha que mataram 84 pessoas e feriram 200. Como houve acomodação jurídica, nunca se soube se eles eram culpados ou não. Mas os familiares das vítimas e algumas pessoas atribuem o atentado à esquerda: “ah, isso é coisa das Brigadas Vermelhas”. Tentam achar um bode expiatório. Então, junta a sede de vingança, com falta de informação e necessidades políticas do governo italiano – não só da parte de Silvio Berlusconi [primeiro-ministro italiano].

O governo italiano pode ter a intenção de, a partir desse caso, gerar algum tipo de jurisprudência para pedir extradição de outros militantes que estão aqui no Brasil?

Certamente, isso é um balão de ensaio. Se Battisti for extraditado, eles não vão parar por aí. Existem uns 600 italianos dos “anos de chumbo” refugiados no Brasil. Acredito que é um plano para usar isso como propaganda. Mais que isso, se eles concedem extradição, todo sistema de concessão de refúgio do Brasil cai por terra.

A Itália tem fama de dar péssimo tratamento a seus presos políticos. Isso poderia pesar na decisão?

Só neste ano, 62 presos políticos se suicidaram nas prisões da Itália. Nos últimos nove anos, a média tem sido essa. No total, parece que nesse tempo cerca de 500 já cometeram suicídio. Há juízes em diversos lugares do mundo que se recusam a extraditar italianos devido às péssimas condições do sistema carcerário. Teve uma juíza americana que se recusou a mandar um mafioso porque disse que a prisão italiana era o caminho para a morte.

Qual é o contexto histórico do surgimento dos grupos armados de esquerda na Itália, na década de 1970?

A história começa com o fim da fascismo na Segunda Guerra Mundial. Os EUA estavam muito preocupados com o crescimento de partidos de esquerda na Europa. E eles tinham crescido mesmo. O Partido Comunista Francês era muito forte, e o da Itália era o que mais tinha filiados em toda a Europa. Então, tinha um plano que juntava a CIA, o Tratado do Atlântico Norte [Otan], setores da Igreja Católica e da máfia, a direita do Partido Democrata Cristão e, sobretudo, setores do Exército. Formaram um rede que atuou em toda Europa, mas na Itália foi muito forte, onde foi chamada de Operação Gladio, que passava pelo terrorismo de Estado. Eles começaram, a partir de 1969, a fazer uma série de atentados grandes, como bombas em lugares públicos. A primeira foi na praça Fontana, em Milão. Até esse momento, não havia esquerda armada na Itália, com exceção de uma divisão de autodefesa do Partido Comunista, que era formada com armas que usaram para combater na Segunda Guerra, contra os fascistas. Aí, nos anos 1970, aparecem as Brigadas Vermelhas, que aos poucos vai ficando cada vez mais violenta. E aí vão surgindo muitos grupos, dentre eles o de Battisti, o PAC. No geral, apoiavam greves, faziam propaganda e não eram muito violentos. Até que em 1978 decidiram matar um torturador da prisão de Udine. Battisti saiu do PAC logo após esse assassinato, justamente porque tinha críticas a essas ações violentas. Aí foi quando fugiu para o México.

Battisti sempre negou os crimes atribuídos a ele?

Há 18 anos ele nega, negou sempre. Desde que trabalho com direitos humanos, nunca vi alguém negar um crime por tanto tempo.


Com informações do Consciência.net.

Imagem: albertocane.blogspot.com

Ps. Acho que por influência desta figura do mal, o post descacetou todo o leiaute do blog. Indevidamente usei o novo recurso de publicação. Não mais. Recuperei, mas sem saber como voltar os comentários já postados, seguem abaixo:

all disse...
Vigê maria, Jurandir!
olhei pro cara e meu deu medo..
é o cão chupando manga!
Tem cara daqueles que se for preciso arranca a unha do sujeito. E com prego enferrujado.
19 de Novembro de 2009 15:44

F.Silva disse...
Cara!O sujeito não é coisa boa não!Parece o RASPUTIN!Com a cara de açougueiro desse lacaio,se o BATTISTI cair nas mãos dele,tá frito.Vai ser escalpelado como faziam os peles vermelhas!Acho melhor preservar o Césare aqui no verão do Brasil...
19 de Novembro de 2009 18:51

Cássio Coutinho disse...
Excelente post. Falando nisso, quando que o "dono da Itália", Silvio Berlusconi vai se dedicar a levar para a Itália o Delfo Zorzi, do Ordine Nuovo e que saiu correndo para o Japão? Será que isso acontece algum dia?

PS: Quem quiser pode entrar no meu blog. Acho que clicando no meu nome já é possível. Vale a pena conferir.
19 de Novembro de 2009 19:49

Apenas, Marcia disse...
Também estou na esperança que Lulça não extradite o Batisti. Eles irão matar essa pessoa. Não há nenhum sentimento de justiça nos corações; só ódio e vingança...
19 de Novembro de 2009 23:17

everaldo disse...
Tu tá doido rapaiz !!!

Cumé qui tu coloca a foto dum caba deste em teu blog ???

Tá dispensando leitores ?

Ouvi dizê que o cão, tá construindo uma sucursal do inferno, especial pra este vagabundo.

Obs. Venho lá do PTremdastreze.
20 de Novembro de 2009 08:14

carlos disse...
e a blogosfera divulgando esses fatos enquanto a mídia os esconde. durma com umbarulhos desses!

sou capaz de apostar que o presidente lula vai reafirmar o asilo político desse rapaz. quem viver verá.

a propósito, isso não é uma foto, é um malassombro. uma visagem. por aí. vôte!
20 de Novembro de 2009 12:51

Vera L. de Oliveira disse...
Será que o presidente Lula lê os blogs de esquerda? Gostaria que sim, para que visse a grande quantidade de pessoas que NÃO querem a extradição de Battisti.
20 de Novembro de 2009 14:49

Anônimo disse...
Ou você está muito mal informado ou é mesmo cúmplice moral de um criminoso feroz.

http://maierovitch.blog.terra.com.br/2009/01/27/battisti-sua-folha-corrida-antes-do-terror-os-novos-capitulos/
20 de Novembro de 2009 21:09

Romanzeira disse...
Pois é, e depois o Tarso Genro fala em resurgimento do fascismo na Itália e é ironicado pelo idiota Alexandre Garcia (escroto!), durante o Bom dia Brasil!!! Se o cara não é fascista, então o que é? Simpatizante, apenas?! Oras...."va fanculo" Garcia!
20 de Novembro de 2009 22:27

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ele merecia o cinema, mas saiu em DVD



 E apareceu mais um!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A vitória dos blogs. Mas Golias não está morto


Recentemente, tivemos uma ótima notícia quando um instituto, o Vox Populi, ouviu 2.500 pessoas e descobriu algo que já desconfiávamos: no Brasil, sites de notícias e blogs têm o dobro da audiência dos jornais, três vezes mais que o rádio. Muito bom. Mas certamente péssimo para o cartel da mídia, que tenta em desespero contra atacar.

Nos últimos dias, os principais jornais brasileiros deram destaque à reunião da SIP em Buenos Aires, com a presença do Pig sul-americano, que ratificou a tal “Declaração de Hamburgo”. Em meio ao brado, “cartel mundial unido, jamais será vencido”, editores e prepostos denunciaram o perigo para a democracia se o modelo de seus negócios for para o espaço, tal como parece caminhar célere. Para evitar o buraco, a solução é mudar as regras para proteger seu direito autoral. E apontaram um inimigo: os agregadores de conteúdo, que usam seus serviços sem pagar. Claro, mais uma vez falaram sobre o desejo de fechar a porta e cobrar por cada palavra que produzem. Só não disseram como, já que ainda não sabem.

Pode parecer, e talvez assim tenha sido vendido, que os jornais abriram guerra contra o Google News ou o Yahoo News, mas há algo mais que precisa ser pensado. Pouco, ou nada até agora foi tirado de audiência dos jornais via Google ou Yahoo. Até pelo contrário, os agregadores são fonte de visitas para portais noticiosos, tanto quanto para blogs e os mais diversos sites. Ganham com isso, tanto quanto os que recebem leitores.

Se não é o Google o inimigo, quem será? Vamos massagear os neurônios para olhar melhor o quadro. Falaram muito nos provedores de acesso. Querem policiar por essa via o seu direito autoral. Vigiar e punir. Como? Se alguém ler e comentar o que leu será punido? Texto não é uma combinação precisa de uma seqüência de bytes, como uma música. Ao ler, eu posso dar a mais variada interpretação. Não preciso usar as mesmas palavras, as mesmas frases. Como vigiar? Parece claro que há mais coisas que não foram ditas.

Existem motivos sérios para pensarmos que a mídia mundial, à beira do precipício, está abraçando na surdina o misterioso Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA). Até agora não há posição oficial sobre tal conchavo, mas sabe-se que ele envolve o governo dos EUA, a União Européia, Japão, Coréia do Sul, Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, entre outros, e grandes empresas representantes da indústria cultural. O objetivo, aparente, é enfrentar a pirataria, mas teme-se, e há motivos, que tenha também o propósito de controlar a informação, punindo provedores. Nenhum representante da sociedade civil foi chamado, nem a Organização Mundial do Comércio, nem a Organização Mundial de Propriedade Intelectual, nenhum representante da sociedade civil dos países envolvidos.

Filme de ficção? Parece que já há muita gente com preocupantes informações. A revista Wired e o BoinBoing já adiantaram alguma apuração, dando conta de que o objetivo é mesmo fiscalizar e punir provedores de acesso à internet, que serão obrigados a policiar eventuais infrações aos direitos autorais no material fornecido pelos usuários.

Para a mídia, é mais que uma carona. Ela busca não perder o bonde com a mudança do seu modelo de negócio, mas principalmente, e acima de tudo, quer manter o monopólio da informação, seu maior negócio.

Enquanto isso, no Brasil, nossa elite assustada ainda precisa dos velhos métodos de nossa herança colonial para controlar a informação. Basta chamar um juiz amigo, como Pedro Sakamoto, no Mato Grosso, que determinou que blogueiros ao alcance da sua Vara não emitam opiniões pessoais contra o ex-presidente da Assembléia Legislativa do estado, José Geraldo Riva (PP), sob pena de pesada multa. Na liminar, o juiz afirma que os blogueiros não podem acusar Riva – que tem 92 ações por improbidade administrativa e 17 ações criminais – sem um julgamento definitivo que confirme as denúncias. Até lá, é um probo e honrado cidadão. Que chamem Lula de analfabeto, isso pode.

E Obama criticou hoje a China por não ter liberdade na internet...


PS. E o Google, sempre tão sensível aos apelos dos poderosos, tirou hoje estranhamente do ar o blog FBI – Festival de Besteiras da Imprensa, que teve que se mudar. Nossa solidariedade.

Aviso à canalhada: nosso blog, que infelizmente não confia em um futuro de ampla liberdade na internet, já tem seu plano B montado. Que venham, combateremos à sombra!

Alguns links para saber mais sobre o ACTA:

Os Dinossauros Contra-atacam, no Arlesophia

ACTA: Tratado contra a pirataria prevê resposta gradual e responsabilização legal dos ISPs, no Remixtures

Tratado ACTA é DMCA com esteróides, no Libertarianismo

O silêncio sobre o ACTA, no Xô censura!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A dura vida dos sem mídia

Como funciona a concentração da mídia no Brasil? Ótimo vídeo produzido pela Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, mostra com muita arte. Direção de Pedro Ekman.

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Em cartaz

Não existe racismo?

Sugestão do leitor Leonardo. Como fica a tese de Ali Kamel?



Obs: Muito bom o trabalho dos jovens do núcleo audiovisual do Circo Voador.

domingo, 15 de novembro de 2009

A patética ajuda da mídia


Alguns leitores do blog estão atentos ao papel vergonhoso da mídia em tentar proteger seu candidato à presidência no acidente do Rodoanel. Apontam, no post abaixo, que a barafunda de informação chega ao ponto de apontar responsabilidade na falta de engenheiros civis (!!!), chegam a colocar o nome PAC na obra tucana.

Hoje, a edição dominical da Folha faz manchete e dedica vasto espaço para gritar que o número de blecautes cresceu 29% no país em 2009. Oh! Como é difícil viver sem um competente gestor tucano no poder. Oh! Oh! E a mídia vem nos salvar, apurando a “verdade”, mesmo que tenha para isso que colocar escondido, lá pelo final dos vários textos, a explicação óbvia que foi neste último ano que foram incluídos ao sistema interligado os estados do Acre e Rondônia, com linhas novas e no meio da rainforest.

Já sobre o Roubanel, o destaque vai para a voz firme do governador, que fala duro sobre a apuração do acidente. Deveriam ter perguntado ao José Serra se este também não era um acidente previsível, tal como ele disse sobre o acidente da TAM, culpando o governo federal. Afinal, o jornal enfim publica a informação, já conhecida antes do acidente, que auditoria do TCU em 2007 e 2008 constatou várias irregularidades na obra. Entre elas, a de que as empreiteiras responsáveis pelo Rodoanel mudaram o material descrito em contrato e optaram por vigas pré-moldadas a fim de baratear o custo dos viadutos, incluindo o trecho sul, onde as vigas despencaram. O governador não sabia? Se sabia, o que fez?

Será que isso não valeria a manchete? Não. Escolheram esquentar o assunto “apagão”. E no texto principal do Roubanel ainda colocaram uma frase que parece retirada de algum panfleto de propaganda: “O Rodoanel é a maior obra viária do país. Deve retirar da cidade até 500 mil caminhões por mês.” Oh! Que coisa enorme! Será uma maravilha, se os 500 mil caminhões não caírem na cabeça dos paulistas.

sábado, 14 de novembro de 2009

Dura vida de vampiro

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Festa nas trevas


Fantasmas surgem da escuridão. Ainda não sabem direito para onde seguir. A mídia, confusa, chega ao ponto de dizer o que um entrevistado disse e mostrar logo em seguida que ele não disse, como mostra o Cloaca. Mas tentam, ficaram animados. Pouco importa que o recente apagão não traduza crise de energia, o que é claro. A escuridão trata de fazer os gatos todos ficarem pardos. Aliás, foi o que José Serra e alguns outros representantes da noite aprenderam recentemente com o professor Drew Western, que diz que o importante não é fazer um eleitor pensar, mas sentir. Ou, mais vale parecer que é do que ser. Como se essa gente mal iluminada não soubesse, poderiam até ensinar.

Mas estou com uma pulga atrás da orelha. Não chego ao ponto de desconfiar, como o Eduardo Guimarães, de redações preparando edição sobre o apagão antes do fato. Menos. Mas acho que não é nada difícil no quadro atual aparecerem crimes políticos para alimentar o forno da mídia, que carece de mais lenha. E fui pesquisar para encarar meus medos e desconfianças.

Com umas googadas, achei uma tese do último Simpósio de Inovação Tecnológica, de autoria de André Luiz Carneiro de Araújo, Paulo Régis Carneiro de Araújo e Antônio Themóteo Varela. Trata-se de uma solução tecnológica para evitar furto de cabos elétricos. Segundo eles, algo que acontece com freqüência. Para mostrar o funcionamento de suas idéias, analisam o processo do ataque dos ladrões:

Em um primeiro cenário, o indivíduo que deseja violar o sistema inicialmente tenta derrubar o sistema elétrico. Há duas formas em que ele pode fazer isso. A primeira é abrindo as canelas que fica antes do transformador. Neste caso a concessionária não tem como identificar o evento. A segunda é provocando um curto fase-fase ou fase-neutro que aciona o dispositivo de segurança do sistema. A concessionária consegue identificar o evento, entretanto não consegue determinar se o evento é um furto ou outro problema qualquer em sua rede.


São especialistas no setor. Fica claro que há maneiras fáceis de derrubar um sistema elétrico. Principalmente quando há muitos interesses envolvidos.

Neste ponto estou com o Eduardo Guimarães: Atenção! Vamos botar a PF pra trabalhar!


Em tempo:

A melhor frase sobre a cobertura do apagão é do Hermenauta: “Juro que nunca vi tantos inimigos do Iluminismo reclamarem tanto do escuro…”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre muros

A guerra fria acabou? Contraditoriamente, talvez a festa que a grande mídia internacional fará hoje para comemorar seu fim, com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1983, prove exatamente o contrário. Velhos clichês estarão de volta, embalados em belas imagens. Lembrarão que os maus comunas do lado de lá impediam seu povo de usufruir as maravilhas do mundo capitalista. Mas há vozes dissonantes, que não serão convidadas para os canapés, provando que o Fla x Flu resiste ao tempo. O historiador americano William Blum é uma delas, em artigo traduzido recentemente no Resistir cita um jornal vermelhíssimo de 1963 que aponta uma justa motivação:

"Berlim Oeste ressentiu-se economicamente do muro com a perda de cerca de 60 mil trabalhadores especializados que saíam diariamente das suas casas em Berlim Leste para os seus locais de trabalho em Berlim Oeste"


O jornal é um tal de New York Times, que assim relatou o incômodo de um estado que investia pesadamente em educação e via surgir uma crise com a perda de seu investimento.

Mas claro, há sempre o “mas”. O muro também servia para impedir que os comunistas fossem ao outro lado comer criancinhas. Temos que lembrar.

Particularmente, continuo achando muita hipocrisia comemorar a queda de um muro quando o mundo, dito “livre”, construiu tantas muralhas nesses últimos anos:


Muro construído pelo Egito na fronteira com Gaza.


Muro construído pelos EUA na fronteira com o México. Mais ótimas fotos aqui.


Muro construído pela prefeitura do Rio de Janeiro na favela Dona Marta.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

E na cantoria pós tertúlia sublacerdista...

Para quem trabalha nossa mídia?


Existe o falso compromisso nas redações de que o trabalho jornalístico deve sempre ouvir os dois lados, se existirem. É uma grande balela, todos sabem. No caso do MST, então, o desequilíbrio é ainda mais grave. Hoje, toda a mídia demonizou o MST em sua jornada de lutas no Pará. Repetem somente a versão dos ruralistas, que relatam depredações e violências nas fazendas Santa Bárbara, do condenado Daniel Dantas, e na Rio Vermelho. Não há uma linha de informação sobre o que está em disputa, a história destas propriedades, seus negócios e o direito sobre as terras. Vamos a alguns fatos que a mídia não quis publicar:

Em Tucuruí, as terras da fazenda Piratininga foram desapropriadas em 2008 por serem griladas da União. Sendo uma área com 80% de floresta, o MST propôs que o assentamento fosse agroextrativista e a área de reserva legal fosse comunitária. Porém, madeireiros e posseiros da região estão, desde a época, desmatando a área de reserva, ameaçando e expulsando as famílias do assentamento. Estas terras foram aforadas com a família Mutran e tinham o propósito de servir para exploração de castanhas. Ao invés disso, foi desmatado todo o castanhal e plantado pasto para a pecuária. Depois, ainda foram “vendidas” para a Agropecuária Santa Bárbara (Daniel Dantas) que continua com a pecuária extensiva nas terras. De fevereiro até o atual momento, 18 trabalhadores foram baleados pela escolta armada da fazenda de Dantas, bem como há freqüentes ameaças e seqüestros dos trabalhadores acampados.

Cerca de 200 famílias se mobilizaram na ocupação da PA 158 em frente à Fazenda Rio Vermelho, em Sapucaia, do grupo Quagliato, dono da Empresa Quamasa – Quagliato da Amazônia Agropecuária S/A. A vistoria da terra realizada pelo Incra já confirmou que a área é da União, além da fazenda ser utilizada de forma irregular, esteve durante vários anos na lista de fazendas que utilizavam trabalho escravo. Em julho de 2009, o MPF e o IBAMA multaram fazendeiros e frigoríficos, dentre as multadas estava a fazenda Rio Vermelho, que deve à justiça mais de R$ 375 milhões de reais.

Junto a estas informações, a mídia bem que podia publicar aqueles gráficos bonitos que fazem, para localizar a informação e lembrar de outras do passado. Neste caso, poderiam desenhar um mapa da região entre as duas fazendas. Quase no meio, fica a cidade de Eldorado de Carajás. Ali, na rodovia PA-150, nossos jornalistas poderiam lembrar que, em 1996, 19 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados com tiros à queima-roupa e golpes de machado e facão, sinais evidentes de execução, pela polícia militar, sob ordens do então governador Almir Gabriel (PSDB), naquele que ficou conhecido como o Massacre dos Carajás.

Mas é certo que nada disso será dito, nada lembrado. Mesmo que estas informações estejam facilmente disponíveis. Bastaria consultar o próprio site do MST.

A versão que fica é dos que fazem trabalho escravo, que roubam terras da União para derrubar florestas, que especulam e devem multas vultosas ao Estado. São eles as únicas fontes da nossa mídia. É para eles que trabalham.

Crédito da foto: Sebastião Salgado

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Para que servem as bases dos EUA na Colômbia?

Alguém já deve ter perguntado: para os EUA, desejando atacar a Venezuela, não seria relativamente fácil pelo mar do Caribe? Para que sete bases na Colômbia?

Na Folha, de 2/11/2009, quem sabe outra explicação:

Chávez é motivo para ter base na Colômbia, afirma Pentágono

Ao assinar o acordo militar com a Colômbia e garantir o uso da base área de Palanquero, no centro do país, o governo dos EUA considera ter aproveitado uma “oportunidade única” de obter “acesso e presença regional a custo mínimo” numa área sob ameaças constantes, entre elas as vindas de “governos antiamericanos” como o do venezuelano Hugo Chávez.
(...)
O documento do Pentágono submetido ao Congresso diz que Palanquero é “inquestionavelmente” o melhor lugar “para conduzir um completo espectro de operações pela América do Sul” – a importância da base já havia aparecido em documento da Força Aérea, que a inclui no esquema global de rotas para transporte estratégico global de carga e pessoal.

No grifo meu, o que seriam “rotas para transporte estratégico global de carga e pessoal”? O que me lembro do governo americano fazendo de transporte estratégico aparece no vídeo abaixo:



Partindo da Colômbia, podemos imaginar o que seria.

obs: peguei uma carona em post no Hermenauta.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sinal de trânsito para tucanos


Depois da polêmica ilustração no Globo para o artigo de FHC, da contribuição do Esquerdopata, segue minha sugestão gráfica para guiar os passos das aves bicudas, que passam por momento de grande dificuldade de direção. Peço desculpas pelo uso do inglês, é que esse pessoal só obedece a ordens nesta língua.

domingo, 1 de novembro de 2009

Para onde vai FHC?


Leiam o que disse Fernando Henrique Cardoso e disseram dele aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O crack e a mídia


Nossos jornalões e as TVs descobriram que o crack tem culpados: é o governo Lula e os favelados. Se derrubar o Lula e tacar fogo nas favelas, tudo se resolve. É o que se conclui das recentes reportagens, e o que dizem alguns comentaristas nos portais de notícias. Em nenhuma matéria há um dedo sobre informações históricas sobre essa droga que efetivamente destrói em pouco tempo seus usuários, e que foi criada para acabar com o forte movimento dos Panteras Negras nos EUA, obra do próprio estado americano. Inventei? Teoria da conspiração? Não. Quem disse foi esta mesma mídia gorda em uma série de reportagens do San Jose Mercury News, assinadas pelo valoroso e premiado repórter Gary Webb, em 1996.

Webb seguiu os passos do caso Irã-Contras, um dos momentos em que, por um descuido, a cortina que encobre o sistema é levantada e podemos ver a fábrica de salsichas funcionando. Simplesmente o governo americano, via sua central de inteligência, vendia armas para seu inimigo aiatolá Komeini e arrumava mais um bom troco no mercado negro de drogas. Tudo para financiar os caros mercenários que combatiam a revolução sandinista. Uma revista em Beirute deu o flagra, espanou o mau cheiro e deu em uma longuíssima CPI no Congresso Americano.

O jornalista fez seu trabalho com competência. Seguiu passos de traficantes, deu nomes, mostrou rotas de tráfico que eram do conhecimento da CIA, e exibiu todo o cenário. Depois, a série foi transformada em livro: Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion. Bastou para o mundo cair sobre sua cabeça. Foi acusado por todos os lados de usar falsas fontes, de manipular informações, sua vida virou um inferno. Perdeu o emprego e entrou em lista negra na mídia americana. Morreu em 2004. Segundo a polícia e a mídia, foi suicídio.

Claro, a nossa mídia aqui não lembrou do fato agora. É muito complexo entrar em um terreno tão polêmico. Imagina então pesquisar, que absurdo.

Ah, só um detalhe, certamente sem relevância jornalística: Gary Webb cometeu suicídio com dois tiros na cabeça.

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Referências para saber mais:

Verbete sobre Gary Webb na Wikipedia (em inglês)

Ótimo texto do professor Ney Jansen sobre drogas. Como o crack derrotou os Panteras Negras.

Sobre o caso Irã-Contras (em inglês)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Técnica de maquiagem para vampiros

Para quem tem blog, é sempre divertido e interessante acompanhar pelas ferramentas de estatísticas o resultado das pesquisas do Google para nossa página. O Rafael Galvão é impagável com textos a partir de lá. Aqui, uma pesquisa recorrente chamou minha atenção: “maquiagem para vampiros”. Solucionei a estranheza com minha mulher, ser antenado que sabe tudo o que acontece. Vampiros estão na moda entre os adolescentes. Um filme de 2008 sobre os dentudos, “Crepúsculo”, bombou e terá uma continuação com a presença de seus jovens atores na estréia brasileira. Como o nosso blog, acima de tudo, pretende ser de utilidade pública, publicamos nossa sugestão de técnica para transformar um jovem em vampiro para a festa de Halloween que está próxima. Sigam com atenção os passos necessários:



1) Nosso jovem modelo, de compenetrado semblante, antes da profunda transformação.



2) Vampiros carecem de sangue, são pálidos. Use uma base bem clara em todo o rosto.



3) Seres noturnos, quase insones, têm olheiras profundas. Crie bolsões embaixo dos olhos. Escureçam ao redor.



4) Os lábios são arroxeados. A cor está na moda.



5) Fundamental os caninos salientes.



6) E sangue... muito. Com gotas caindo sobre a camisa. E pronto!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma notícia em dois tempos

Em 18 de julho de 2007:



Hoje, 28 de outubro de 2009, em discreto espaço na primeira página do Globo:



Na edição de hoje, a Folha de S.Paulo nada publicou sobre o relatório. Deveria, ao menos para novamente ouvir o governador de São Paulo, que em 18 de outubro de 2007 afirmava ao jornal que a tragédia estava prevista, e responsabilizava o governo federal:

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), esteve à noite no aeroporto de Congonhas após o acidente com o avião da TAM e afirmou que "todos tem muito o que lamentar, o que chorar", e que a cidade "está de luto". Apesar de afirmar que ainda era cedo para falar em causas, o governador disse que, para ele, o acidente foi uma tragédia anunciada. (...) "Ouvi dizer que muita gente achava isso. Inclusive eu. Mas tem que investigar com serenidade. E trabalhar para que isso não aconteça de novo". (...) O governador também falou sobre os problemas dos aeroportos no Estado. "A questão aeroportuária tem que passar por um reexame. Essa não é uma responsabilidade nossa. É Federal. Mas, como governo, nós vamos dar nossa opinião." (Folha de S.Paulo. 18/7/2007)

sábado, 24 de outubro de 2009

Em defesa do MST



Este blog não está sozinho em seus protestos. Nada menos que nomes dignos do maior respeito internacional assinam um belo e fundamentado manifesto em favor do MST. Já assinei a petição:

Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais

22 de outubro de 2009

As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.

Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.
Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.

Bloquear a reforma agrária

Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola −¬ cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 − e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.
Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária brasileira.

Concentração fundiária

A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.

Não violência

A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.

É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.

Contra a criminalização das lutas sociais

Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.

Ana Clara Ribeiro
Ana Esther Ceceña
Boaventura de Sousa Santos
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Claudia Santiago
Claudia Korol
Ciro Correia
Chico Alencar
Chico de Oliveira
Daniel Bensaïd
Demian Bezerra de Melo
Fernando Vieira Velloso
Eduardo Galeano
Eleuterio Prado
Emir Sader
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Heloisa Fernandes
Isabel Monal
István Mészáros
Ivana Jinkings
José Paulo Netto
Lucia Maria Wanderley Neves
Luis Acosta
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Maria Orlanda Pinassi
Marilda Iamamoto
Maurício Vieira Martins
Mauro Luis Iasi
Michael Lowy
Otilia Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sergio Romagnolo
Virgínia Fontes
Vito Giannotti

Assine também:
http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html