quarta-feira, 30 de abril de 2008

A imprensa e sua lei

Os donos do PIG estiveram reunidos ontem em Brasília para tratar, segundo eles, da liberdade de imprensa. Não é verdade. A preocupação é eliminar qualquer restrição na lei que os impeçam de usar seu poder para favorecer grupos, idéias, candidatos, em campanhas difamatórias, sem nenhum compromisso com a informação. A atual legislação, referendada pela Constituinte de 1988, é taxada pela mídia como herança da ditadura. Recentemente, por pressão do monopólio midiático, o STF revogou por liminar alguns de seus itens. O objetivo era proteger jornais, rádios e TVs de várias ações da Igreja Universal.

Neste clima, foi discutido ontem se a saída seria criar uma nova lei ou suprimir a atual. Falaram todos os donos do poder midiático, nem sempre antenados com o assunto principal, talvez com a cabeça mais voltada para suas planilhas. Roberto Civita, do grupo Abril, aproveitou para pedir liberdade também para os anúncios veiculados, ele não deseja restrições ao tilintar de sua caixa registradora. João Roberto Marinho, das organizações Globo, condenou as liminares que obrigam a publicação de longas resoluções jurídicas em seu jornal, o que não deixa de ser também uma preocupação com a caixa, visa economia do caro papel.

Segundo um ótimo texto de Bernardo Kucinski, na Revista do Brasil, o objetivo mesmo é continuar a velha prática do jornalismo de calúnia e difamação com impunidade. Em trecho, o artigo cita reportagem recente da Folha de S.Paulo contra Paulo Pereira, deputado do PTD e dirigente da Força Sindical:

“A central presidida por Paulinho mistura política retrógrada com a negação da política”. Até aí é um juízo de valor que o jornalista tem o direito de expressar. Mas logo em seguida ele parte para o insulto: “Este pequeno Lula paraguaio agora anuncia entre palavrões que vai entupir o Judiciário de ações contra jornalistas da Folha....” Numa única frase o jornalista insultou Lula, ao usá-lo como referência negativa, e os paraguaios, que não têm nada a ver com a história. E insultou o próprio Paulo Pereira.

Esta é a liberdade que desejam. Este é o velho hábito do papel registrar as mais notórias difamações. Vale a leitura do artigo da professora Isabel Lustosa na Folha de hoje, “A verdade que vem impressa nos jornais”. Ela estuda a nossa imprensa desde seus primórdios, e relembra uma polêmica coluna em jornal do Ceará, na sua infância, onde o autor, depois de contestado pela veracidade de fatos publicados, dizia: “Saiu no jornal? Então é verdade”. A professora é enfática em suas conclusões:

“Assim, recomenda-se ao leitor contemporâneo lembrar que não há texto neutro, que, na composição e no desenvolvimento de um texto jornalístico, na maneira de narrar e destacar um fato, estão também embutidas as paixões e os interesses do jornalista, do editor ou da empresa jornalística a que estão ligados. De modo que nem sempre o que sai no jornal é a expressão genuína da mais pura verdade.”

Se a sociedade não acordar, em breve os barões da mídia conquistarão o maior de seus desejos. Não terão que arcar com responsabilidades para suas inverdades, lei apenas para a internet, blogs e afins, onde o perigoso povo pode manifestar sua opinião sem o aval, dos “iluminados” jornalistas.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

E o ombusman começa se explicando

Começou mal a estréia do novo ombudsman da Folha. Teve que se explicar em sua primeira coluna sobre declaração em entrevista, uma semana antes, quando disse que, ao contrário da imprensa americana, a brasileira não vive uma crise de credibilidade. Foi preciso analisar palavras, conceitos, citar que a Igreja Católica goza de credibilidade, embora não influencie seus fiéis e mais outras filigranas.

Não deu. A imprensa nacional perdeu a capacidade de influenciar seus leitores pela notória perda de credibilidade. Fatos são abundantes para esta análise. Apenas o novo ombudsman não deseja ver.

sábado, 26 de abril de 2008

Radicalismo contra o terceiro mandato



Foto de Ricardo Stuckert/Presidência da República/Agência Brasil

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Para os amigos, tudo

O podre governo de Álvaro Uribe segue ruindo e nossa mídia continua olhando o quadro com distanciamento e extrema ponderação. Um bom exemplo é o editorial da Folha de hoje, “Uribe e os paramilitares”. Segue um relato frio dos fatos recentes, como a prisão de Mario Uribe, estreito colaborador e primo do presidente, sem citar seu envolvimento com o tráfico de drogas. Ao final, de forma distanciada, o jornal especula que “talvez esteja se desenhando a "hecatombe" que Uribe uma vez mencionou como único fator que poderia levá-lo a tentar modificar uma vez mais a Constituição de modo a permitir-lhe disputar o terceiro mandato".

Quer dizer, no meio de uma saraivada de evidências do envolvimento do governo com as milícias de direita, seus métodos bárbaros, formação de quadrilha, envolvimento com o tráfico de drogas e plano de mudanças na constituição para conquistar um terceiro mandato, o jornalão não dedica nenhuma crítica, mantendo uma distanciada serenidade.

É o mesmo jornal que repete as mentiras sobre o envolvimento das Farc com o narcotráfico, que faz de Chávez o maior tirano da AL, que vive especulando sobre um possível terceiro mandato de Lula. Para tudo isso, não há economia de adjetivos.

Para Uribe, tirano, narcotraficante, chefe de quadrilha, a fleuma.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Usando a régua

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Mundo acadêmico

Caso Janaína Leite 4

Esclarecimentos de Idelber Avelar

Estou feliz pelas explicações de Idelber, reconhecendo erros em suas críticas precipitadas ao lado de manifestações contra Luiz Nassif e seu dossiê Veja. Desde quando manifestei estranheza em sua atitude, post que motivou aqui algumas reações, disse que seu temperamento era o de ponderação. Agora, o bom senso prevaleceu, tal como apostava.

O novo capítulo de Nassif

Luiz Nassif aprofunda as denúncias das relações venais entre a imprensa e os interesses de Daniel Dantas. Repete com mais detalhes questões anteriores e acrescenta novas. E ainda promete mais munição para breve. Li rapidamente, mas já vi que há um bom assunto para a próxima semana.

De pronto, algo chamou minha atenção: a reação de Janaína Leite em seu blog. Seu nome é envolvido diretamente em várias matérias parciais de interesse do banco Opportunity, trechos são citados, e sua defesa é dizer que “eu confio na Justiça”. Seria uma orientação da revista Veja, que responderá apenas na justiça, pensei? Onde talvez em breve esteja trabalhando? Afinal, hoje Reinaldo Azevedo elogia seu nome e seu blog. Diz ele que Janaína é o tipo de pessoa que gosta: “mata a cobra e mostra a cobra mortinha da silva”. Tentei entender a filosofia, mas confesso limitações frente à realidade. Uma frase de Janaína derrubou qualquer nexo do blogueiro da revista. Ao afirmar que a polêmica sobre seu nome será superada em breve, acrescenta que “daqui a pouco o espetáculo terá de ser um texto bem escrito, uma análise interessante, uma provocação bem colocada”. Vamos pensar numa coisa: a jornalista trabalhou em jornal diário, onde textos são feitos rapidamente, no mesmo dia, na pressão do deadline, certo? Mas, sobre o tanto que recai sobre seu trabalho, seu nome, só há promessa de texto para o futuro. Bastaria um único, nem necessariamente bem escrito, ou com provocação bem colocada, mas que contivesse sua versão. Que jornalistas são esses, como os da revista Veja, que só falam por advogados?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Microsoft, mp3 e gafes



Eu sou apaixonada pelo Joy Division. Tenho todas as musiquinhas, acho que Love will tear us apart das coisas mais espetaculares que já ouvi, vi os documentários, o 24 hour party people é dos meus filmes favoritos e blablabla.

Mas sei que a expressão Joy Division não significa somente o nome da amada banda punk. Como vocês podem ver na Wikipedia ( esse verbete está certo, não é daqueles loucos não), Joy Division era o nome que os nazistas davam a um grupo de mulheres judias usadas como escravas sexuais em campos de concentração. O grupo punk inclusive tirou a inspiração (ei, eles eram punks e jovenzinhos) daí.

Aí, passa boi, passa boiada, rola o New Order, as músicas saem dos lps, vão para cds, e daí para formato mp3. E a Microsoft, para concorrer com o ipod, lança um tocador de mp3 chamado Joy Division.

Eu acho que é potencialmente uma gafe e tanto da empresa mais brega do mundo. E ainda deve dar problema, assim como o insuportável Vista que habita meu micro.

Meninos, meninos...


Assisto e leio as polêmicas abaixo sem me meter porque acho que os meninos estão quase brigando pela bola, o campo e o meião, e eu acho tudo muito esquisito, já que o que move todos aqui - na metáfooooora - é jogar (e no mesmo time, aliás), but...
1. Acho que antigüidade não é posto, ainda mais em blog. Este aqui tem tão poucos meses de vida, tadico, é um bebê, ainda assim, já tem seu lugar.
2. acho que ser militante não é desmérito para ninguém, vide meu post sobre Michael Moore.
3. Acho que comentários anônimos são potencialmente chatos, mas eu não sou o sni nem a abin nem serviço secreto para querer saber quem é quem e quem esse aí acha sei lá do que sabe-se lá. (Exceções feitas a agressões, claro).
4. O que eu acho é que ter achismo vale. Mas eu tomo umas posições. Mesmo que na base do achismo, já que assim como uns clássicos que andam vendendo livros até hoje, eu tenho minhas dúvidas - sérias - sobre ter certezas. Estou sempre checando minhas idéias, e as mudando, e sei que posso mudar, admitir bons argumentos e... caros, sei que não posso saber a priori tudo. Saber quando vacilei e admitir isso faz um bem, mas um beeem... E estou aberta a críticas. Always.

domingo, 20 de abril de 2008

Caso Janaína Leite 3

Idelber Avelar me faz uma pergunta:

Você poderia esclarecer a acusação publicada aqui de que eu estou "enredado numa artimanha"?

Creio que foi enredado por conta de sua amizade com Gravataí Merengue, que o levou a manifestar posição de imediato sem uma boa análise da questão. Foram suas as palavras: “O jornalista Luis Nassif pisou na bola, feio. Acaba de dar um tiro na credibilidade do seu dossiê Veja.”

Segue defendendo Gravataí:

“Eis que chega Gravataí Merengue e faz o que todo bom pesquisador, jornalista ou não, deve fazer: ouvir todos os lados, checar fontes, reunir documentação, cotejar versões. E faz um post absolutamente irrefutável demonstrando o total vazio das ilações de Nassif contra Janaína.”

“Insinua que a jornalista faz parte de um grupo de Dantas e tenta incriminá-la com o fato absolutamente banal de que uma fonte tenha declarado, sob pressão judicial, ser efetivamente fonte da jornalista, tudo isso sem contestar qualquer dado factual da reportagem de Janaína na Folha.”


Sinto, mas o post de Gravataí é facilmente refutável. Aqui já coloquei a minha opinião a respeito, inclusive em resposta direta ao GM.

Em um sucinto resumo:

1) Não há uma única frase no dossiê Veja onde Nassif tente incriminar Janaína Leite como aliada do Opportunity. Há, sim, uma suspeição que seu trabalho serviu a estes interesses, baseado estritamente no método jornalístico adotado por ela, principalmente em uma reportagem citada.

2) Não há ilação sobre o fato de existir uma fonte da jornalista ligada ao Opportunity. Mas, recai uma severa crítica de ser esta fonte a ÙNICA na matéria citada, onde estava em jogo uma acirrada disputa comercial, envolvendo milhões, e o banco era parte da disputa, entidade com uma das piores folhas corridas do mercado, com vários processos em curso, inclusive sobre espionagem e falsificação de documentos.

3) A matéria da jornalista fala por si. Citei trecho onde Janaína acua claramente a juíza que deu sentença contra o banco. Os argumentos de GM são de que a jornalista desejava dar voz à juíza. Não foi o que vimos. Todas as perguntas feitas estão ligadas a fatos desprezíveis, não ligados diretamente ao caso, e tinham como a única fonte o Opportunity. A honra da juíza foi colocada em xeque, com insinuações sobre as motivações de haver declarado que recebeu proposta de suborno, que recebia passagens da Varig, que comprou um apartamento depois de sentença, que já havia sofrido outras penalidades jurídicas antes etc. Tudo, depois, esclarecido em favor da juíza.


Está claro, Idelber, que o caso Janaína Leite é polêmico. Caberia a ela, em seu devido momento, ter contestado Nassif por seu nome aparecer no dossiê. Mas isto não foi feito. Agora, e com a ajuda de Gravataí, surgiu como uma possível polêmica. Não é. O método de Nassif foi correto. Levantou hipóteses sérias que ligam o resultado do trabalho da jornalista aos interesses escusos do Opportunity. Caberia a ela explicar seu método, se houve pressões de seus chefes, se o texto foi alterado na redação, o que justificaria não ter ouvido as outras partes envolvidas. Nada, até agora, por ela foi dito nesta defesa. Infelizmente, o que fez? Acusou Nassif de ter interesses no dossiê por causa de dívida perdoada no BNDES. O que não pode ser sustentado, e é uma acusação leviana que nada a defende do que lhe cabe na reportagem parcial.

Em seu post, Idelber, no Biscoito Fino, há uma convocação:

“Convoco especialmente aos meus amigos blogueiros de esquerda a que emprestem seu apoio irrestrito à Janaína Leite e ao Imprensa Marrom neste episódio – pelo menos até que Nassif apresente alguma prova contra ela, o que, pelo jeito, ele não está em condições de fazer”.

Declaro que não empresto minha solidariedade a Janaína, defendo o método de Nassif, a importância de seu trabalho em desvendar as relações venais da imprensa com o poder econômico, e gostaria que você, por quem tenho admiração, reveja sua posição manifestada. Só posso crer que tenha sido enredado pela precipitação em ajudar amigos, ainda há tempo para corrigir.

Abraços,
Jurandir

Para favelado, a ética da mídia é outra

O Blog do Mello fez no último sábado uma das mais esclarecedoras observações sobre a hipocrisia de nossa mídia. No jornal O Globo, no mesmo dia, na página 2, na coluna “Por dentro do Globo”, uma enfática declaração sobre o “método” jornalístico adotado pelo jornal para a escolha de fotos no caso Isabela. Diz o jornal:

“Desde o primeiro momento, O GLOBO evitou publicar as imagens de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella, assassinada no dia 29 de março. Nosso entendimento foi o de que sem acusação formal e sem laudos técnicos que dessem base para qualquer decisão, seria precipitado expor publicamente pessoas que, se posteriormente inocentadas, já poderiam ter sido “julgadas” pela imprensa e pela opinião pública.”

Interessante, né? É um bom critério.

Mas, no mesmíssimo jornal, no dia 16/4/2008, publicaram esta foto:



São todos negros, favelados, moradores do Morro do Alemão, que estão amarrados, posando sob mira de armas, acusados de pertencerem ao tráfico.

Os critérios do jornal para quem é da classe-média são bem diferentes dos adotados para com os favelados.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Caso Janaína Leite 2

Recebi este comentário de Idelber Avelar:

Ah, meu caro Jurandir, que fácil seria se o mundo fosse tão facilmente divisível entre bons e maus!

Não podemos criticar a mídia e reproduzir o método de demonizar sem checar fatos, dizer inverdades sobre os outros. Vamos contar as inverdades?

1. Janaína não "pediu" apoio a ninguém. Gravata foi lá e fez da cabeça dele. Essa é uma mentira grave, quando se trata da reputação de alguém. De onde você tirou que ela pediu?

2. O Imprensa Marrom é um blog de monitoramento da imprensa. Nos links, está Reinaldo Azevedo como está Nassif. Está o Globo como está o Dia. Está a Veja como está a Carta Capital. Deu para entender? RA não é "favorito" do Gravata. É só ler os posts dedicados a RA, TODOS eles críticos. Você leu ou não leu?

3. Não "estou enredado em artimanha". Li um conjunto de textos e fiz o que sempre faço, pensei com a minha cabeça.

4. Gravata é chato, arrogante, mete os pés pelas mãos, generaliza e critica gente que não merece (como o Rovai). Mas "neocon"? Qual sua definição de "neocon"? A Soninha é "neocon? Se você for definir "neocon" por associação, pelas companhias, neste país não sobra um, meu irmão.

5. Não há ninguém "fraudando" polêmica. Fraudar é achar que não há aqui uma polêmica genuína.

Além dessas inverdades, há a situação meio embaraçosa, eu acho: 24 horas ANTES do seu post, a parte que você defende, o Nassif, publicou um post RETRATANDO-SE do ataque à Soninha. Fica meio ridículo defender uma ação da qual o próprio autor já se retratou, não acha?

Você diz que Janaína "diz muito pouco" sobre o que Nassif acusa. É óbvio que diz pouco. É Nassif que tem que provar a acusação. E não provou. E já reconheceu que não provou, em correspondência comigo. Quando e SE provar, apresento o argumento. Por enquanto, mantenho o princípio da presunção da inocência (aquele princípio que nós, de esquerda, cobramos tanto quando as vítimas das acusações somos nós, lembra-se?).

Agradeço-lhe muito a menção e o reconhecimento do Biscoito como um dos mais "clicados" blogs. Acho que já deve ser mesmo. E sabe por quê?

Porque quem vai lá sabe que posso errar; posso fazer análises com as quais o leitor discordará. Mas jamais vou, por exemplo, dizer que alguém "pediu" algo a alguém sem ter certeza de que estou dizendo a verdade. Daí vem a credibilidade do Biscoito, meu caro Jurandir.

Se não nos pautarmos por esses princípios, perdemos a moral para atacar a "mídia golpista". Um abraço afetuoso e grato pelo espaço.



Respondo:

Caro Idelber,

É um prazer contar com sua visita e participação.

1) Esta é sua mais grave acusação, professor? Eu e muitos tomamos conhecimento da defesa e acusação de Janaína Leite contra Nassif via Gravataí Merengue, que rapidamente se colocou como seu advogado, é até como assim brinca, comento no post abaixo. Imagino que os dois tenham se entendido sobre o assunto. Se ele se ofereceu como voluntário ou se ela pediu sua ajuda não me parece ser o fundamental do muito que envolve este assunto.

2) Li. E pesquisei no Google . O resultado é de exatas 638 referências neste momento. De fato, a maioria com críticas e refutações aos argumentos do blogueiro da Veja. Isso não lhe parece ser uma grande fixação? Que importância tem RA para merecer esse monitoramento constante? Para tal é necessário um acompanhamento diário, incluindo a pesada e ingrata leitura de seus textos?. Desconfio até de um sério desvio de conduta. Talvez algo como uma Síndrome de Estocolmo.

3) Não esperava outro comportamento, baseado no que conheço a seu respeito. Apenas manifestei temor.

4) No post abaixo argumento ao Gravataí o que penso. Em resumo, as posições recentes dele me parecem colocá-lo nitidamente como um neocon. Ele vem sendo um constante crítico de setores da esquerda, sua mídia. Mas como vocês se conhecem há muito, estou torcendo para que tenha razão.

5) Vamos dar a devida atenção ao contexto. Disse fraudar a polêmica que envolvia os ataques de Janaína Leite ao Nassif, como supor que ele tem interesse em condenar a Veja por ter dívida perdoada pelo BNDES. É mera ilação, já desmentida, e configura um nítido argumento ad hominem.

Não, professor. Eu estou fazendo uma defesa do Dossiê Veja do Nassif, no que toca o caso Janaína Leite. Sobre Soninha, apenas fiz um comentário a ela, no Biscoito, no último imbróglio do Gravataí, quando ele atacou o Rovai. Disse apenas que ela tinha feito uma má escolha de assessor. Moro no Rio, pouco conheço da atuação da vereadora.

Disse que Janaína diz pouco em defesa dos critérios de sua reportagem. Posso não concordar com algumas palavras usadas por Nassif, mas acredito que ele usou um método correto para tentar desvendar as suspeitas sobre a atuação de Daniel Dantas nas redações.

Eu não acho que existe uma acusação a Janaína. Não é pelo fato dela assinar uma reportagem que tenha que arcar com todo o peso da parcialidade de seu texto. Existem editores e responsáveis pela pauta. O que dizem? O que diz Janaína sobre o método que usou para as escolhas feitas na matéria? Li os argumentos da jornalista e não vi claramente esta defesa. Quem o fez foi Gravataí, argumentando que a escolha, depois da reportagem do Globo, seria dar voz a juíza que sofria pesada acusação. Não é o que concluímos do texto da reportagem. Se Nassif tem agora outra visão, compartilhada apenas com você, vamos aguardar. Até agora permaneço com o que li, acompanhei e pesquisei.

Discordo sobre o motivo do Biscoito Fino fazer sucesso ser devido apenas a sua notória credibilidade. Há muito de informação, ótimos comentários, sempre bem moderados e incentivados. Não tenho a menor pretensão de conquistar o mesmo com meu modesto blog. Mas certamente gostaria também de ser reconhecido pela credibilidade. Para tal, tenho por princípio ser coerente com os critérios dos meus pensamentos e de meu coração. E não aceito que nesta barafunda, onde você incendeia a blogsfera na dúvida sobre a credibilidade do dossiê de Nassif, este erra em palavra ao se referir a jornalista, esta erra em acusá-lo sem provas de ser beneficiário de perdão do BNDES e Gravataí erra em várias direções, seja eu, em meu modesto cantinho, que vou aceitar ser acusado de mentiroso por ter dito que Janaína “pediu” ajuda a Gravataí, se na verdade foi ele quem se ofereceu, ou um terceiro sugeriu, ou na verdade foi resultado de algo espontâneo entre as partes. A ajuda houve, assim concluí por ser o mais óbvio. E de tudo, é o fato mais desimportante. Deveríamos focar na questão central onde está em curso a luta da sociedade contra as praticas venais da mídia, compromissada também com os interesses das idéias mais atrasadas e golpistas.

Conte com meu empenho e minha consideração aos seus ensinamentos.

Forte abraço,
Jurandir

Caso Janaína Leite 1

Recebi este comentário de Gravataí Merengue:

Oi, Jurandir. A questão crucial é que ninguém debateu o CONTEÚDO da defesa que fiz de Janaína.

Sou amigo de gente conservadora e de gente progressista. Tenho amigos miliatares e militantes.

Neocon? Não, não sou. Defendo casamento gay, liberação de drogas, descriminação do aborto (antes da formação do córtex), livre manifestação, separação igreja/estado etc.

É bem provável que minhas idéias sejam diferentes daquelas da maioria da esquerda brasileira, mas é preciso saber separar o que é a "esquerda brasileira" e o que é a esquerda no espectro político realmente científico (e não simplesmente partidário).

Quanto aos links, minha página oferece acesso tanto a Reinaldo Azevedo (de quem não gosto) quanto para Nassif (de quem gosto, apesar de ter-me xingado sem motivo).

No mais, reitero o pedido para que o debate se mantenha no campo dos fatos e argumentos. VocÊ diz que eu expus um amontoado de palavras, sei lá, usou algo pejorativo.

Mas não os contestou. Assim fica difícil.

No mais, parabéns pelo blog, não o conhecia. Um abraço.


Gravatá


Respondo:

Gravataí,

Também convivo e tenho amizade com pessoas de um amplo arco ideológico. Não tenho a menor dificuldade em conversar, debater, contestar e ouvir argumentos. Faço isso com regularidade e posso adiantar que, no geral, ao menos de minha parte, consigo chegar a lugar nenhum de forma recreativa, lúdica, sem corpos estirados no chão. No máximo copos. Mesmo assim, mais bebidos do que quebrados.

Não considero ter usado um anátema quando o chamei de neocon. Há quem se vanglorie em ser. É neologismo, vem sendo bastante empregado, e se refere a um novo tipo ex-liberal, ex-socialista, que desencantado adota posturas conservadoras. Gosto da definição de Paul Gigot neste link. O que poderia melhor definir suas variadas posições recentes em atacar a mídia independente e agora, em particular, Luis Nassif? Seria seu desejo ser encaixado em algum novo tipo de esquerda? Que causa seria a sua? Há uma insistente parcialidade, agora mesmo você ameaça um novo tema: “... até por isso que logo mais publico o meu "Dossiê Caros Amigos". Próximas vítimas? Há uma nítida fixação sua em condenar apenas um lado do aspecto ideológico. Quando virá seu Dossiê Ricardo Sérgio de Oliveira? É nome que causa arrepios em tucanos. Algo que imaginam estar bem varrido para debaixo do tapete. Seria uma boa causa. Topa, doutor?

Não fui pejorativo ao dizer que você “expeliu um monte de palavras”. Você mesmo se reconhece como um compulsivo argumentador. Atua agora como um logorréico advogado, de forma declarada: “Senhores jurados, vocês concordam com a tese de acusação de Luís Nassif?”, disse você brincando ao fechar seus argumentos.

Mas vou concordar a aceitar ficar restrito ao campo dos fatos e argumentos. De tudo, quero me concentrar na parte do Dossiê de Nassif que fala da relação Dantas-Janaína - Juíza Márcia Cunha, onde mais você usou palavras e grande empenho nas argumentações. Para que muitos possam entender os fatos e o que está em jogo, tenho que lembrar o contexto da situação como intróito. Uso como fonte os próprios textos citados e outros, onde cito a fonte:

Em abril de 2004, os fundos de pensão e o Citigroup propuseram uma ação na justiça para invalidar um discutível “contrato guarda-chuva”, que dava plenos poderes de gestão a Daniel Dantas e seu Opportunity, a parte minoritária da Brasil Telecom. Ele havia sido validado nas artimanhas de Dantas e no cochilo dos outros. Quem tiver tempo e paciência, sugiro este texto da ANAPAR – Associação Nacional dos Fundos de Pensão. Ele bem relata as maracutaias de Dantas e seu método.

Em maio de 2005, a juíza Márcia Cunha proferiu sentença anulando os efeitos do contrato. O mundo caiu sobre sua cabeça. Ou melhor, o Opportunity caiu sobre ela. Como não havia melhor defesa jurídica sobre a manutenção do contrato, a saída foi justificar que a Juíza não era a autora da sentença. Chegaram a comprometer ridiculamente Antonio Olintho, da ABL, que deu parecer favorável aos reclamantes. Como se fosse ainda possível piorar a grotesca situação, a Juíza acusa o Opportunity de tentar corrompê-la.

No meio de tal imbróglio, com nítida disputa de interesses, Janaína Leite é chamada para acompanhar o caso no Rio. Pergunto a você, Gravataí, e a todos: o que seria mais lógico que a jornalista tentasse saber? O que seria do interesse dos leitores? O que foi feito está registrado na reportagem da Folha, de 7/10/2005, assinada por Janaína Leite. Nada fica claro sobre os interesses envolvidos. A juíza fica acuada em posição de ré. Ao final da reportagem, há uma ilustrativa entrevista:

Folha - A sra. foi a autora da sentença contra o Opportunity?
Márcia Cunha - Essa pergunta chega a ser ofensiva. Por sorte, tenho testemunhas que me viram escrevendo. É uma tentativa de desmoralização.

Folha - O texto é muito diferente dos padrões das suas decisões anteriores. Por quê?
Márcia - É um processo complexo, com 18 volumes.

Folha - A decisão saiu em poucos dias. A sra. leu tudo?
Márcia - Claro, eu tinha lido o processo há mais tempo porque dei outras decisões, inclusive favoráveis ao Opportunity.

Folha - A sra. disse que houve uma tentativa de corrupção por intermédio do seu marido. Por que não colocou isso por escrito na sua defesa?
Márcia - Como a senhora sabe disso? Não posso dizer, é algo de maturação sigilosa.

Folha - Mas a sua defesa é pública. E por que denunciar só agora, pela imprensa?
Márcia - Existem coisas que só podemos dizer quando há provas. Naquela época não tinha provas. Só vim a público porque o Opportunity estava distribuindo dossiês contra mim nas redações de jornais, com coisas falsas.

Folha - Na entrevista a "O Globo" a sra. falou que tinha fitas mostrando o diálogo. Houve outras conversas com seu marido?
Márcia -Não vou falar sobre isso. Ir contra os interesses deles expôs meu nome, sai uma coisa torta no jornal e eu nunca mais recupero a idoneidade.

Folha - A sra. comprou um apartamento de quatro quartos em Ipanema pouco depois de dar a sentença?
Márcia - Meu Deus, que absurdo! Eu moro de aluguel.

Folha - A sra. mudou quando?
Márcia -Em maio. Aluguei de um casal de velhinhos.

Folha - A sra. ganhou passagens da Varig?
Márcia - A assessoria do tribunal já esclareceu esse assunto. Não vou falar sobre isso.

Folha - A sra. foi a Nova York por conta própria?
Márcia - Para Nova York? Eu fui para os Estados Unidos em uma viagem pessoal em maio e só passei uma noite em Nova York. Fui acompanhar uma pessoa doente. Quem pagou foi ela.

Folha - Casos envolvendo a sra. já foram enviados ao Órgão Especial antes?
Márcia - Não. Tudo isso não passa de uma enorme mentira para macular meu nome.

Tirem suas próprias conclusões.

Como você acusa Nassif e defende Janaína?

1) Diz que um erro de Nassif foi ter dito que Janaína não identificou a fonte de tantas acusações, só depois confirmada ser o Opportunity.

2) Diz que a acusação contra a juíza foi acatada pelo Conselho de Magistratura “(por unanimidade!)”, ênfase sua. E em setembro, antes de entrevista ao Globo. Não caberia a Folha repetir a notícia, mas sim dar espaço para a juíza se defender.

3) Você defende a suspeição da juíza, diz: “E a suspeita, vale ressaltar, não foi pelo longo número de páginas, mas por dois fatores: a) a juíza proferia decisões manuscritas; b) a juíza não proferia decisões "longas".

4) Diz: “Janaína única e tão-somente informou ao leitor os fatos que eram apurados pelas instâncias oficiais do judiciário fluminense. Mas, lendo o texto de Nassif, mais parece que a repórter é que foi a autora da denúncia”.
5) Critica a afirmação de Nassif que depois a cobertura voltou às mãos “sérias” de Elvira Lobato.

Creio que estes 5 pontos são todos, ou ao menos são o essencial dos seus argumentos. Vamos a eles:

1) Em uma reportagem com tantos interesses e acusações pesadas sobre a juíza (que depois foi inocentada) caberia a repórter a obrigação de citar a fonte. Se não o fez, demonstrou culpa por isso demonstrar nítida parcialidade com os fatos.

2) Foi dado espaço para a juíza se defender? Tive pena dela. E por que não ouvir as outras partes com interesse no processo? Nada sobre o interesse dos milhões que envolviam a decisão da juíza? Só vale o Opportunity como fonte? E os fundos? O Citi?

3) Um dos argumentos foi de que havia diferentes grafias para “Nova York”. Convenhamos.

4) Vamos ser coerentes. A reportagem do Globo ao menos citou os envolvidos na acusação de corrupção e as relações existentes. Nassif não acusa Janaína por ser autora da denúncia. Ele suspeita que a reportagem foi parcial em não dar chance ao leitor de entender o que estava em disputa. O que me parece é que na reportagem da jornalista e na sua defesa está claro que a juíza é perigosa ré, e não vítima, como depois foi apurado.

5) Concordo com a gravidade da alusão de Nassif de que Janaína não foi séria. Ao menos não foi uma boa escolha de palavra. Mas creio que este texto de Elvira é muito mais informativo.

Quero só acrescentar que não tenho elementos para dizer que Janaína tinha algum compromisso com Daniel Dantas. Nem vi em Nassif uma acusação clara neste sentido. Há muito a considerar, podendo ser interesses da própria redação, de Janaína em agradar seus chefes e garantir seu espaço. Minha preocupação é de que a série de Nassif vem servindo para abrir uma necessária cortina da nossa sociedade. A mídia tem compromissos com o poder econômico e com claros setores ideológicos, sim. Isto é visível e hoje uma questão importante a ser levada por toda a nossa sociedade. Sua defesa de Janaína é fraca, falta melhores argumentos. Houve parcialidade na reportagem e é natural que existam suspeições sobre os infinitos interesses envolvidos.

E obrigado pela atenção e seu elogio ao nosso blog.

Abraços,
Jurandir

Não dá pra entender.

O emprego formal cresce, e o jornal da decadente classe média carioca insiste em criticar a metodologia da pesquisa do IBGE que conta os informais como pessoas ocupadas (chegando a usar aquelas "aspas irônicas" que qualquer professor de comunicação condena veementemente. Aliás, mesmo defendendo de forma ridicularmente coorporativa, ilegal e datada a necessidade do diploma em jornalismo, os "jornalistas" - olha eu usando as tais aspas - que escrevem nos jornalões desconsideram estas básicas recomendações de seus professores), e que desta maneira, inflacionariam, de acordo com a matéria d´ O Globo nestes dias, o índice de brasileiros empregados.

Na boa, eu costumo entender as coisas. Mas cada dia entendo menos.

Estas empresas professam em seus cotidianos trabalhistas relações informais, acham que contratar pessoas jurídicas é o futuro, freelances é o que há e viva a desregulamentação do mercado do trabalho. Afinal, a clt onera o capital, este pobre diabo. E pô. Aumenta o custo-brasil, que comparado com o de países asiáticos é um escândalo, e viva o discurso do nosso príncipe 'a era vargas acabou".

Afinal, o que vale na conta? O que deveria valer na conta do IBGE? Freela conta? Ou merece as tais "aspas"?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O PIG e sua cortina de fumaça (2)

Atento leitor sugeriu algo muito lógico. Segue o segundo clichê da mesma charge. Viva o leitor, que se danem os geógrafos! :-)

Os neocons saíram do armário

Desde o início do Dossiê Veja do Nassif uma coisa me intrigou: o silêncio daquela indústria que imprime milhares de páginas semanais em suas variadas publicações. Não esperava uma réplica sincera, longe disso, mas contava com alguma resposta, mesmo que falsamente jornalística. Confesso que o desenho das minhas expectativas era medonho. Vasculhariam a vida de Luis Nassif até a quinta geração. O resultado seria talvez uma reportagem que denunciaria qualquer coisa, nem que fosse o avô que tirava meleca na sala de aula. Nada, silêncio total. Apenas sei que a revista o processa. E que o advogado da parte que reclama disse a imprensa:

“O jornalista, no seu sacerdócio, deve ser sereno como um juiz, honesto como um confessor, verdadeiro como um justo.”

Com tais belas palavras, imediatamente pensei em Reinaldo Azevedo, um dos reclamantes, muy notório pela serenidade. Hilário!

Mas, nada. E nada, nada, nada.

Inevitavelmente, do silêncio imaginei uma confissão de culpa. E seguiu o baile.

Agora, tardiamente, alguém que está envolvido nas denúncias veio às falas. E condena Nassif. Não está só. Precisou de intérpretes e advogados.

Entre eles, para minha maior surpresa, estava Idelber Avelar, professor de português e espanhol na Universidade de Tulane, em New Orlens, dono do O Biscoito Fino e a Massa, um dos mais antigos e clicados blogs, por quem devoto grande respeito e admiração. Idelber tem uma pauta de assuntos sempre interessantes. Sua marca é o bom texto, ótima moderação com a cabeça fria para negociar divergências. Neste caso, contraditoriamente, fecha com um dos lados, que frauda polêmica para reagir contra a Luis Nassif.

A parte que se defende e acusa é Janaína Leite, repórter da Folha de S.Paulo, citada no tal dossiê por ter feito matérias que beneficiariam Daniel Dantas, do grupo Opportunity. O que ela diz? Muito pouco sobre o que Nassif a acusa. Diz que são ilações, nada há o que prove seus compromissos com Dantas.

Pausa para uma memória história: Daniel Dantas é uma praga. Natural que ninguém entenda corretamente o que ele faz na sociedade brasileira. Nada quase é dito na imprensa diretamente. Ele só opera nos bastidores, nas sombras, a custa de uma atuação empresarial agressiva e de bons mimos ao mercado. É considerado por seus fãs como o melhor “player” do capitalismo moderno brasileiro. Traduzindo, é o mais competitivo jogador do tabuleiro de monopólio em nossa terra. Ganhou muito em “inside information” do Plano Collor, muito mais se imiscuindo nas privatizações do sistema telefônico brasileiro. Baiano, é cria de Antônio Carlos Magalhães, que o tinha quase como um filho. Para ACM, Dantas fornecia ilícitas gravações de ligações telefônicas de seus desafetos, que eram usadas muitas vezes em plenário para acuar as vítimas de infidelidade matrimonial, partidária ou outras infâmias. Por este motivo, Toninho Malvadeza também era chamado de “grampão”, o que motivou a herança para seu neto deputado da jocosa alcunha de “grampinho”. Fecha memória.

E o que mais diz Janaína em seu blog? Que Nassif foi beneficiado pelo governo de Lula, via BNDES, em perdão de dívida de R$ 1.901.297,34, o que o comprometeria na legalidade de suas acusações. Denúncia que não dura muito. No próprio blog do Idelber, comentário de leitor, funcionário do banco estatal, explica que dívidas neste banco têm vários andamentos possíveis de renegociação. Nassif refuta o perdão, explica ter sido uma negociação e lembra que é fato anterior ao seu Dossiê Veja. Nada determina uma correlação de causa e efeito.

Janaína contou com o apoio de um conhecido blogueiro, advogado, que atua em sua defesa: Gravataí Merengue, ou Fernando Gouveia, seu nome verdadeiro. Em seu blog, um dos mais antigos da blogsfera, expele um amontoado de letras para fazer valer sua notoriedade como polêmico polemista, tal qual dito recentemente pela vereadora Soninha, ex-PT, de quem era chefe de gabinete. Sua notoriedade maior é a de ser um crítico e militante radical contra toda a manifestação de esquerda na internet. Recentemente usou sua verve contra André Lux, antigo blogueiro, em baixíssimo nível de crítica; contra Renato Rovai, diretor da revista Fórum, o acusando de ser beneficiário como empresário do governo Marta Suplicy. Em todos os casos houve reação.

De tudo, o que mais me incomoda, é ver o professor Idelber enredado na mais clara artimanha política. Não há duvida, e isso pode ser claramente comprovado, que Janaína Leite e Gravataí Merengue são nítidos neocons, que têm Reinaldo Azevedo em seus links favoritos e Mainardi como amigo. Os dois, portanto, têm envolvimento com parte da disputa em questão.

De minha parte, continuo acreditando que Nassif presta o melhor serviço a este país, ao denunciar o comprometimento da mídia com os mais escusos dos interesses, seja o de favorecer empresários corruptos ou ao projeto ideológico do mais deslavado golpismo. Natural que tentem agora, mesmo que tardiamente, de forma atabalhoada e simplória, o atacar.

E muito triste estou em ver o blog de Idelber, tão lido, ser envolvido nesta bussanha.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O PIG e sua cortina de fumaça

terça-feira, 15 de abril de 2008

Ah, se fosse Petrobrax...

Miriam, a suína, como diz a nossa Kelly, não gosta da Petrobras. Adora a Vale. Ah, a Vale, que exemplo de gestão. Uma empresa que tinha a maior mina de ferro do mundo, patrimônio milionário, nas mãos erradas... Por isso teve que ser vendida por menos do que lucrava em 4 meses. Ah, a Vale, e seus jovens gestores. Quanto progresso. Se a Petrobras fosse agora Petrobrax, como FHC e seus mauricinhos tucanos queriam, como tudo seria diferente.

Por exemplo, dona Miriam conseguiria um furo de reportagem. Teria obtido do diretor-geral da ANP a informação e divulgaria no Bundinha Brasil. Renato Machado teria dado um flash antes da fala, diria: “Exclusivo, no próximo bloco Miriam Leitão revela a descoberta de um novo poço de petróleo milionário na costa brasileira”.

Ah, se fosse Petrobrax.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Imprensa golpista, unida, jamais...

O governo Kirchner, depois de atacado nos golpes mais baixos pela imprensa argentina, decidiu criar o Observatório dos Meios de Comunicação, em parceria com a Universidade Nacional de Buenos Aires. Bastou para a iniciativa ser contestada pela nossa aliada mídia brasileira, que acha tal medida um cerceamento à liberdade de imprensa, é o que diz o jornal O Globo ao noticiar o fato.

Para o jornal, a declaração de Cristina Kirchner justificando a falta de imparcialidade da mídia argentina como motivo da criação do Observatório, para que todas as vozes democráticas tenham acesso aos meios de comunicação, não convenceu os representantes locais, que estão preocupados com a obsessão do governo em controlar a imprensa. Quer dizer, a imparcialidade não é bem vista. Desejam manter o monopólio da mídia a serviço da mera propaganda.

A hipocrisia fica clara no final do texto. Depois de relatar o grave acirramento entre simpatizantes do governo e a mídia local, relata que Luiz D’Elia, líder do movimento Terra e Moradia, aliado de Kirchner, “ousou” participar de um programa de TV ao vivo onde defendeu o fim da ditadura do jornal Clarin. Quer dizer, alguém da sociedade que tenha outro ponto de vista, diferente da mídia hegemônica, tem mais é que ficar calado. Se falar, isso é ousadia que deve ser combatida.

Observatório neles!

domingo, 13 de abril de 2008

Reflexões no final de semana



A oposição no divã

Notas e comentários vários nos últimos dias dão sinais de que a oposição ao governo Lula está querendo parar para pensar e rever sua estratégia. É prática já feita muitas vezes, agora parece algo mais sério. Segundo Ancelmo Góis, no Globo, Serra confessou a Marcelo Déda, do PT, governador de Sergipe, que a oposição ainda “não encontrou um discurso para 2010”. Entendam isso também como: “todas nossas tentativas de desmoralizar o governo não deram em nada”.

Apenas neste ano, a oposição, com a ajuda da aliada mídia, tentou criar pânico com um possível apagão elétrico federal, com a febre amarela, com várias denúncias sobre malversação de recursos na utilização de cartões corporativos. Tudo, até agora, sem sucesso para colocar o governo acuado e sem ação. As manchetes escandalosas sobre o apagão sumiram com as chuvas, a febre amarela desapareceu do noticiário quando o alarmismo criava vítimas com overdose da vacina, e as acusações sobre cartões corporativos mudaram de tom quando surgiram informações dos gastos no governo Serra e no governo de FHC. Neste ponto, a tática foi refeita e holofotes deixaram de lado o conteúdo das denúncias, passando a apostar em vazamento de informação, direcionados todos para a ministra, chefe da Casa Civil, possível candidata de Lula à sua sucessão.

E o pior aconteceu aos seus planos. Todo o empenho, todo o papel gasto pela mídia, todas as horas de TV não derrubaram a ministra, nem ao menos sua secretária-executiva, acusada sem provas pelo suposto delito. O efeito de tudo foi o mais indesejado para a oposição. Segundo pesquisa do próprio PSDB para mensurar o estrago feito, o nome de Dilma cresceu depois das denúncias. Foi registrado pelo Jornal do Brasil e repercutido por Eliane Catanhêde, da Folha, esta que antes dizia que Dilma estava morta eleitoralmente. Parece uma síndrome de tiro saindo pela culatra: Lula, mesmo com toda a campanha orquestrada, atingiu recentemente o mais alto índice de aprovação de seu governo, número mais alto do que o de FHC logo após o Plano Real.

Com tanta coisa dando errado, é compreensível que tenham todos a necessidade agora de uma boa terapia coletiva. Mas, com as notícias antecipadas da presença de Antonio Carlos Neto, o grampinho, e Rodrigo Maia, filho do prefeito da dengue no Rio, o tal “guri de merda”, dito por Jobim em uma solenidade, fica difícil acreditar em futuro para tal bando.

Showrnalismo é só para a patuléia

Talvez a conclusão fosse óbvia, mas confesso que só agora caiu a ficha. O jornal Valor Econômico segue um rumo diferente dos outros jornalões. Nesta semana só ele publicou matéria sobre os elogios do Bird ao Bolsa Família com críticas a má vontade da mídia brasileira com o programa. Não é a única matéria que segue pauta diferente do resto.

Mesmo sendo propriedade das Organizações Globo e da Folha, o seu público é a elite econômica, que não paga ingresso para ver as diatribes de um Arthur Virgilio. Os leitores são liberais. Como tal, entendem que em seu mundo, para a permanência do capitalismo, há de existir políticas de compensação, tal como Hayek e outros teóricos do modelo defendiam. Coisa que um Ali Kamel certamente não estudou. Vide ótimo comentário da Kelly.

Os leitores do Valor já estão convencidos, não precisam de conversas moles. Se a mídia precisa fazer propaganda, há de ser em seus outros jornais. E tome denúncias, dossiês, silêncio sobre fatos, tudo misturado a muito apelo, como a quase novela sobre a morte da menina em SP.

Este novo jornalismo, misturado com show, tal como cunhado por José Arbex, é só para a choldra, que pode se sensibilizar com a farsa inventada nas redações.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Na mesma linha,

vale fazer uma pesquisa e fazer doer o fígado de ódio ao ler Miriam Suína atribuir o aumento do preço do pão ao governo Lula... O fato do trigo ser importado da Argentina, e o governo deste país ter - aliás, com sabedoria- aumentado os impostos sobre a exportação de alimentos nada tem a ver com isso.

Daí você pode ver a seguinte regra: quando a economia vai bem, é porque a conjuntura internacional está favorável. Nunca, mas nunca é ponto do governo Lula.

Já na era fh..., todos as dificuldades eram causadas pelas instabilidades externas. Ele fazia todo o possível, todos os méritos eram dele, e os problemas, alheios.

Arrã n.2

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Até o Bird

concorda que nossa imprensa é golpista, preconceituosa e traz "recortes" enviesados e não faz idéia do que seja isenção. Peço desculpas por linkar um jornal dos mais representativos desta linha, mas vale a pena ver a indignação e o viés que o canalha colunista imprime à notícia... Auto-crítica? Rá, Claro que não.

Leia aqui.

O artigo, de Rui Falcão, cita um estudo do Bird que aponta a ideologia dos nossos jornalões quando estes trazem reportagens sobre o "assistencialista" Bolsa-Família, e os elogios que eram fartamente distribuídos aos programas "de distribuição de renda" da era FH.

Arrã.

Imparcialidade só no bozó dos outros

Folha, Estadão e O Globo deram amplo destaque à demissão de Luiz Lobo, editor-chefe na TV Brasil. O jornalista foi ouvido e alegou que o motivo do afastamento foi sua resistência às interferências do governo na edição do Telejornal Brasil, o que comprometia a imparcialidade desejada. Entre os episódios citados, disse que na cobertura do vazamento de informações sobre gastos do governo FHC havia a orientação de só falar em “suposto dossiê”, e em uma reportagem sobre a situação da saúde no Brasil foi repreendido por não incluir o corte da CPMF, derrubado no Senado, como um dos desafios futuros.

Convenhamos, hipocrisia deve ter seus limites. A nossa mídia, em seu ódio a concorrência da imprensa do governo, resolveu defender que no quintal dos outros tem que haver um jornalismo imparcial. Ou seja, deveria falar de dossiê, culpar o tempo toda a ministra Dilma Rousseff, esconder que tudo é uma armação do PSDB, não dar destaque para a confissão de Álvaro Dias, e mais toda uma “imparcialidade” que só ela sabe praticar.

Saúde? Claro, culpa do governo Lula. Imaginem vincular isso ao fim da CPMF.

Convido vocês a verem um trecho de telejornal da TV Brasil. Prestem atenção em como ele é “parcial”:



Viram? Arthur Virgílio aparece com o mesmo tempo que outros representantes do governo. Algo muito parcial, não é mesmo? Deveria ser o dobro do tempo para ele, como o “imparcial” PIG costuma fazer.

A campanha contra a TV Pública está em curso. No último sábado, um acerto entre todos os jornais levou a ampla cobertura do lançamento do livro de Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, onde ele analisa o período que lá esteve e as pressões para que não fizesse um livre jornalismo.

Muito comovente. Há um bom exemplo de “livre jornalismo” hoje na página A-6 da Folha, em uma pequena nota o título: “Câmara aprova aumento para servidores”. Como assim? Certamente vocês perguntariam: o governo federal encaminhou pedido de aumento de seus servidores às vésperas de eleição? Um escândalo, não é mesmo? A Folha esqueceu de chamar isso na primeira página, certo? Nada. É a “imparcialidade” do PIG. O aumento é para o funcionalismo público da prefeitura de São Paulo, encaminhado pela administração DEM/tucana. Lembrem que Serra detém 80% dos cargos da máquina municipal. E Serra e Folha, vocês sabem.

Ou um outro exemplo bem recente da “imparcialidade” da mídia, também uma ajuda do PIG ao Serra. Na última IstoÉ, em matéria sobre o MST, foi publicada esta foto:



Mas o site independente Brasil de Fato descobriu que a foto original, de Cristiano Machado, da Agência Folha, foi adulterada. Esta é a foto:



Eliminaram no Photoshop a pichação com o “Fora Serra”, pouco se importando com a adulteração da realidade e os direitos autorais. Claro, a foto é da Folha, que faz descarada campanha para Serra, em troca de muita publicidade do governo em suas páginas e muito alinhamento ideológico, e a IstoÉ tem 51% de ações de Daniel Dantas, que responde na justiça por espionagem e formação de quadrilha, mas apóia Serra.

Esta é a mídia que cobra imparcialidade do governo.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sobre farsa e um pênis escondido

A tradição golpista brasileira tem bons exemplos de engodos praticados com a cumplicidade da mídia. Dois momentos são exemplares: o Plano Cohen, arquitetado por militares integralistas, que serviu como motivo para a instauração da ditadura do Estado Novo e a Carta Brandi, enganação de Carlos Lacerda para interferir nas eleições de 1955. Nos dois casos existiram pinceladas de tragédia. O primeiro, levou a forte repressão aos comunistas, que pagaram um alto preço pela mentira a eles imputada. O segundo, mesmo que tenham descoberto a fraude meses depois, ajudou a aglutinar militares golpistas, que passaram a atuar organizadamente e no sonho do poder, concretizado finalmente no golpe em 1964.

Se antes a tragédia, agora a farsa. Basta um par de neurônios para perceber o circo armado pelos herdeiros dos velhos golpistas com a conivência da mídia. O objetivo está claro: interferir nas próximas eleições. O alvo do momento é a ministra Dilma Rousseff, nome que desponta com força para 2010. A acusação sobre um possível dossiê é totalmente farisaica. O método da mídia, um embuste, tenta até esconder a confissão de um senador das hostes golpistas.

A fraude é hipócrita. Dossiês e informações sobre possíveis gastos da presidência há muito circulam, sendo citados por parlamentares e notas em jornais. Não podemos esquecer que pouco antes do início desta mais recente campanha, a mesma mídia registrava a tentativa de acordo entre governo e oposição para evitar a baixaria com a divulgação dos gastos deste governo e do de FHC. Em 19/3/2008, o jornal Estado de S.Paulo publicou que o presidente Lula vetara o uso de informações conhecidas, como a de um pênis de borracha nos gastos do ex-presidente. Isto foi esquecido e perfeitamente escondido pela mídia golpista. Talvez com o temor que as forças aliadas ao governo usassem tal apetrecho com assemelhado simbolismo ao da tal “tapioca”. Uma compra de R$ 8 que virou exemplo no PIG de abuso de dinheiro público, ao ponto de senadores da república distribuírem sorvete de tapioca em sessão plenária, para posar para as filmagens e as fotos.

Como tudo virou uma grande farsa, eu agora discordo de Lula. Não vamos esquecer do pênis de borracha de FHC. Queremos saber detalhes. Custos, quantidade, dimensões, usos e abusos. E quero ver didlos sendo distribuídos no Senado, farão sucesso. Estou enfurecido, dane-se a república.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Aviso aos nossos navegantes

Alguns pequenos problemas técnicos estão atrapalhando nossas postagens no blog. Nada grave. Estamos com problemas na instalação elétrica na nossa lan house preferida. Depois, ainda agravado com a kit-gás pifado do velho Escort que servia de gerador. No final de semana estamos com esperanças de voltar a desabafar nossa ira contra esta canalhada que reinventa factóides a cada dia.