quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Escândalo: CIA vai intervir no plebiscito da Venezuela

Foi publicado hoje na Counterpunch, importante revista americana sobre política, artigo assinado por James Petras que revela uma operação da CIA para atuar, militarmente, na desestabilização do plebiscito no próximo domingo na Venezuela. Segundo um memorando de Michael Middleton Steere, funcionário da embaixada americana venezuelana, a Michael Hayden, diretor da CIA, cerca de US$ 8 milhões serão usados para cooptar partidários da Chávez, falsificar votos, preparar manifestações pelo não e, caso derrotados pelo sim, organizar ações violentas contra prédios do governo, incluindo o palácio presidencial. O documento divulga pesquisa própria, com a previsão de vitória do sim com 57% dos votos, mas com uma alta abstenção de 60%, o que daria margem para uma posterior contestação do resultado.

É grave a denúncia e deve ser acompanhada por todos os democratas.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

As notícias e o meu asco

Ainda retomo o cotidiano depois de férias. Confesso a irritação com a enfadonha leitura das notícias. Preciso de tempo para me readaptar. Um pouco de tanto já tenho opinião para compartilhar:

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A campanha contra a reforma constitucional na Venezuela em nossa mídia beira o ridículo. O jornal O Globo decidiu ser didático. Para cada item da constituição é chamado um especialista para “explicar” ao populacho o quão Chávez é anti-democrático. Sobre o artigo 318, que cuida das atribuições do Banco Central, chamaram Gustavo Franco, que afirmou estarem inventando algo ridículo, “não há nada parecido no mundo”. Muito esclarecedor. Mas ridículo mesmo é terem chamado um sábio das finanças deste quilate, alguém que à frente do nosso BC no governo FH supervalorizou o real, quase quebrando o país. Claro, não podemos dizer que tudo foram perdas: sua conta pessoal e a de André Lara Rezende engordaram muito. Imagina se Chávez fizesse algo assemelhado. Paredão, no mínimo. Mas nosotros somos diferentes, mais “ajuizados”. Li no Blog do Mello.

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Lula deu entrevista ao Globo, publicada no domingo. Ainda não li. Mas já tomei conhecimento de que nada apareceu de novidade. Como não, trataram hoje de publicar um grande editorial sobre o dito, tentando dizer o que pensa esta mídia e, por incrível coincidência, os liberais do PSDB e afins. Começam por um leve elogio aos resultados do governo, creditando em grande parte a sorte e a “conjuntura internacional incrivelmente favorável”. Logo, no quarto parágrafo, vem o recado: a falta de austeridade nos gastos públicos. Lula disse que para governar é preciso gastar. O editorial o chama de perdulário. Em confuso raciocínio, seguem adiante lembrando as dificuldades financeiras do estado para explicar o controle dos gastos: “temos municípios com renda insuficiente para justificar sua existência”. Citam números para dizer que sobra pouco para investimentos, este estado toma “35% ou 36% da riqueza nacional”, muito acima de outros países, mas deveria “estar investindo 25% do PIB para acompanhar o avanço dos nossos concorrentes. Mal chegamos hoje a 17% ou 18%”. Interessante a precisão de centésimos. Falta uma maior exatidão, mais esclarecedora, que indicaria que o custo, em grande parte, pertence ao pagamento de juros de dívidas passadas. Falta dizer que o jornal, e seus coincidentes partidos políticos amigos, fazem campanha contra a prorrogação da CPMF, um imposto mais democrático que os vários embutidos em cada mercadoria, que independem da renda de quem os compra. Mais ainda, embora não claramente dito, desejam um estado para seus favores, motivo que tanto os unem para retomar o poder, sem concessões ao andar de baixo, certamente aí um desperdício de recursos na sua ótica de classes.

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Uma pérola surreal a do João Ubaldo: “Paranóia ou não, delírio ou não, está na cara que o presidente quer o terceiro mandato”. Quer dizer, está na cara que o escritor, baba-ovo das elites, está delirando. Juntinho aos seus mecenas da mídia, que fazem de tudo para emplacar esta provocação, na falta de maiores notícias. Li no ótimo Óleo do Diabo.

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Ali Kamel voltou. Demorou a achar um tema à sua altura. Enfim, agora fala sobre Deus. O propósito é o livro “Deus, um delírio” do biólogo Richard Dawkins, já resenhado há várias semanas por diversos jornais e revistas. Sua crítica é sobre a falta de rigor científico do autor, seus argumentos pouco plausíveis, “que não levam a lugar algum”. Interessante tal crítica de quem já defendeu a isenção da rede globo na campanha das diretas. Deve ser inveja. Ali adoraria uma encomenda da família Marinho para um artigo sobre Deus. Certamente perguntaria: contra ou a favor?

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Haja saco!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Triste Brasil

Estive por mais de uma semana afastado de internet, jornais, notícias. Emendei dois feriados com mais alguns merecidos dias de férias para, em caravana carioca, estar com familiares no interior deste país.

Retomo a labuta cotidiana ainda com o gosto das costelas com canjiquinha e da boa prosa, sem atentar para o que nossa mídia está fabricando de novo. Nos dias passados em rincão distante, Brasil pobre, vi algo instigante: na estrada, em meio a vilarejo de casas de tijolo aparente, outras de pau-a-pique, um posto de gasolina de rede nacional, todo moderninho, com sua oferta de salgadinhos industrializados, bebidas de marcas internacionais. Bem à porta, uma placa anunciava ali haver uma rede wi-fi para o notebook dos viajantes.

Matutei um tempo sobre aquilo, tentando entender o que estava acontecendo com nosso Brasil, que futuro tal visão apontava. A ficha caiu quando vi o Jornal Nacional, no único dia que tomei conhecimento das notícias. Lá estava o PSDB reunido, discursando, a Globo afirmando que o partido negava a infâmia de ser um partido das elites. Pronto. Era isso. O Brasil deles, dos liberais, destes tão queridos da mídia, é o de um país onde há Fandangos em ambiente wi-fi. Basta isso. Uma economia de grandes monopólios. Donos de postos de gasolina são empregados. Onde tudo é padronizado, igualzinho, sem surpresas. Lá, de dentro do vidro forte, mal podemos ver as casas de pau-a-pique. Afinal, elas são de um Brasil velho, de gente mal-educada, sem cultura, tal como disse o FH em discurso naquele dia.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cultura?!

Leio no blog do Mino a referência a uma carta, de quem já virei "fã", Maria Izabel Brunacci, desde sua maravilhosa resposta à uma crônica da Danuza Leão de uns meses atrás.

Por estes dias, a professora chama atenção para um generoso carimbo que o Ministério da Cultura concedeu, no valor de R$ 5.717.385,94 ao Instituto Fernando Henrique Cardoso, para um projeto de Preservação, Catalogação, Digitalização e Acervo Presidente FHC, referente ao PRONAC 045808”.

Gostaria de fazer minha a indignação da professora. Qual é a relevância deste acervo? Por que o Instituto do dito cujo, apoiado com pompa e circunstância por grandes empresários precisa de apoio do governo para realizar tal preservação? Eles precisam de renúncia fiscal?!

Há um tempo fiz um post sobre um trabalho que o tal Instituto deveria fazer: A Casa de Cultura Efiagá. Reforço a sugestão.

A Revolução Russa e a imprensa brasileira

Não é de hoje que a nossa imprensa comete equívocos grosseiros ou maldades intencionais com os fatos ligados a Revolução Soviética. Um excelente texto de Augusto Buonicore relata que desde Rui Barbosa a principal tarefa da mídia era desinformar.

El Bufón Real de España

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Bate-boca nonagenário




A Revolução Soviética ainda causa reação e incompreensões diversas. Em post no site O Biscoito fino e a massa, coloquei uma parte de minha visão e recebi resposta do leitor blogueiro Adriano. Repliquei e acabei falando mais sobre a revolução do que estava imaginando. E peguei gosto, quero mais debate.

Começou com este comentário meu:

Idelber, ótimo post. E lembrou falha minha por ainda não ter comentado o assunto em meu blog. Mas o farei. Tenho relido John Reed, um dos melhores relatos sobre a revolução russa, que deu em um filme, infelizmente sem a mesma qualidade. Como foram ricas as discussões! Quanta paciência dos bolcheviques com o pensamento burguês! Mesmo com o Palácio de Inverno tomado, com o poder já em suas mãos, as assembléias eram ricas em debate e contavam com ferrenha oposição de mencheviques, SRs, cadetes, social-democratas de direita, desejosos de um caminho de conciliação. Durante muito tempo a revolução contou com inimigos declarados e alguns não tanto. As anos seguintes foram igualmente riquíssimos. Impossível não reconhecer a vitória do socialismo que permitiu aquele país, em poucas décadas, deixar de ser um país agrário em uma das maiores potências industriais do planeta, responsável principal pela derrota do nazismo, mesmo que a máquina de propaganda ocidental tente o tempo todo esconder esta verdade. O discurso de direita, impedido de maiores lógicas em seus argumentos, passou a se fixar na mesma tecla: a barbárie cometida. A maldade no argumento é evidente. Já acontecia na contra-revolução em 1917, John Reed relata no livro. Não deixou de ser tentada depois, até hoje servindo como principal argumento da direita e, também, de herdeiros dos mencheviques. Estes deveriam cobrar de George Washington suas culpas. Afinal, o cara virou nota, mesmo tendo maltratado tantos soldadinhos ingleses.

Jurandir em novembro 12, 2007 10:59 AM

Adriano respondeu:

Senhores,

O paralelo entre George Washington e os bolcheviques é totalmente sem cabimento. Se a "direita" critica o socialismo soviético não é por ele ter matado nazistas ou quaisquer pessoas de outros povos com que a Rússia pudesse estar em guerra. O grande problema é que pelo menos duas dezenas de milhões de russos morreram na mão... de russos; isso é sem paralelo na história, a não ser que se fala da quase centena de milhões de chineses que morreram em quatro anos em decorrência da Grande Fome.
Em relação ao outro argumento de Jurandir, é preciso repetir que a economia russa estava em pleno desenvolvimento já nos últimos anos do atrasado sistema czarista. Fica, assim, posta em dúvida se a transição do "feudalismo" (ou agrarismo) se daria necessariamente, que é o que defendo, ou se se deveu ao totalitarismo socialista.
E, para defender Marx, também é preciso dizer que a revolução viria da mão dos trabalhadores, a partir da tomada de consciência do proletariado, que parece, no fundo, ter sido manipulado por líderes pequeno-burgueses como Lênin e Tróstsky.
Isso tudo sem contar ainda que a Rússia leninista só sobreviveu com a NEP, que foi uma espécie de estado de exceção... capitalista.


Adriano em novembro 12, 2007 5:25 PM

Repliquei assim:

Caro Adriano,

Sua acusação é conhecida. Foram vinte milhões de russos vítimas do seu governo? Eu o desafio a apresentar fontes diferentes de William Hearst, Robert Conquest e Aleksandr Solzhenitsyn. Para não me alongar aqui, sugiro um link.

O primeiro foi o grande magnata da imprensa marrom americana que inspirou o filme Cidadão Kane, um inimigo declarado do regime soviético, amigo de hitler nos anos 30. O segundo foi desmoralizado pelo The Guardian, que o acusou ser homem do IRD (Information Research Departement, do serviço secreto inglês, antes Communist Information Departement), o último, depois que a cada palestra aumentava o número de vítimas do regime soviético e reinventava histórias, começou a ser esquecido por seus próprios patrocinadores, caindo no ostracismo.

Todas estas mentiras caíram por terra quando em 1989, no governo Gorbachov, um grupo de historiadores russos, como V. N. Zemskov, A. N. Dougin e O. V. Xlevjik (pesquise no Google) teve acesso pela primeira vez a vários documentos do sistema corretivo soviético até a data de 1953, reunindo o resultado em 9 mil páginas que desmentem as mentiras até então inventadas sobre aquele período.

Acusar a revolução soviética de ser uma fábrica de mortos é nítida manobra diversionista. Foi o capitalismo, e ainda é, um dos maiores fabricantes de vítimas e de barbárie em toda a história da humanidade. Fique só nas ações dos EUA que já terá números e relatos impressionantes. Comece com a expansão americana chegando ao Caribe para destronar o decadente império Espanhol e ganhar de presente as Filipinas, caminho natural para o rico Oriente, seus recursos, seus mercados. A selvageria contra o indefeso povo filipino está registrada na história como um dos seus episódios mais cruéis.

Seu argumento de que nos últimos anos do czarismo havia pleno desenvolvimento da economia é absurdo. A fome e a miséria haviam aumentado substancialmente, inclusive com os efeitos da primeira guerra, motivo inclusive de ser a paz uma das principais bandeiras dos bolcheviques.

Massas manipuladas por líderes pequeno-burgueses? Nunca na história se discutiu e se deliberou tanto e por muitos. Que sistema democrático no mundo teve experiência de dar voz e poder a soldados, operários, camponeses como naquele? As democracias burguesas no mundo foram mais democráticas? Que isso? Se Bush não tivesse roubado não seria eleito.

Ah, sim, a NEP foi uma medida capitalista, o que demonstra o poderio do socialismo, que é o de ser capaz de ter jogo de cintura para fazer o mais certo, na hora mais exata. Ou, na melhor linguagem de Lênin: “É preciso voltar um passo atrás para depois avançar dois à frente". Quantas vezes o capitalismo ousou isso?


Bom, é assunto ainda para muitos posts.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A revolução de outubro e seus impactos no século 20

Estava querendo fazer um post sobre as comemorações dos 90 anos da Revolução Russa. Até comentei sobre isso no excelente blog O biscoito fino e a massa, mas acabo de ler um texto onde está quase tudo que desejava dizer, e um tanto a mais. Aconselho a leitura.

92% dos alemães orientais ainda preferem o comunismo no país

Pois é. Quem pesquisou foi a Der Spiegel, que nunca foi de esquerda.

A matéria está no site Vermelho.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Bra, Gávea, Armínio Fraga e o silêncio

Leio por aí que um dos sócios da falida empresa aérea BRA é a Gávea Participações, do nosso conhecido Armínio Fraga, chapa do Principe da Sorbonne. Mais de 40% das ações da dita que demitiu 1100 funcionários e deixou os passageiros a ver navios pertencem a este fundo e nenhum jornal fala nadica de nada sobre o fato.

Os jornalões inclusive tratam do assunto sob a rubrica política, e não economia, onde de acordo com um mínimo de bom senso deveria estar. Ora, por que será?

Vamos ver agora o que mais esse cidadão de sucesso vai armar...

Os outros negócios do Gávea*
Nos últimos dois anos, o ex-presidente do BC Armínio Fraga investiu em setores que vão de logística a shopping
Multiterminais

Em fevereiro, os fundos do Gávea compraram, por 125 milhões de reais, 25% da empresa, que fatura 206 milhões de reais por ano
BRA

Em dezembro de 2006, o Gávea comprou, com outros seis bancos e fundos, 45,9% da companhia aérea
Aliansce Shopping Centers

Em abril, foram adquiridos 23,5% da Aliansce, que administra 15 shopping centers e faturou 2,5 bilhões de reais em 2006

*segundo a revista Exame, que acaba a matéria linkada aqui com o seguinte texto:

Ainda não se sabe onde exatamente a compra do McDonald's se encaixa nessa estratégia, mas o plano do Gávea é esperar de quatro a cinco anos para se desligar dos negócios em que investiu. Esse será o tempo necessário para saber se a turma de Armínio é realmente tão boa nos negócios como no mercado financeiro.

Já deu pra ver, né?

Democracia no rabicó dos outros...

“Pervez Musharraf é tratado pela mídia brasileira como presidente. Governa o Paquistão e chegou ao governo através de um golpe de estado. Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela pelo voto direto, reeleito e instituiu o “hábito” de realizar referendos e plebiscitos para que o povo se manifeste sobre qualquer assunto de maior envergadura e que diga respeito às estruturas políticas, econômicas e sociais do país.”

Assim começa o excelente texto do jornalista Laerte Braga, que denuncia a contradição da nossa esquizofrênica mídia. Aconselho a leitura. A questão se resume a legitimidade do processo democrático? Balela. Poucos neurônios são suficientes para desconfiar e desejar mais informação. Procurando, descobre-se facilmente que a Venezuela jaz sobre uma das regiões mais ricas em petróleo das Américas, que durante anos foi sugada pelo colonialismo americano. Para tal, governos foram impostos ou comprados, independente da vontade popular, ou da tal democracia. Chávez mudou o modelo de gestão. Foi mais moderno que o ensinado nos prolíferos MBAs que abundam para nossos executivos liberalóides. Devolveu o solo de seu país a quem de direito ele pertencia. Disse um grande não para o imperialismo e ainda criou riqueza, um novo padrão, de interesse da maioria E, a maior de suas provocações: dentro da mesma democracia que os americanos se apoderaram, clonada dos franceses. Pelo sucesso, virou tirano, diz a nossa mídia, agradando os interesses de seus patrões, que não moram no Brasil, mas aqui têm bons negócios.

Musharraf, um notório meliante, defeca baldes sobre a tal da democracia, mas é tido como presidente em nossos jornalões. E nem é o único no planeta a ter o mesmo tratamento. Pergunto: quantos editoriais o Estadão, o Globo, a Folha fizeram contra Abdala bin Abdelaziz? Não me lembro de um único texto. Deveriam. Afinal, este senhor governa sem poder legislativo, sem partidos políticos, sem constituição. E ainda decapita em praça pública os opositores de seu regime. A cada vez, sem que um Diogo Mainardi, um editorial, uma chamadinha na primeira página denuncie ser um atentado a tal da democracia. O que faz o rei da Arábia Saudita ser tão blindado a críticas em nossa mídia? Fala sério. Não importa quem inventou. Democracia, autocracia, estratocracia, mediocracia, plutocracia, timocracia, canalhocracia, é tudo a mesma merdocracia.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Mostrar o quê?!

Renan planeja mostrar sua inocência.
Uia, mas a gente já não viu?

domingo, 4 de novembro de 2007

Aviões de carreiras

O caso do jato Gulfstream II, acidentado no México com 4 toneladas de cocaína, ganha mais informações a cada dia, como a ligação deste episódio a um outro, 18 meses atrás. Na coluna de Claudio Humberto, o empresário brasileiro, João Luiz Malagó, sócio da Donna Blue Aircraft, oficialmente proprietária do avião, declara ser “vítima de jornalistas irresponsáveis”, que "queimaram meu negócio, que é vender e comprar aviões há quarenta anos sempre através de corretor".

Talvez existam um tanto mais “negócios” nas atividades do empresário. Basta uma pesquisa no Google com seu nome para descobrirmos um pronunciamento do Tribunal Supremo de Jurticia, da Venezuela, sobre o pedido de posse de dois aviões retidos no aeroporto de Maiquetía, em 2004, por suspeita de terem sido furtados no Brasil, segundo informações da Interpol, entre várias outras irregularidades na documentação. O Sr. Malogó se fez representar como um dos proprietários em procuração a um cidadão venezuelano, Cirilo Enrique Rada Tovar. O estranho é que o mesmo Google mostra que o Sr. Tovar tem seu nome ligado a vários processos na justiça venezuelana, entre eles, um contra seu nome por falsificação de documentos.

Ao que tudo indica, há no ar algo muito além dos aviões de carreira.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Quem é o dono da boca?

Pautados pelo filme “Tropa de elite”, nossos jornalões e revistas dedicaram recentemente um razoável espaço para a discussão sobre drogas. Articulistas gastaram muitas letras para dividir culpas, fazer julgamentos e destilar prosa. Fariam melhor seu dever de casa se tivessem prestado atenção a uma pequena notícia , totalmente desprezada em suas páginas.

Em 24 de setembro um pequeno avião americano caiu em Yucatan, no México, com cerca de quatro toneladas de cocaína. Seria apenas mais uma pequena notícia se alguns repórteres não tivessem procurado saber a quem pertencia. A resposta foi confusa. O luxuoso jato era propriedade de uma empresa de Nova York, de um certo William Achenbaum que o vendeu dias antes da viagem a outra empresa, da Flórida, a Donna Blue Aircraft, de dois brasileiros, João Luiz Malago e Eduardo Dias Guimaraes. O tal Achenbaum nada quis comentar, os brasileiros disseram que apenas fizeram um negócio em comprar e vender o aparelho, logo em seguida, para dois pilotos, Clyde O’Connor e Greg Smith, os que pilotavam o avião. A Federal Aviation Administration disse que nada foi informada sobre as estranhas transações comerciais.

Não foram as grandes agência de notícias que procuraram conhecer a tal Donna Blue Aircraft. Quem o fez, descobriu que a empresa não tinha placas, ninguém os recebeu e, estranhamente, estacionados à porta, estavam seis carros da polícia, novos e sem distintivos. Seguindo a mesma reportagem, outros tentaram saber dos recentes registros de planos de vôo do avião, descobrindo que Guantanamo foi visitado algumas vezes.

Para não deixá-los com sensação de filme de James Bond, sugiro uma pesquisa sobre a notícia no Google. É claro que há o dedo da CIA. E você, imagino, estará dizendo agora que é impossível, o governo americano tem o DEA, que combate as drogas no mundo, isso é mais uma teoria da conspiração, blá blá blá... Legal. Sugiro começar a entender um tanto como os vários governos americanos colocaram a mão diretamente no tráfico de drogas internacional, começando no caso Irã-contras. Alguns posts à frente, voltamos ao assunto.