domingo, 28 de setembro de 2008

A armação de Fernando Gabeira



Mais um vídeo de nossa produtora doméstica.

Gabeira escreveu um livro para falar de seu passado de guerrilheiro. Mas isso não foi verdade, é o que dizem os que de fato participaram do seqüestro do embaixador americano, Charles Elbrick, em 1969.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A embolada eleição carioca

Muitas emoções aguardam os eleitores cariocas nestes próximos dias. Entre as principais capitais brasileiras, é o Rio onde há o maior índice de indefinição sobre quem estará no segundo turno. Um bom artigo de Bernardo Joffily no Vermelho analisa os números da última pesquisa do Datafolha e demonstra que os principais candidatos que lideram a pesquisa terão muitas dificuldades nesta reta final.

Outro fato que pode alterar tudo é o julgamento pelo TSE, até esta quinta, do pedido de impugnação da candidatura de Eduardo Paes (PMDB), pedida pela candidata do atual prefeito, Solange Amaral (DEM), baseada na data de desincompatibilização do candidato do PMDB. Ele tinha até o dia 4 de junho para deixar o cargo de secretário de esportes do governo estadual, mas só o fez três dias depois, tendo ainda no dia 5 viajado para Atenas como secretário, e com verba pública.

Neste quadro, o candidato do PSDB, Fernando Gabeira, voltou a empolgar os arquitetos de seu nome. A mídia conservadora, que o apóia, volta a destacá-lo em suas páginas. Seu engodo volta a ser embrulhado em papel para presente. Vale reler aqui o que este blog publicou a esse respeito.

É eleição onde tudo pode indicar a vitória de uma candidatura progressista. Lamento apenas que a esquerda carioca não tenha conseguido se unir no primeiro turno, somando forças para eleger Jandira Feghali (PCdoB). Se esta chance não se transformar em vitória, teremos a quem cobrar.

Explicando ao congresso

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Laerte Braga: "É economia seu estúpido"

Jornais ficam mais burros a cada dia. Temem a diversidade ideológica, opiniões diferentes das suas. Portanto, repetem sempre velhas fórmulas, as mesmas opiniões. Mas, andam refletindo sobre seu futuro. Acreditam que o motivo da notória queda de circulação e da perda de receita publicitária se deve aos novos meios. O maior diário carioca, em novo posicionamento de marca, encomendou a uma “ligada” agência o material publicitário para esta divulgação. Em anúncio, afirma que o que vale é o conteúdo que faz, não importa como é produzido, ou o quê e para quem. Para ser mais claro, ao falar da informação, diz coisas “inteligentes” como: “se existisse comestível, nós cozinharíamos”. Interessante abordagem, talvez deseje lembrar que jornais já são conhecidos por embrulharem peixe, talvez em breve estejam comercializando o produto inteiro. Por estas e outras não há lugar na imprensa para um veterano como o jornalista Laerte Braga, hoje publicando suas precisas observações apenas na mídia alternativa, muitas vezes somente em listas de e-mails, onde recebi este texto sobre a atual crise financeira americana, de longe uma das melhores abordagens sobre o assunto. Compartilho com vocês:


“É ECONOMIA SEU ESTÚPIDO”

Laerte Braga

Quem se recorda do debate entre os candidatos Bill Clinton e George Bush pai, em 1992, vai se lembrar dessa frase do candidato democrata, decisiva para sua vitória sobre o Bush. Bush pai tentava a reeleição. Ele e Jimmy Carter foram os únicos presidentes desde 1960, que não se reelegeram (considerando que a eleição de Lyndon Johnson seria a reeleição de John Kennedy, assassinado em 1963).

"É economia seu estúpido". Foi o que Clinton respondeu a série de explicações do pai sobre guerra do Iraque, terrorismo, todos esses chavões que norteiam os presidentes republicanos e ao final acabam levando o país a uma realidade como a de hoje.

Os Estados Unidos assumiram o papel de "condutores da humanidade para o paraíso" ao final da Segunda Grande Guerra e depois de quatro governos sucessivos de Franklin Delano Roosevelt, democrata, o último deles completado por Harry Truman.

O "new deal" foi a primeira grande intervenção do Estado na economia. Fez frente à crise de 1929 e basicamente tirou o país da quebradeira geral, o que chamaram de "grande depressão", através de obras públicas e intervenção do Estado na economia.

O mercado havia se enrolado de tal forma que não conseguia responder ao pânico que tomou conta dos EUA, gerou desemprego e uma das mais altas taxas de suicídios numa só época, num só período, como conseqüência do grande desastre.

A Segunda Grande Guerra foi outro elemento a tirar os EUA da crise. Um parque industrial formidável sustentou os aliados ocidentais a partir da Grã Bretanha e a contrapartida do bloco soviético fez com que ao final do conflito duas grandes superpotências emergissem e dividissem o mundo em dois.

O fim da União Soviética criou a sensação entre os norte-americanos que anjos haviam descido do céu, punido o mal e ungido o bem, com catedrais distintas. Uma em Washington, outra em Wall Street.

Esqueceram-se de ler Mao Tsé Tung. "O imperialismo é um tigre de papel". Boa parte da economia norte-americana depende hoje da China. Os poderosos escudos antimísseis construídos desde o governo Reagan são insuficientes para garantir a benção dos anjos. Não protegem por dentro.

A economia dos EUA é mais ou menos como uma casa dos três porquinhos, uma história infantil centenária e que com certeza todos já ouvimos. O lobo chega e sopra, joga as paredes no chão e os porcos irmãos são obrigados a correr e a construir outra casa até que consigam segurar os sopros do lobo.

O problema aí é que o lobo está dentro de casa e plantado no centro das decisões, logo é ele quem decide o material da "construção". Atende pelo nome de mercado.

Quando se fala em Banco Central nos EUA imagina-se uma instituição bancária do governo a controlar entre outras coisas juros e emissão de moeda. Não é não.

O Banco Central dos Estados Unidos é uma associação de bancos privados que detém o poder de emitir moeda e definir juros. Hoje 32% das ações do FED (Federal Reserve) pertencem ao Chase Manhattan Bank e 20,51 pertencem ao City Bank. Duas instituições bancárias privadas controlam a economia do país. Em toda a sua história o FED jamais foi submetido a uma auditoria.

O que chamam Sistema Federal de Reserva foi transformado em lei pelo presidente Woodrow Wilson, no final de 1913 e permanece intocado até hoje. Dois presidentes desafiaram esse poder. Roosevelt e Kennedy.

A emissão de moeda pelo FED se dá a juros inferiores a 3% para banqueiros, que repassam em forma de empréstimo ao governo federal dos EUA a juros de 7,5% a 8%. Qualquer governo nos EUA trabalha para pagar o que chamam de "serviço da dívida".

A isso se junta a tal lógica do capitalismo. Que é mais ou menos como a necessidade de se ter um estoque de produtos, bens e serviços em constantes transformações e inovações para que o distinto público financie todo esse complexo mafioso, tanto quanto ampliar esse mercado, estender-se ao mundo inteiro e tornar-nos a todos, países e povos, consumidores e pagadores dos juros do FED.

Plantaram os alicerces da casa com papéis. Montaram um extraordinário poder militar com o objetivo de desestimular qualquer reação a essa ordem política e econômica e criaram uma espécie de mundo Walt Disney para os cidadãos norte-americanos, "o mundo de Truman", irreal, fictício, que exportam sob a forma de democracia, liberdade, justiça, o tal american way of life, embalado em sanduíches da Casa McDonalds e engarrafado na tonificante coca cola.

Fica mais ou menos assim. O cara assiste a um filme em que Cary Grant e Débora Kerr marcam um encontro no último andar do Empire State Building, alguns anos depois de terem se encontrado num cruzeiro marítimo, mas um deles se acidenta quando a caminho e não chega. Ou vai para dentro da tela na versão mais realista de Woody Allen.

Vitório de Sicca fez melhor em "ladrões de bicicletas".

É o caso típico de quem faz e quem deixa. Depois é só ir berrar na porta de Wall Stret com o "NEW YORK TIMES" nas mãos, mostrando que os fundos de pensões e aposentadorias, todos privados, foram para o buraco.

A verdadeira lógica é simples. Um trabalhador na Indonésia trabalha vinte horas por dia em condições subumanas e a Reebok vende tênis em que agrega toda essa parafernália capitalista a embasbacados consumidores/escravos em todos os cantos do mundo.

Acumula os dividendos da escravidão.

Se o indonésio berrar, o salário de um dólar por dia vira um monte de marines em missão de paz e combate às drogas.

Só na semana passada nos arredores de Wall Street, ou seja, naquilo que está umbilicalmente ligado ao mundo dos papéis sem lastro, 50 mil pessoas perderam o emprego e viram suas aposentadorias e pensões embarcarem numa viagem sem volta numa nave espacial da NASA.

Mercado. Grandes empresas. American way life. Hollywood.

No topo dessa montanha George Walker Bush decidindo o que é bom e o que é ruim para o mundo.

Palestinos, afegãos, iraquianos, o governo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Corrêa, o povo paquistanês, viram a encarnação de Lúcifer em combate com o anjo que abençoou Wall Street.

Sarah Palin, governadora do Alasca e candidata a vice-presidente na chapa do republicano John McCain, considera tudo isso missão divina.

E até o pacote de 700 bilhões de dólares para salvar os bancos da falência e manter o modelo, nem que seja com tapumes azuis e verdes, para esconder o sombrio da perversidade capitalista.

De quebra querem vender o pacote de salvação para o resto do mundo, no pressuposto que é preciso ajudar o gigante do norte, num momento que as pernas estão trôpegas e cambaleantes.

Nesse tipo de negócio Pastinha nem passa perto. Não conhece nada além de milzinho para sentar em cima e uma semana na praia para esquecer outro papelório em desajuste com os negócios, mas dentro do mercado.

George Bush pai perdeu para Clinton no momento que não soube responder à afirmação do democrata. "É economia seu estúpido". Não faz a menor idéia do que seja isso.

Só o colar da senhora McCain usado na convenção do Partido Republicano custou 300 mil dólares. A senhora em questão é do meio oeste e voluntária na ajuda a crianças pobres do resto do mundo. Promove pipocas dançantes.

Como afirma César Benjamin, "Karl Marx manda lembranças".

Diálogo de traíras

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

As promessas de Cabral

Sérgio Cabral em 25/10/2006, discurso de campanha em frente a sede da Cedae:

“A única política que entrará na Cedae é a do governador e a de seus servidores.”

“Eu duvido que daqui a um ano, a Cedae já não seja tão ou mais eficiente do que a Sabesp, de São Paulo, do que as empresas de saneamento de Minas Gerais e Espírito Santo.”


“O meu único compromisso é com a população que depositou em mim o seu voto de confiança. Para esses quero fazer uma gestão de qualidade. Para isso meu governo vai prestigiar os trabalhadores do setor público, as carreiras daqueles que se dedicam, os trabalhadores da saúde, da educação, da segurança e do saneamento. Chega de terceirização, chega de descompromisso.”

Fonte: site de campanha de Sérgio Cabral


Mas, ontem, no Rio de Janeiro...

RIO - Acabou por volta das 18h a manifestação que servidores do Estado do Rio de Janeiro realizaram no Centro do Rio na tarde desta terça-feira. Cerca de 500 servidores participaram do protesto, de acordo com a Polícia Militar. Os funcionários do estado fazem uma paralisação unificada por 24 horas para protestar contra a falta de investimentos no serviço público e na valorização do funcionalismo. Os profissionais das áreas de saúde, educação e segurança pública reivindicam 66% das perdas salariais e pedem a não privatização dos hospitais públicos, através das fundações de direito privado.

Fonte: O Globo Online


O que dizem os servidores:

“O governador, quando tomou posse, foi em cada categoria, separadamente, prometendo a valorização do servidor público. Mas, depois disso, a negociação ficou difícil e nada avançou em nenhum setor.”
Beatriz Lugão, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe)

“O Ministério da Saúde está alertando para uma nova epidemia de dengue no Rio no verão, mas não há recursos para a prevenção. Em 2007, foram gastos 36 milhões com programas contra a dengue. Em 2008, estão previstos apenas 20 milhões.”
Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos


Post no blog Militar Legal:

O preço da blindagem de Cabral

Muitas pessoas me perguntam, por que a mídia protege tanto o governador Sérgio Cabral, escondendo as vaias que leva, greves como a da CEDAE, fugas em presídios e principalmente porque não é cobrado sobre o caos na segurança, na saúde e na educação.Talvez a resposta esteja no SIAFEM (Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios).

Através do SIAFEM é possível saber quanto o governo do estado gastou no ano passado com publicidade.O orçamento previa R$ 20 milhões para “serviços de comunicação e divulgação” no ano de 2007. No entanto o governador tirou recursos de outras áreas e gastou R$ 86,6 milhões em publicidade.De onde se conclui, que Cabral fez uma opção. Em vez de usar o dinheiro para resolver problemas sérios nos hospitais, nas escolas, na segurança pública, preferiu não fazer nada e gastar em publicidade.

Por isso, as ORGANIZAÇÕES GLOBO tanto protegem Cabral. Só que a situação chegou ao descontrole e o caos é tão visível para a população, que não dá para esconder tudo o que acontece.



Conclusão:

Este governador, que prometeu e não cumpriu, deseja eleger o futuro prefeito do Rio de Janeiro. O candidato, que já havia passado por cinco partidos em uma curta carreira política, mudou mais uma vez, à pedido de Cabral, indo para o PMDB, mudando discurso e claramente colocando-se à serviço de algumas das forças mais atrasadas do estado, responsável por figuras deletérias como o deputado Jerominho, preso por organização de milícias, Álvaro Dias, também preso por corrupção, Jorge Picciani e Garotinho, estes por enquanto em liberdade.

Sérgio Cabral não é Garotinho? Então veja:

Ah, o mercado...

“Fed vai injetar US$ 85 milhões na AIG em troca de 80% do capital da seguradora”

Notícia no Globo Online, em 16/9/2008


“O mercado regula”

Fernando Henrique Cardoso, em várias datas


“O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”

Karl Marx, no Manifesto Comunista, em 1848

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Como ajudar um candidato a prefeito

Os jornais cariocas deram hoje um bom destaque à notícia sobre a queda de homicídios no estado. Até a paulista Folha de S.Paulo seguiu a do Rio quase no mesmo tom. Mas faltou um dedo de reflexão a todos, o que seria o papel da imprensa se fosse realmente isenta.

Os dados foram divulgados pelo Instituto de Segurança Pública, órgão do governo do estado. Governo que vem sendo acusado por várias entidades de direitos humanos por desenvolver uma das mais truculentas polícias da história do Rio de Janeiro, responsável em seu despreparo pelo recente assassinato de uma criança de 3 anos de idade, dentro do carro de sua mãe, entre vários outros crimes praticados contra a população, notadamente a mais pobre.

Nada é posto em dúvida pela mídia. Nem mesmo a própria interpretação da planilha divulgada, que mostra claramente outros dados preocupantes de crescimento da violência. Menos ainda há preocupação sobre uso do estado para eleger o próximo prefeito do Rio, em uma das campanhas mais caras de nossa história.

É a mesma mídia que não publicou que o deputado Jerominho, preso acusado de chefiar um grupo de milícias, era do mesmo partido do governador. Ou que as contas do governo andam péssimas, com dívidas se acumulando para com fornecedores, tendo a Cedae sido considerada inadimplente pelo CVM.

Para a mídia o interesse público está restrito aos R$ 100 milhões anuais que o governo Sergio Cabral gasta com publicidade. Para tal, vale qualquer propaganda ou silêncio.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E lá vai o Lehman Brothers...

No momento em que quarto maior banco de investimento do mundo abre falência, fico imaginando se já não estaria na hora de abrirem a cortina para que a sociedade pudesse enxergar o tamanho da sanha especulativa que fazem com o nosso dinheiro. Operações futuras sempre me pareceram brincadeira de monopólio. E só agora elas estão sendo apontadas como parte do problema e da falta de regulação.

Nunca entendi como a sociedade pode achar normal a existência de uma operação em que se ganha com o desastre dos outros. Menos ainda entendo como até hoje a grande mídia conseguiu ficar impune ao fato de ter "esquecido" de apurar o enorme movimento nas bolsas, neste tipo de operação, em ações da United Airlines, dias antes do 11 de setembro de 2001. Apenas um repórter independente, Tom Flocco, seguiu a pista, chegando ao banco de investimentos AB Brown, de NY. Curiosamente, propriedade de A.B. Krongard, diretor executivo da CIA à época. Os jornalões trataram o fato apenas com a irrelevância da primeira versão, que creditava a Al-Quaeda o investimento. E o repórter foi esquecido, ou tratado como um Protógenes do momento.

Quem sabe quando ruir este cassino, junto toda uma civilização, algum sinal de fumaça resultante possa contar a verdade sobre os fatos?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

São os mesmos fascistas



No momento em que o governo de Evo Moraes, legitimamente eleito, sofre a pressão golpista dos que foram derrotados nas urnas mais de uma vez, vale lembrar o último discurso de Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, exatos 35 anos passados. Semelhantes forças reacionárias, fascistas, atuam hoje contra um governo legítimo, representante do povo mais oprimido. Ouçam e leiam a tradução abaixo e tirem suas próprias conclusões:

"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se auto-designou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez?

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios?

Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças. Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista. Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição."


Salvador Allende,
11 de setembro de 1973

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Paes não!!!



Amigos,

Ainda estamos vivos. Logo estaremos ativos. Enquanto isso, publico uma vídeo/animação que fiz hoje para falar da campanha eleitoral do Rio de Janeiro. É resultado de um curso que fiz de videomaker aqui na Penha, com o DJ Tião Keyframe. O cara é o bicho, aprendi um monte de efeitos. Acho que vou abandonar o PaintBrush e só usar o MovieMaker.