segunda-feira, 31 de março de 2008

Pega na mentira

Sorte que os blogs têm leitores. E eles trabalham, fazendo o que os jornalistas não conseguem, não podem ou não desejam fazer. Um leitor anônimo do blog Coleguinhas, do Ivson Alves, pegou o Josias de Souza, da Folha, em um estranho engano, ao dizer que Dilma Roussef mentiu ao citar um documento que diz que o TCU pediu informações sobre gastos do governo FHC. Só que o link do jornalista aponta para outro documento, o verdadeiro é esse, o que confirma as declarações da ministra. Leia o comentário do leitor:


No documento correto aparecem muitas menções às prestações de contas retroativas ao governo anterior. O TCU pede para o atual governo prestação de contas do cartão corporativo da época do governo anterior, isso está claro. E como fazer isso sem informatizar criando o SUPRIM? Você somaria as despesas na mão, Josias? Há até elogios do TCU quanto ao aprimoramento da prestação de contas através da criação do banco de dados SUPRIM tais como no capítulo "Voto do Ministro Relator", item 12 parte I, que abrange 2002.

Quem ler o documento correto vai perceber que você está manipulando e "escandalizando o nada".

Banco de dados oficial reconhecido e elogiado pelo TCU não é dossiê.

"

“Jornalismo” é a alma do negócio


Está no Globo Online. Fica alguma dúvida sobre a torcida da mídia? E a informação? Dane-se. O fato de Serra liderar uma pesquisa de intenção de votos, para eleição só em 2010, é mais importante que o presidente obter agora uma aprovação recorde. Muito maior do que a de FHC quando fez o Plano Real. O jornalismo e os coloridos anúncios que emolduram as notícias estão a cada dia mais parecidos...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Jornalismo de mentirinha

A primeira página do jornal O Globo de hoje, dia 28/3/2008, traz uma informação que é desmentida pela próprio jornal em seu interior, na página 33. O incauto leitor que apenas leu a capa, pendurada nas bancas, foi engabelado na informação. Vejam só:



O que está claramente dito? Que Lula tem agora orgulho do Proer. E que isto é uma contradição com o período em que PT criticava o plano.

Nem vamos já analisar, melhor ler antes o que o mesmo jornal diz na página 33:




Está claríssimo que Lula usava de ironia, fazendo inclusive uma provocação com os tucanos e seus aliados que em 1995 inventaram o Proer, uma solução para salvar os banqueiros do resultado de suas próprias falcatruas. Diz ele inclusive: “Eu não vou ensinar, mas tem gente que pode ensinar...”.

A dose de maldade é enorme, uma traição com seus leitores. Será que imaginam que este exemplo, como tantos outros, não será registrado na história do jornalismo brasileiro? Que moral tem os jornalistas do Globo para ensinar em faculdade como fazer jornal? O que diriam? Que os jovens estão iludidos, jornalismo é isso mesmo, pura propaganda. Ou teriam que recorrer ao Ali Kamel para uma mirabolante explicação técnica, que justificaria o injustificável da primeira página dizer o que internamente não está dito?

Gente fina

quinta-feira, 27 de março de 2008

Serra em transe



Ontem fui aos chopes e encontro a dupla de quem ouvi a conversa sobre a demissão de Paulo Henrique Amorim. Desta vez, desavergonhadamente, me convido a sentar na mesa. E logo puxo o assunto:

− PHA também suspeita de Serra, faz sentido?

− Serra? Bom, é certo que ele abriu uma garrafa de champanhe quando soube. Mas, sinceramente, ele ali só manda mesmo é no Caio Túlio.

− Mas não tinha margem para nenhuma manobra dele pela demissão?

− Bom, aí é outro papo. Vou te dizer uma coisa: a demissão do PHA me lembra o filme Gosford Park, você viu?

− Acho que sim, mas não lembro.

− Em um final de semana numa mansão aristocrática do interior da Inglaterra o patriarca reúne a família e amigos. É assassinado e todos têm motivos para matá-lo, é o que vamos descobrindo ao longo da história..

− Bem, motivo Serra tem para querer a cabeça do PHA.

− Claro. E ele adora pedir a cabeça de jornalistas. Do PHA já pediu duas vezes na Record. Serra é o presidente do PIG. Ele é amigo de vários jornalistas conhecidos. Janta, toma café, conversa diariamente com todos os que mandam em redação, de colunistas a donos de jornais. Ele fornece pautas, ajuda na apuração. Há uma troca de favores, com interesses ideológicos e por amizade. Serra odeia engenheiros, economistas. Gosta de jornalistas. É o político com o maior trânsito nas redações. Se não fosse isso, Serra já estaria de pijamas.

− Se assim, manda demitir com facilidade.

− Claro. O Caio é seu empregado, como o irmão, Bob Costa, que o ajudou na campanha em 2002 e hoje cuida da publicidade do governo de São Paulo. Mas Caio não podia demitir PHA. Outras partes decidiram, e Caio e Serra colocaram pra fora toda a raiva contida. Foi uma decisão passional, e burra. PHA não morreu, ficou ainda mais em evidência, vai continuar a bater no Serra, acho que até mais forte.

− E ele tem onde bater, né?

− Só tem. Seu telhado de vidro é imenso. Mas vive cercado da proteção do PIG. Está vivendo hoje um inferno astral. O processo eleitoral para a prefeitura saiu diferente do que desejava, rachando a sua sonhada aliança DEM-PSDB. Perdeu a liderança da Câmara dos Deputados para o candidato apoiado por Aécio. Veio o Apagão. Agora ficou na mão com a privatização da Cesp. Mas a mídia ajuda. No apagão chegou a ser infame. A mesma mídia que batia diariamente em Lula sobre um possível apagão do governo federal, calou-se no apagão concretizado de Serra.

− E tem as notas frias de campanha, ambulâncias, os cartões corporativos com altas despesas em boates...

− A lista é grande, mas nada se compara ao passado recente, suas campanhas. Veja suas ligações com Daniel Dantas, Márcio Fortes, Ricardo Sérgio de Oliveira. Este último, se seu nome for pronunciado na frente de um tucano, ele gela.

− E teve o caso Roseana...

− Este é um dos melhores exemplos de como Serra trabalha, e junto da mídia. A operação da PF na Lunus, os dólares filmados, é Hollywood puro. Nada ali teria impacto se não fossem as imagens. Tudo tramóia de Serra e seus arapongas da Fence Consultoria, empresa de espionagem que era paga pelo Ministério da Saúde.

− É muita coisa, até onde ele consegue chegar?

− Ele se imagina em Brasília, mesmo vivendo a atual agonia. Mas acho que não vai muito longe, ainda que com toda a ajuda do PIG.

quarta-feira, 26 de março de 2008

E aí?

A mídia americana e as indigentes editorias de internacional dos jornalões brasileiros não deram importância às declarações de Dick Cheney dadas a repórter Martha Raddatz, da ABC. No programa Good Morning America, dia 19 último, o vice-presidente justificava o sucesso da invasão do Iraque, em seu quinto ano de ocupação:

RADDATZ: Dois terços dos americanos dizem que não é uma
batalha digna.

CHENEY: E aí?

RADDATZ: E aí? O senhor não se importa com o que os americanos pensam?

CHENEY: Não. Penso que não podemos ficar atrelados às flutuações das pesquisas de opinião pública.

Nossa mídia e a deles acharam pouco importante tais palavras. Melhor publicar notícias com títulos sobre Cheney falando do perigo que é o Irã. A próxima vítima. Morreram 4 mil soldados americanos? 100 mil foram feridos? Um milhão de iraquianos foram mortos? Democracia? E aí? Os gráficos da Halliburton apontam para cima, é o que importa.

Edson Luiz, presente!


Dia 28 de março, sexta-feira, ao meio dia, na Candelária, os estudantes cariocas têm um encontro com o passado e o seu presente. É a data da morte de Edson Luiz, o estudante assassinado pela ditadura militar na mesma data, em 1968, no restaurante Calabouço, palco da resistência estudantil.

Tomei conhecimento lendo a Agência Petroleira de Notícias, ótimo site da mídia alternativa, que descobri agora, e que já faz parte de minhas leituras diárias.

Eu, como ex-estudante carioca, que lutou contra a ditadura, presto aqui todas as homenagens ao fato histórico e dou meu apoio a esta nova geração, que tem o compromisso de honrar com seu passado.

terça-feira, 25 de março de 2008

Miriam, A Suína, desta vez se superou

Na "defesa" da Vale..

O Globo já virou assessoria da mineradora faz tempo, mas assim já está ficando ridículo...

segunda-feira, 24 de março de 2008

PHA e a fábrica de salsichas


Matutava com chopinhos na véspera do feriadão o que dizer sobre a trama da demissão do nosso PHA, quando ouvi este diálogo na mesa ao lado. Pronto, era tudo o que eu queria:

− E afinal, quem demitiu o Paulo Henrique Amorim?

− Ele diz que foi o Citibank. Mas há outras versões.

− Quais?

− Bom, todos concordam que o motivo foram as críticas no Conversa Afiada à criação da BrOi, a mega telefônica que surgiria da fusão da Oi com a Brasil Telecom. Certamente ele estava incomodando o negócio. Uns dizem que foram os tucanos da Oi, estes que foi o governo, via os fundos de pensão, na Brasil Telecom, dona do IG. O Citi? Se, não estava sozinho. Ainda ninguém sabe, apenas existem palpites. Palpite por palpite eu tenho os meus.

− O IG disse que foi reestruturação do negócio, ele não tinha audiência. Cascata, né? O cara lidera o Prêmio IBest, do próprio IG.

− A forma da demissão diz muito sobre o autor. Ele foi demitido com raiva, para ficar apagado. Quiseram sua morte e a ocultação do cadáver. Algo ingenuamente estúpido, resultado da forma passional da decisão. Dos possíveis suspeitos, quem poderia ter tanta ira?

− Certamente não os fundos de pensão.

− Óbvio. Estes até poderiam ter acatado a demissão, mas não agiriam com aquela cólera boçal.

− Mas o que esta raiva diz?

− A demissão do PHA foi executada pela diretoria do IG, que pertence a Brt, comandada pelo Caio Túlio Costa, ex-ombudsman da Folha, tucano de carteirinha. A raiva tem a assinatura do pássaro bicudo.

− E os fundos se omitiram ou votaram pela cabeça do PHA?

− Pode ser uma versão, eles querem muito fechar o negócio. Você vê alguma reação deles contra a demissão? Os caras são mais de 40% da Brt.

− E o negócio é bom mesmo pra eles e pro governo, tal como o PIG diz?

− Talvez, se não forem mais uma vez engabelados. O que parece mesmo é que a idéia da nova empresa foi bem vendida. Imagino que usaram uma boa apresentação em PowerPoint, mostrando que os espanhóis e os mexicanos vão tomar conta da telefonia brasileira. Seriam todos devorados pela concorrência internacional em xis tempo. Imagine gráficos bem montados, cheios de dados, aquelas animações bregas, com a assinatura de uma consultoria de grife...

− Imagino, faz sempre sucesso. Não faz sentido então a versão do PHA que foi o Citi?

− Até faz, mas explica pouco. O Citi está doido para passar a mão na grana e sair do jogo. O banco está na frente da fila para ser o próximo a cair no precipício da crise americana. O FED já tirou o corpo fora, enquanto os caras fazem um papelão em mendigar dinheiro pelo mundo afora. Já pegaram de chineses e árabes. Mas a coisa tá braba. A ajuda do BNDES aqui é tudo o que eles estão querendo, e com urgência.

− Do BNDES?! Limpinho?

− Não diretamente. O BNDES daria a grana do investimento da Oi na nova empresa, que compraria a parte do Citi na Brasil Telecom. O PHA vinha martelando isso, realmente é insólito...

− ... um banco de um governo dito de esquerda salvar um banco americano da falência, o que nem o tal FED vem fazendo...

− Esse é o ponto. O PHA está certíssimo em bater, inclusive no BNDES, seu presidente, que tem uma visão de fomentar uma “burguesia progressista” brasileira, como método de avançarmos em “nosso grande projeto de transformação social”. É até bonito, bem desenvolvimentista, mas aí vem o PHA e lembra sobre o caso da Ambev, que criaram com a conversa de ser uma grande empresa brasileira, rios de impostos previstos, blá blá blá e a Ambev vira belga (!!!)

− Então, o que atrasa a criação da BrOi?

− Imagina tentarem acertar todos os interesses, mudar a lei, com o Daniel Dantas na brincadeira, tentando costurar todos os seus objetivos...

− Cara, sempre ele.

− Ele tem participação pequena na Oi e na Brt, mas isso pouco significa, é assim que ele manobra. Na fusão sai o Citi do tabuleiro, um inimigo hoje do seu Opportunity. Conseqüência direta: cresce o terreno para o baiano no negócio. E sabe-se lá mais o quê ele vai abocanhar. O sujeito é o rei dos contratos de gaveta, talvez tenha acertos com o Sérgio Andrade, da Oi, sócio dele em outras empresas, ou mesmo com o Carlos Jereissati, o outro sócio...

− É o irmão do Tasso, presidente do PSDB?

− Ele mesmo. Já se desentenderam seriamente no passado. Há uma história conhecida, da formação dos consórcios para a privatização. Dantas reunido com consorciados, entra na sala de reuniões o Carlos Jereissati, na época apenas dono do grupo Lafonte. Cheio de moral, disse que tinha ordens do PSDB para entrar no negócio. Todos se olharam, alguém perguntou: “Ordens de quem exatamente, cara-pálida?”. Do meu irmão, o Tasso. Ligaram na hora para o ex-governador do Ceará, que negou a informação. Maior clima, saiu o Carlos Jereissati batendo as portas.

− Caraca! Esses caras derrubam até irmão. Ficaram inimigos fervorosos, aposto...

− Nada. Já tiveram negócios juntos depois. O Dantas não tem amigos nem inimigos, para ele todos são jogadores, como ele. E o pior é que muitos querem jogar ao seu lado. Claro, ele joga bem.

− Até o Citi que processa ele em NY, que querem seus US$ 300 milhões?

− Claro, os caras foram roubados, mas estes processos não dizem muita coisa. Os interesses na BrOi transformam tudo em moeda. Ele também processa o Citi, mesmo que de forma fajuta, com documentos fraudados. O Citi pega sua grana, sai do jogo e todas as pendengas com o Dantas ficam zeradas. O mesmo que os fundos de pensão, outros que também foram seriamente lesados pelo Dantas, cobram uma nota em 14 processos na justiça. Certamente isso tudo está na mesa, são cartas no tabuleiro.

− Afinal, como dizem por aí, será que ele é um gênio?

− Há quem diga, mas ele é um louco. Não dá para confiar num sujeito que começa a trabalhar às 7h, não almoça, mal come umas saladinhas no escritório, onde fica grudado ao telefone e enfurnado em reuniões com advogados até às 10h da noite, quando volta pra casa, sozinho, e nem janta a mulher, que mora fora do país. Não tem amigos, vida social, não confia em seus funcionários, só nos membros de sua família. Devia ser internado. Você leu a reportagem da Piauí?

− Contaram que ele negou provar um vinho de boa safra. Disse que não entendia de vinhos e desejava continuar assim, já que podia provar e gostar. Mas não entendo. Ele ganhou um bom dinheiro sabendo do Plano Collor, arrumou muito mais nas privatizações, dando golpes em meio mundo, o que faz com o dinheiro que ganha?

− Nada. Ele não trabalha pelas benesses do capital. Seu negócio é o jogo. Seu vício. Imagina viver o tempo todo em um grande game de monopólio. O que o motiva é a endorfina que o jogo libera. Isso é um perigo. Lidamos com um legítimo player, palavrinha que a nova gestão capitalista adora, no caso dele é perfeito.

− Putz, ele é do mal...

− Ele, só? Qual é? É assim que funcionam os grandes negócios, nesse nosso tosco capitalismo e nos outros. Ele é cria deste mundo de altíssimas piranhagens. E quem paga é o governador de NY que acertou uma parada com cafetina brasileira. Se fosse com um baiano proxeneta em negócios escusos, estava limpo... é hilário...

− Hahaha... Mas então foi o Daniel Dantas que demitiu o PHA?

− Cara, no mínimo tem um dedo dele nesta sacanagem. Tudo o que estou te dizendo aqui é o que PHA escrevia sobre a BrOi, e quase nada saiu na grande imprensa. É assunto melhor e mais relevante do que as baboseiras que a Míriam Leitão escreve. Mas... é a ditadura do PIG, um dos partidos das elites, que temem abrir as cortinas e mostrar como fabricam suas salsichas, ninguém comeria.

− É, bota piranhagem nisso...

domingo, 23 de março de 2008

Daniel, Daniels

Assistindo Sangue Negro, vi na ganância, na falta de medidas, no testempero, no egoísmo, na falta de ética, na crueldade, na sede de jogar do personagem Daniel Plainview, semelhanças inquestionáveis com o nosso homem de negócios Daniel Dantas.

But. Não acredito em idiossincrasias.

sábado, 22 de março de 2008

Sobre descontinuidades


Não entendeu? Clique aqui.

Permanência no IBest e outros passos

Este blog não concorre ao IBest, fiz selo contra o prêmio, mas agora, de cabeça fria e pensando politicamente, acho que os sites de esquerda que concorrem devem continuar. Até mesmo para mostrar as contradições do IG, como a do Conversa Afiada liderar em sua categoria, enquanto foi justificado que ele não dava audiência. Ou mesmo para impedir que notórios blogs de direita tenham algum motivo para comemorar. Mas continuo não dando valor ao prêmio. Não gosto da concorrência entre blogs alternativos à grande mídia. O que desejo mesmo, e gostaria de estar presente, é na criação de um grande movimento destes blogs, talvez apontados em um grande portal, com ações unitárias que ajudem a ampliar a nossa voz. Não tenho idéias prontas, mas estou disponível para trabalhar por este projeto. Quem assim também desejar, pode contar com nosso empenho.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Um dia de cão


Não entendeu? Leia a versão oficial. Ou melhor, o ótimo comentário de Lagartixa no mesmo lugar:

Falta um pouco de contexto nessa história. Vamos lá... Caio Tulio Costa é diretor do IG. Caio Tulio Costa é tucano. Caio Tulio Costa é amigo do Serra e não perdoa PH Amorim por bater no Serra todo dia, usando o Portal que ele, Caio Tulio, dirige. Mas, Caio Túlio não é o dono da grana. E, aí, chegamos ao ponto principal: o IG pertence à Brasil Telecom. A Brasil Telecom deve ser vendida à OI - operação incentivada, dizem, pelo Governo Federal. Da União da OI com Brasil Telecom surgiria uma grande companhiabrasileira. Mas, detalhe: quem é um dos donos da OI? Jereissati (irmao do Tasso). Ou seja: os tucanos passariam a ser donos da Brasil Telecom e, por extensao, do proprio IG. Claro que, na negociação, devem ter colocado na mesa: antes de fechar negocio, tirem o PH Amorim de lá!! O PH entrou como troco na negociação. Brasil Telecom tira o cara, e assim pode pedir umas dez milhas a mais! Sao negocios. É didatico: nao existe jornalismo independente. Manda o dono do negocio! Sempre. O que há sao algumas frestas, por onde os jornalistas que pensam tentam mabdar seu recao. Mas a fresta está sempre prestes a ser fechada pelo patrao! PH sai dessa muito maior E o Caio Tulio se iguala a Ali Kamel. Caio Tulio agora faz jus ao apelido que o Paulo Francis uma vez lhe sapecou - "cara de lagartixa". Eles que se danem. PH Amorim estará mais livre agora, pra cumprir um papel importante de critica e vigilancia.

Pois é, se tem tucano na treta, por que não podemos ter lagartixa...?

E foi um dia de cão. Com notícias desencontradas, o dia todo com o blog do Nassif fora do ar. Até agora. E por falar nele, enfim sabemos sobre o processo que a Veja move contra Nassif. A acusação está a cargo do advogado Darcy Arruda Miranda Júnior, formado em letras e filosofia, que à luz de seus conhecimentos diz nos autos:

“O jornalista, no seu sacerdócio, deve ser sereno como um juiz, honesto como um confessor, verdadeiro como um justo.”

Nada mais perfeito para o grupo de Veja. Enxergo a mais plácida serenidade em Reinaldo, a mais clara honestidade em Mainardi, a total verdade em Sabino...

...

Atualizando:

O Paulo Henrique Amorim já está com endereço novo funcionado:

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/

O Nassif, depois de problemas técnicos (pô, vamos mandar a conta do cardiologista para esse analista de sistemas!), já está funcionado. Mas, ainda com problemas no endereço antigo. Sugere sabiamente atualizarmos para o:

http://www.luisnassif.com.br

Mais 1: Mino carta se despede do IG, em solidariedade a PHA.

Mais 2: O Rovai publica uma informação que ajuda a entender melhor a demissão de PHA: a Abril está hospedando suas revistas no IG.

Mais 3: Azenha e Rovai já estão caindo fora do Prêmio Ibest. Se vai ter campanha, já temos um selo:



A semana ainda promete...

terça-feira, 18 de março de 2008

Para alimentar

Encontre aqui a Revista Veja.

Michael Moore e a militância

Fui ver Sicko, do Michael Moore. Há pouco revi Roger and Me, e Fahrenheit, para digamos, fechar um ciclo de pensamento. Vejo, entre os filmes, melhoras técnicas, de roteiro e edição sensíveis. Os filmes são cada vez melhores.
Mas uma coisa não muda entre eles. A tomada de posição. Michael Moore toma uma posição, é militante e mostra este olhar, fatos, dados inquestionáveis e verdades muito mais inconvenientes que muitos documentaristas por aí tentam mostrar.
A visão da cidade de Flint pós fechamento da GM na década de 80 é um choque. As caras dos Bush são patéticas. As famílias destroçadas pela guerra, pelo desemprego e pelo sistema de saúde americano que ele imprime na tela são sim, chocantes, e mais chocantes por serem reais.

Mas... aí vem o ponto, já que não sou e nem pretendo ser crítica de cinema.

O que os detratores de Michael Moore usam contra ele? Nada contra os dados. Nada falam sobre os fatos. Falam de manipulação.
E apontam a postura militante do diretor como indício inquestionável para desmerecer suas obras.
Ora, ora, ora. Primeiro: existe neutralidade, ó ceus? Os filmões de Hollywood não trazem nenhuma visão de mundo? Hein?

Tá, não sou ingênua, então entendo o porquê dessa "naturalização" da posição de direita. Esta seria a posição a ser tomada, sempre, mesmo que com o discurso da neutralidade... ora, ser neutro é ser a favor. Não tentem me convencer do contrário.

E agora mais esta. Ser militante, por si só, é considerado um defeito. E pior, olhem ao seu redor. Percebam o desprezo mal disfarçado destinado aos que fazem discursos, ou ficam indignados (ai, que brega, que coisa mais antiga isso). São considerados desagradáveis. Não é de bom tom ou boa educação questionar.

Passou a ser o discurso (até de jovens, aqueles que outrora eram a maioria dos militantes) acusar de velhice os que militam.

E nada, mas nada é considerado mais pejorativo do que ser velho na nossa saudável, justa e belíssima sociedade (ironia incluída aqui, por favor).

segunda-feira, 17 de março de 2008

Xenofobia fascista nos EUA


Com a crise americana algumas conseqüências já são esperadas, entre elas o aumento da xenofobia fascista contra os imigrantes nos EUA. Uma prova disso é a atuação de grupos organizados que atuam contra a imigração ilegal, como o CCFILE, de dois irmãos em Boston, Jim e Joe Rizoli, que têm programas semanais na TV. É impressionante a linguagem xenófoba. No vídeo acima, cena de rua com brasileiros que comemoravam vitória da seleção brasileira na última Copa. A frase “nós perdemos o controle da cidade, temos que retomá-la” é usada nos créditos finais.

Quem é Fernando Globeira?



Depois de um longo e estável matrimônio, o PSDB concorre às prefeituras de várias capitais sem ter o DEM como seu fiel consorte. O projeto atual é vender sua imagem de centro-esquerda, desgastada ao longo dos anos de casamento. No Rio de Janeiro, seu nome é Fernando Gabeira. Um mito da esquerda, mais pelo passado do que pela prática política recente, onde sempre esteve afinado à nata do conservadorismo político. Para esta empreitada, as organizações Globo já reservam sua melhor munição, tendo lhe dado nos últimos dias vasto espaço na TV e no seu jornal.

Mas há motivos para existir um mito sobre este passado? Uma coisa é certa, Gabeira sempre foi excelente homem de mídia. Soube como poucos aproveitar os holofotes que lhe iluminaram na volta do exílio. E criou sobre si a imagem e uma história que o bem vende, porém contestada por antigos companheiros.

Esta outra versão de Gabeira está registrada no excelente documentário “Hércules 56”, de Silvio da-Rin, de 2006, onde 5 membros das duas organizações responsáveis pelo seqüestro do embaixador americano, Charles Elbrick, rememoram aquela ação. Suas falas são misturadas aos depoimentos de vários dos 15 presos políticos que foram trocados pelo embaixador, incluindo documentos de época, como a chegada do avião Hércules 56 ao México, onde um batalhão de repórteres de todo o planeta os esperavam. O resultado é brilhante.

Mas ao final fica uma pergunta, e o Gabeira? Ela só é respondida nos extras do DVD, em um pequeno documentário sobre várias apresentações do filme seguidas de debates, com a presença de alguns protagonistas. À pergunta feita, o diretor justifica que foi escolha sua, baseado na real importância de Fernando Gabeira no episódio, o que é confirmado por outros ex-guerrilheiros presentes, que estranharam o que foi relatado em “O que é isso, companheiro?”, o horrendo filme de Bruno Barreto, baseado no livro do jornalista-deputado, que a mídia sempre louvou a importância.

domingo, 16 de março de 2008

Mais selos

Mais quatro idéias para o selinho contra a Veja, feitas com meus conhecimentos avançados de PaintBrush, proposta do Idelber lá no Biscoito Fino.

A idéia da frase é sugestão dos comentários de lá. Há uma comunidade do Orkut com este slogan. Fiz apenas uma pequena adaptação gráfica.


Outra boa idéia dos comentários.


Idéia minha de slogan.


Outra idéia. Confesso que por enquanto é a que mais gosto. Remete à campanha contra as drogas.

Apareçam por lá, contribuam e comentem.

sábado, 15 de março de 2008

Selo para campanha contra a Veja



O Idelber, do O Biscoito Fino e a Massa, está organizando sugestões para um selo de campanha. Essa é minha idéia de pronto. Bem minimalista. Quem sabe penso em mais outras? O que vocês recomendam?

sexta-feira, 14 de março de 2008

E também não era por causa da Al Qaeda...

Estudo do Pentágono admite que não existiam laços entre Saddam Hussein e a Al Qaeda, motivo que o governo americano justificou para a invasão do Iraque. Disse a AFP ontem, mas nossos jornalões não se interessaram ou estavam distraídos. O estudo foi distribuído com discrição pelos militares, sem referências em seu site na Internet.

Só uma pergunta: se mataram aquela gente toda, não por existência de armas químicas, não pela ligação do governo com a Al Qaeda, foi por qual motivo? Mas acho que essa pergunta a nossa mídia não vai fazer.

Diálogo da América louca



− Estou bolado com a quebra do Carlyle Capital. Tem a maior cara de escândalo da Enron, alguns personagens são os mesmos...

− Quem?

− Pô, a família Bush. Ken Lay, fundador da Enron, foi o principal financiador das campanhas políticas de Bush. Amigão do peito. Os negócios eram estreitos com a Casa Branca. O congresso americano tentou cobrar, falaram grosso, a mídia saiu de fininho. Eles tinham foco nos investimentos em energia, expertise dos Bush e bando, ficavam no Texas, as ligações são grandes...

− Ah...tá, e o Carlyle Capital?

− Faz parte do Carlyle Group, empresa com negócios diversificados. Até há pouco, Bush pai era um de seus diretores. Você viu o Fahrenheit do Michael Moore? Ele mostra isso...

− Ah, mas o Michael Moore...

− Nem vem, é notório. Uma das empresas do grupo é a United Defence, uma das maiores empresas mundiais da indústria armamentista, donos dos tanques Bradley, canhão Crusader entre outras traquitanas mortíferas que fizeram a festa em Bagdá.

− Não vejo nada de errado...

− Cacete! Sabe quem eram diretores, sócios? A família Bin Laden. Pensa só: um membro da família, dizem, faz um atentado. Em reação, uma guerra. Os negócios da família prosperam intensamente. E não fica só. Qual o grande negócio original dos Bin Laden, que fez a fortuna de seu falecido pai?

− Sei lá.

− Indústria de construção. Na reconstrução do Iraque quem estava junto com a Halliburton do vice-presidente Dick Cheney? Os Bin Laden. Quer dizer, os caras, todos eles, estão envolvidos com destruição e reconstrução, apropriação de recursos de outros, petróleo, quebra de empresas, mamatas. A lista é grande.

− Você é um exagerado e crédulo em teorias conspiratórias. Eles são homens de negócios que sabem enxergar oportunidades.

− Pomba, eles ferraram com um montão de pessoas, tem armação em tudo, picaretagem braba, e o Bush vai terminar seu segundo mandato, talvez reelegendo o candidato do seu partido. Enquanto isso, o governador de NY perde o cargo, talvez a licença de advogado por uma ferradinha em garota de programa...

− Ah, mas aí já é diferente... Por falar nisso, você viu a moça? Hummm...

− ...

quinta-feira, 13 de março de 2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

A farsa do diário da guerrilheira



O diário colombiano El Tiempo publicou, em setembro de 2007, reportagem com trechos do diário da guerrilheira “Eillen”, supostamente achado em acampamento das FARC. A jovem, de 29 anos, foi identificada pelo jornal como a holandesa Tanja Nijmeijer, graduada em filologia hispânica, de família de classe média e na Colômbia desde 2002, quando chegou dentro de programa da ONG Pax Christi, para logo em seguir entrar na guerrilha.

A versão, divulgada pelo exército e publicada pelo jornal, repercutiu em toda a mídia mundial, e com grande comoção na Holanda. Um dos trechos no alegado diário dizia o seguinte:


Estou cansada, cansada das FARC, cansada desta gente, cansada de viver em comunidade, cansada de nunca ter algo para mim.


Desde então, a mídia e o governo Uribe sustentam que ela é mais uma seqüestrada, ao ser impedida de sair da guerrilha, o que sua família não confirma. Sua mãe disse que, pouco antes do episódio, a filha garantiu estar planejando férias em casa.

Seguindo a mesma tese, em 16 de fevereiro último, a revista colombiana Semana, pró-Uribe, publica que a guerrilheira está em julgamento militar e, como castigo, está sendo obrigada a fazer um documentário, nos moldes de Guerrilha Girl. E que tal produção , de uma equipe holandesa, era patrocinada com dinheiro das FARC.

A matéria é veementemente desmentida pelo próprio diretor do documentário, Ivan vd Boer, nome de guerra, em texto na Agência de Notícias Nova Colômbia, que reafirma que em nenhum momento Tanja foi obrigada a participar e que o seu interesse é o da Nova, produtora independente de TV holandesa. Diz ele:


Finalmente, quero deixar claro ao analista que não pode haver comparação alguma com outras produções e a determinação de produzir um filme sobre a vida da guerrilheira Eillen é uma determinação pessoal e livre, o processo está em marcha, queira-se ou não, junto ao direito irrenunciável de um povo que tem empreendido o caminho de sua definitiva independência para o socialismo e a Pátria Grande, que um povo que tem cultura é um povo que luta, resiste e se liberta.


Belas palavras, promete um imperdível filme. Uribe-Bush devem estar em pânico.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Assessoria para quem precisa...

Assessorias de imprensa são uma praga. Hoje, quase o mundo todo tem uma. De botequim a jogador de futebol, passando por ex-participantes do Big Brother, todos falam por um assessor. O mesmo que cava a pauta da semana para seu protegido e responde à imprensa quando a coisa pega. É modernismo mundial e relativamente recente, mas está de acordo com o que se transformou o nosso jornalismo. Uma nota feita pela assessoria muitas vezes tem mais peso que a velha e já quase aposentada reportagem. A palavra do assessor é sempre mais publicável que a montanha de anotações de um repórter iniciante. Principalmente quando se trata de alguém bem visto pela “casa”.

Pensando em tudo isso, achei divertidíssima a piada que li na coluna de Renato Pompeu, ótimo jornalista de tempos outros, na última Caros Amigos. É um fiel retrato da hipocrisia da nossa nova era midiática.

Diz ele, em tradução do original em inglês, recebido em lista de discussão:

Judy Wallman, uma genealogista profissional, descobriu que um tio-bisavô da senadora americana Hillary Clinton, Remus Rodham, era ladrão de cavalos e assaltante de trem em Montana. Passou uma temporada na prisão e, solto, assaltou outro trem, tendo sido de novo preso e enforcado.

Ciente da informação, assim foi emitida a nota da assessoria de imprensa da senadora:

Remus Rodham foi um famoso vaqueiro no território de Montana. Seu império empresarial incluiu a aquisição de valiosos ativos eqüestres e negócios estreitos com a ferrovia de Montana. A partir de 1883, passou alguns anos trabalhando para o governo, retomando a seguir seus negócios. Em 1887, foi um participante-chave numa crucial investigação da renomada Agência de Detetives Pinkerton. Em 1889, Remos faleceu durante uma importante cerimônia pública em sua honra, quando despencou a plataforma em que estava.

Greg Palast desmascara Uribe

Greg Palast, um dos poucos jornalistas da grande mídia que nadam contra a corrente, teve acesso e publica em seu blog a mensagem de Raúl Reyes que supostamente se referia aos US$ 300 milhões que Chávez teria enviado às FARC, segundo declaração do general Oscar Naranjo, chefe da polícia colombiana, repetida por Uribe e Bush e repercutida em escandalosas manchetes de nossa comprometida mídia. O que diz o texto? Nada do que foi dito. Leiam o trecho onde surgiu a denúncia:

"
Camaradas secretariado. Cordial saludo. Por dos días nos reunimos con
Rodríguez. Conclusiones principales:
1- Con relación a 300, que en adelante llamaremos ossierya hay
gestiones adelantadas por instrucciones del jefe del cojo, las cuales
comentaré en nota aparte. Al jefe lo llamaremos Ángel, y al cojo Ernesto.
2- Para recibir a los tres liberados, Chávez plantea tres opciones:
Plan A. Hacerlo a través de una aravana humanitariade la que harían parte Venezuela, Francia, Piedad, Suiza, Unión Europea, demócratas, Argentina, Cruz Roja etc. Mecanismo: similar al utilizado cuando nos recogieron para los diálogos de Caracas y Tlaxcala, es decir, en helicópteros recogerían en la coordenadas que se indiquen, y que sólo conocerá Rodríguez Chacín. De ahí serían trasladados a un aeropuerto cercano donde los esperaría un avión para trasladarlos directamente a Caracas.

"

Onde entra Hugo Chávez com dinheiro? Onde estão os 300 milhões? Todo o texto é parte de um longo relatório sobre a tentativa de liberação de reféns, onde Chávez aparece como negociador. Nada que possa justificar as declarações dos comprometidos representantes do governo colombiano. Nada que justifique o tratamento da mídia.

Greg Palast trabalha para a BBC e é repórter do The Observer, diário britânico. A ele é creditada a primeira reportagem que acusou Jeb Bush, governador da Flórida, de fraudar as eleições em favor de seu irmão, George Bush.

Ainda bem que existem jornalistas como ele.

domingo, 9 de março de 2008

Viva as mulheres guerrilheiras

No sábado, dia 8 de março, desejava publicar aqui uma homenagem ao dia Internacional das Mulheres. Matutei algumas coisas, imaginava escolher um exemplo de mulher que representasse muitas. Demorei, outras demandas me fizeram postergar, quando vejo no Blog do Mello a melhor das homenagens, que muito me emocionou. O documentário dinamarquês “Guerrilla Girl”, de 2005, que mostra a entrada de Isabel, uma jovem colombiana de 21 anos, para a guerrilha das FARC. Vale a pena ver. E fica aqui também a minha homenagem, neste exemplo de mulheres, as guerrilheiras.

sábado, 8 de março de 2008

A mídia diz que sabe, mas não fala

Posso estar enganado, mas a primeira citação na grande imprensa sobre a série de Luiz Nassif sobre a Veja saiu hoje, em nota do colunista Jorge Bastos Moreno, no Globo deste sábado.

Começa assim:


Estive em SP. Lá não se fala de outra coisa a não ser em briga de coleguinhas.
Esqueceram até do Serra.



E segue uma conversa mole, marota, pouco mais dizendo, apenas sarcasmo em comparar esta briga, masculina, com possíveis outras no Rio, onde há mulheres e notícias.

Não é nada, não é nada, mas já há registro histórico de que algo acontece, muitos falam. E mesmo assim, a mídia não tem o interesse em informar.

sexta-feira, 7 de março de 2008

A mídia ilumina Serra



A vida não anda fácil para José Serra. Desceu ladeira abaixo sua sonhada aliança PSDB-DEM para a prefeitura, com Alckmin e Kassab adversários. Isso logo depois de ter perdido a liderança da Câmara dos Deputados para o candidato apoiado por Aécio. Como se o inferno astral ainda fosse pouco, São Paulo viveu um dia de caos na última terça-feira, conseqüência de um apagão elétrico que parou o Metrô, deu um nó no trânsito, afetou indústrias, hospitais e 3 milhões de famílias.

Como a mídia tratou o fato? Burocraticamente. Serra foi poupado e nem um único editorial foi usado para cobrar responsabilidades do governo estadual ou da Companhia Transmissora de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). Entende-se. A empresa foi privatizada no ano passado, arrematada pela Interconexión Eléctrica S/A (ISA), estatal de energia elétrica lá na Colômbia de Uribe. Desde então, uma campanha era desenvolvida na mídia para elogiar a empresa e os números recentemente conseguidos, como seus 136% de lucro. Como? Segundo a mídia, com corte em gastos e despesas, e um novo modelo de gestão mais moderno.

Agora, nenhum editorial se preocupou, nem foram lembrados os protestos que marcaram a nova empresa desde a privatização. O Ministério Público havia tentado suspender o leilão através de um inquérito civil, acusando os executores de improbidade administrativa. Desde então, os trabalhadores e seu sindicato acusam a “nova gestão” da empresa de estar colocando em risco a qualidade do seu serviço, ao reduzir drasticamente seu quadro de funcionários, de 3.200 para 1.200, com a paralisação de investimentos em infra-estrutura.

Tudo esquecido. Uma situação bem diferente de janeiro deste ano, quando a imprensa estampava gritadas manchetes sobre o iminente apagão do Lula, que não aconteceu, cedendo seus holofotes para a febre amarela.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ali Kamel, este desconhecido

Uma leitora deste blog nos dá um correto puxão de orelha. Ela, na Paraíba, nunca ouviu falar do Kamel. Justíssimo. E erro nosso. Esquecemos que o sujeito só aparece em parte do Brasil, ajudado pela mídia mais do que amiga. Sem ela, ele não existe. Disse nossa leitora, Érica Santos:

"
Meus queridos, gostei de muito do que li aqui, mas estou perdida para entender melhor quem é esse Ali Kamel. Aqui em João Pessoa, o único Ali que conheço é dono de um armarinho.
"

Cara Érica. Nosso modesto blog começa a ser lido por muitos e gente de todos os lugares do Brasil. Estamos felizes. Mas precisamos aprender a não usar nossas ironias e incômodos de forma incompreensível:

Ali Kamel é o atual diretor de jornalismo da TV Globo. Foi repórter e depois diretor de redação do jornal O Globo, onde eventualmente ainda escreve artigos, sempre polêmicos, defendendo idéias conservadoras e justificando o injustificável. Segundo comentário de Mino Carta, ele não escreve para muitos, seu desejo é ser lido apenas por seus patrões. Neste objetivo, tentou defender a TV Globo dizendo que ela sempre apoiou o movimento das diretas, uma desavergonhada mentira. Que o jornalismo feito no Brasil é isento e de ótima qualidade. E publicou uma série de artigos, depois um livro, onde defendia que no Brasil não existe racismo.

Seus argumentos chegam a ser simplórios. Mas é sempre ajudado por uma mão amiga da mídia que faz repercussão de seus devaneios. A Kelly, minha sócia no blog, aponta as contradições de seu último artigo, onde ele critica o Bolsa Família por ter seus recursos desviados quando os beneficiários compram eletrodomésticos, e não comida. A crítica de Kamel é conflitante com as idéias do liberalismo, ideologia de seus patrões.

Obrigado pelo toque, Érica. E pedimos desculpas a todos pelo nosso esquecimento da total inexpressividade do senhor Ali Kamel.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Liberalismo à la Kamel

Ele não sabe o que diz, ó pai.

Leio sobre o liberalismo. Busco em Hayek os fundamentos da crítica ao bolsa-família do nosso querido Ali Kamel. Não acho.

Mas insisto. Sou chata. Cato em seu artigo Bolsa-Eletroméstico a visão que fundamentaria a dimensão de desvio de recursos. Não acho.

Não satisfeita, já que meu lado auto-crítico é exigente, busco experiências em países de tradição liberal as críticas sobre o mau uso das políticas de compensação social. Não acho.

Assim como não encontro, nas normas da compensação, nada sobre o que deveria ser comprado, consumido ou detonado, whatever it is, com tais recursos.

Não estou falando de normas brasileiras, estou falando de economias liberais. Ou ditas liberais.


Então, vamos às aulas: os Estados Unidos, a Inglaterra etc, países que professam a teoria liberal são contrários às limitações das liberdades individuais no que dizem respeito a que fazer com nossos bens e vontades, certo? E isso é o Pareto Ótimo para estas economias. O ideal está na liberdade, certo? Neca de determinar o que fazer, confere? Ainda mais pelo Estado. Isso é economia planificada, o Mal.

Então. Os países citados foram dos primeiros a ter políticas compensatórias. A partir da idéia liberal que deveríamos ter igualdade de oportunidades, não dá para pensar em um mundo onde uns têm herança e outros só têm as dívidas paternas como futuro, blá blá. Daí, impostos sobre herança e renda mínima, educação etc etc etc para todos, para que nossas potencialidades sejam julgadas e premiadas pelo ser supremo, o Mercado.

Chegamos ao terceiro mundo. Aqui, no Brasil. Ora bolas. Alguém constesta nosso pior lugar no ranking da desigualdade social? Opa. Chegamos ao quinto. De baixo para cima....

O presidente lança o bolsa-família - é pra ganhar votos! Bem, e o que não é? - e objetivamente diminui a desigualdade social. Os cabras ganham até 200 pilas para comprar o que necessitam. Ou simplesmente o que quiserem, certo? Os meus liberais dizem que sim.

Desconsideremos a pressão positiva sobre o aumento da renda causado pela Bolsa-Familia (ou sobre a distribuição de renda, eeei, liberais, aqui temos um ponto em comum!) dos trabalhadores dos canaviais, por exemplo – foi provado que já que os usineiros pagavam meia mariola para seus escravos, ops, trabalhadores, estes assim decidiram que ficar em casa era mais negócio que receber o que era oferecido, a maldita bolsa foi de fato fator fundamental para que a remuneração para cortar cana fosse aumentada - o que foi interpretada pelos nossos liberais como "preguiça de trabalhar"...


Enfim, colegas. Catei, catei e não achei. Nada na teoria liberal clássica que condene o uso LIVRE dos recursos pelos seus beneficiários. Seriam nossos liberais ignorantes pura e simplesmente ou eles querem ter um Estado – E maiúsculo – dirigido?

terça-feira, 4 de março de 2008

Diálogo colombino



Conversa com um crédulo e acrítico leitor dos nossos bem informados jornais:


− Esse Uribe é um canalha!

− Ah, mas ele foi macho. Os caras estavam fazendo jogo duro para libertar os reféns.

− Muito pelo contrário. Assassinaram o principal negociador das Farc, o Raúl Reys. Agora tudo ficou mais difícil. O que Uribe queria era exatamente evitar a libertação. Coisa de traíra.

− Mas esses caras são terroristas, não dá para confiar.

− Terroristas? Eles são um outro estado dentro daquele país. São guerrilheiros, querem implantar um governo marxista-leninista. Foram organizados em 1964 quando perseguidos por militares e paramilitares à mando da elite corrupta e assassina.

− Se querem o poder, deviam sair da clandestinidade. Fazer um partido e disputar eleições, dentro da democracia.

− Mas foi o que fizeram em 1984. Assinaram um acordo de cessar-fogo com o então governo de Belisário Betancur, criando a União Patriótica, uma frente de várias tendências, que elegeu 350 conselheiros municipais, 23 deputados e 6 senadores.

− E desistiram? Aposto que não gostaram da experiência democrática.

− Claro que não gostaram. As elites e o governo se aproveitaram do momento e assassinaram vários parlamentares, incluindo dois candidatos presidenciais, em um total de 4 mil militantes.

− Ah, mas hoje eles são ligados aos narcotraficantes.

− É uma grande mentira, criada pelo ex-embaixador dos EUA na Colômbia, Louis Stamb, e até hoje repetida pela mídia. A Colômbia, sua elite, vive e depende do narcotráfico. Seu atual presidente tem negócios e interesses nas drogas.

− Aí você já está apelando. Isso é teoria da conspiração.

− É? Mas quem diz não sou eu, mas o próprio governo americano.

− Cumé?

− Saiu na Newsweek de 9 de agosto de 2004. Segundo ela, um relatório do Departamento de Defesa dos EUA, de 1991, faz um Quem é Quem do mercado de drogas colombiano. Em uma lista dos 100 o nome de Álvaro Uribe Velez é o número 82. E ainda afirma a revista que ele tinha negócios nos EUA que envolviam cocaína, além de ser grande amigo de Pablo Escobar.

− Que babado! Ah, mas tem o Plano Colômbia, os EUA querem acabar com a produção de cocaína no país.

− Querem? O Plano Colômbia aumentou a produção. O grande país do norte é parceiro e interessado na produção de cocaína mundial.

− Tá maluco! E o DEA?

− Foram apanhados juntos com paramilitares. O governo americano, CIA e drogas fazem uma combinação há muito controvertida. Pesquise no Google.

− Teoria da conspiração!

− Pesquise o caso Irã-Contras. Tinham drogas naquele mafuá.

− O fato é que mataram os caras de pijamas, isso eu concordo.

− Pois é. Tem vídeo que mostra que foi de madrugada, todos dormiam, uma covardia.

− Até concordo.

− Mas de pijamas? E guerrilheiro usa pijamas? Na selva?

− Ah, mas eu li nos jornais.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Sobre macacos



Caro senhor Mainardi,

Não desejo que a leitura de suas colunas se torne um dos meus novos hábitos. Tenho mais o que fazer. Aqui já comentei as duas anteriores, talvez bastasse. Mas amigos chamaram minha atenção para a última, onde mais uma vez seu cinismo manifesta ódio para com algo que me diz respeito. Esta sua frase me parece exemplar:

“Num tempo dominado pela mais absoluta demagogia intelectual, em que todas as idéias parecem se equivaler, em que qualquer macaco pode abrir um blog e opinar sobre Lewis Carroll e Georges Seurat, a história da enxaqueca ajuda a restabelecer alguns valores”

Há muito a considerar sobre esta boa amostra de seus pensamentos, começaria onde concordo com um único dos argumentos: de fato, qualquer um pode abrir um blog e opinar sobre qualquer assunto. É muito fácil. Bastam algumas clicadas, e é de graça. Simples até mesmo para um macaco. Não por outro motivo existam milhões deles no planeta. Mas, apenas a facilidade e o número pouco diz. Importa o blog ter o que dizer, e a quem. Pode ser a um número restrito, mas fiel. Ou a um maior, coisa onde poucos se destacam. Mas o suficiente para ser um fenômeno tão forte que a mídia tradicional passou a preocupar-se com esta concorrência, como o seu veículo, que tenta competir com as mesmas armas.

E aqui está o início do seu incômodo. Alguém, não escolhido, talvez um macaco, pode neste descalabro moderno opinar indevidamente sobre assuntos não pertinentes ao seu pedigree, concluo ser este o seu pensamento. O que fica claro que o senhor defende um corporativismo opinativo. Apenas a grande mídia deveria, quem sabe por lei e direito, manifestar-se cotidianamente sobre o mundo, a cidade, a filosofia, a história, o comportamento humano, até suas dores, quem sabe até suas enxaquecas, imagino.

Uma lembrança histórica para análise: há algumas décadas existiam dezenas de jornais diários aqui no Rio de Janeiro. Cada um tinha o que dizer a seu público. Eram diversos, com razoável conteúdo. O que mudou, principalmente a partir da década de 60? Muito. Em resumo, a mídia concentrou-se, em grandes grupos, com favorecimentos aos negociados e aparentados das elites, benefícios diversos foram oferecidos.

Se em um blog qualquer mané escreve, que processo existe na escolha dos quadros da grande mídia? É mais apurado? Tenho minhas dúvidas. Certamente exige-se um perfil distinto da qualidade de seu texto, dos seus conhecimentos. Gestão de negócios é muito bem vista. Afinal, o jornalismo, e o colunismo em particular, tem um foco muito específico em business, você sabe bem do que estou falando.

Portanto, se existe demagogia intelectual, se todas as idéias se equivalem, não é algo de responsabilidade do novo mundo dos blogs. Neste, o mundo viceja em inteligência. Há diversidade, opiniões e informações variadas. No seu mundo, o dos negócios, do toma aqui eu digo lá, a verdade é a primeira assassinada, sobrevive apenas a hipocrisia dos interesses. Apenas valem os objetivos, pessoais ou do patrão. Até enxaquecas são assunto, desde que no final algo possa ser mensurado mecanicamente na planilha. Coisa simples, até para macacos.

PS: Vi outro dia na TV um macaco que fazia cálculos matemáticos. Cuidado. Algum pode tomar seu bem remunerado emprego.

sábado, 1 de março de 2008

Fica cada dia mais difícil

não ser contrária ao estado de Israel.

Mas não tenho quase nada a dizer depois do que a PalestinaDoEspetaculo disse. Até tenho, mas estou sob o impacto ainda.

Blogosfera

O Blowg está no Marinaw.com.br

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