sexta-feira, 7 de março de 2008

A mídia ilumina Serra



A vida não anda fácil para José Serra. Desceu ladeira abaixo sua sonhada aliança PSDB-DEM para a prefeitura, com Alckmin e Kassab adversários. Isso logo depois de ter perdido a liderança da Câmara dos Deputados para o candidato apoiado por Aécio. Como se o inferno astral ainda fosse pouco, São Paulo viveu um dia de caos na última terça-feira, conseqüência de um apagão elétrico que parou o Metrô, deu um nó no trânsito, afetou indústrias, hospitais e 3 milhões de famílias.

Como a mídia tratou o fato? Burocraticamente. Serra foi poupado e nem um único editorial foi usado para cobrar responsabilidades do governo estadual ou da Companhia Transmissora de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). Entende-se. A empresa foi privatizada no ano passado, arrematada pela Interconexión Eléctrica S/A (ISA), estatal de energia elétrica lá na Colômbia de Uribe. Desde então, uma campanha era desenvolvida na mídia para elogiar a empresa e os números recentemente conseguidos, como seus 136% de lucro. Como? Segundo a mídia, com corte em gastos e despesas, e um novo modelo de gestão mais moderno.

Agora, nenhum editorial se preocupou, nem foram lembrados os protestos que marcaram a nova empresa desde a privatização. O Ministério Público havia tentado suspender o leilão através de um inquérito civil, acusando os executores de improbidade administrativa. Desde então, os trabalhadores e seu sindicato acusam a “nova gestão” da empresa de estar colocando em risco a qualidade do seu serviço, ao reduzir drasticamente seu quadro de funcionários, de 3.200 para 1.200, com a paralisação de investimentos em infra-estrutura.

Tudo esquecido. Uma situação bem diferente de janeiro deste ano, quando a imprensa estampava gritadas manchetes sobre o iminente apagão do Lula, que não aconteceu, cedendo seus holofotes para a febre amarela.

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