quarta-feira, 12 de março de 2008

A farsa do diário da guerrilheira



O diário colombiano El Tiempo publicou, em setembro de 2007, reportagem com trechos do diário da guerrilheira “Eillen”, supostamente achado em acampamento das FARC. A jovem, de 29 anos, foi identificada pelo jornal como a holandesa Tanja Nijmeijer, graduada em filologia hispânica, de família de classe média e na Colômbia desde 2002, quando chegou dentro de programa da ONG Pax Christi, para logo em seguir entrar na guerrilha.

A versão, divulgada pelo exército e publicada pelo jornal, repercutiu em toda a mídia mundial, e com grande comoção na Holanda. Um dos trechos no alegado diário dizia o seguinte:


Estou cansada, cansada das FARC, cansada desta gente, cansada de viver em comunidade, cansada de nunca ter algo para mim.


Desde então, a mídia e o governo Uribe sustentam que ela é mais uma seqüestrada, ao ser impedida de sair da guerrilha, o que sua família não confirma. Sua mãe disse que, pouco antes do episódio, a filha garantiu estar planejando férias em casa.

Seguindo a mesma tese, em 16 de fevereiro último, a revista colombiana Semana, pró-Uribe, publica que a guerrilheira está em julgamento militar e, como castigo, está sendo obrigada a fazer um documentário, nos moldes de Guerrilha Girl. E que tal produção , de uma equipe holandesa, era patrocinada com dinheiro das FARC.

A matéria é veementemente desmentida pelo próprio diretor do documentário, Ivan vd Boer, nome de guerra, em texto na Agência de Notícias Nova Colômbia, que reafirma que em nenhum momento Tanja foi obrigada a participar e que o seu interesse é o da Nova, produtora independente de TV holandesa. Diz ele:


Finalmente, quero deixar claro ao analista que não pode haver comparação alguma com outras produções e a determinação de produzir um filme sobre a vida da guerrilheira Eillen é uma determinação pessoal e livre, o processo está em marcha, queira-se ou não, junto ao direito irrenunciável de um povo que tem empreendido o caminho de sua definitiva independência para o socialismo e a Pátria Grande, que um povo que tem cultura é um povo que luta, resiste e se liberta.


Belas palavras, promete um imperdível filme. Uribe-Bush devem estar em pânico.

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