Fui ver Sicko, do Michael Moore. Há pouco revi Roger and Me, e Fahrenheit, para digamos, fechar um ciclo de pensamento. Vejo, entre os filmes, melhoras técnicas, de roteiro e edição sensíveis. Os filmes são cada vez melhores.
Mas uma coisa não muda entre eles. A tomada de posição. Michael Moore toma uma posição, é militante e mostra este olhar, fatos, dados inquestionáveis e verdades muito mais inconvenientes que muitos documentaristas por aí tentam mostrar.
A visão da cidade de Flint pós fechamento da GM na década de 80 é um choque. As caras dos Bush são patéticas. As famílias destroçadas pela guerra, pelo desemprego e pelo sistema de saúde americano que ele imprime na tela são sim, chocantes, e mais chocantes por serem reais.
Mas... aí vem o ponto, já que não sou e nem pretendo ser crítica de cinema.
O que os detratores de Michael Moore usam contra ele? Nada contra os dados. Nada falam sobre os fatos. Falam de manipulação.
E apontam a postura militante do diretor como indício inquestionável para desmerecer suas obras.
Ora, ora, ora. Primeiro: existe neutralidade, ó ceus? Os filmões de Hollywood não trazem nenhuma visão de mundo? Hein?
Tá, não sou ingênua, então entendo o porquê dessa "naturalização" da posição de direita. Esta seria a posição a ser tomada, sempre, mesmo que com o discurso da neutralidade... ora, ser neutro é ser a favor. Não tentem me convencer do contrário.
E agora mais esta. Ser militante, por si só, é considerado um defeito. E pior, olhem ao seu redor. Percebam o desprezo mal disfarçado destinado aos que fazem discursos, ou ficam indignados (ai, que brega, que coisa mais antiga isso). São considerados desagradáveis. Não é de bom tom ou boa educação questionar.
Passou a ser o discurso (até de jovens, aqueles que outrora eram a maioria dos militantes) acusar de velhice os que militam.
E nada, mas nada é considerado mais pejorativo do que ser velho na nossa saudável, justa e belíssima sociedade (ironia incluída aqui, por favor).
Justa homenagem a Raphael Martinelli
Há 3 horas
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