segunda-feira, 17 de março de 2008

Quem é Fernando Globeira?



Depois de um longo e estável matrimônio, o PSDB concorre às prefeituras de várias capitais sem ter o DEM como seu fiel consorte. O projeto atual é vender sua imagem de centro-esquerda, desgastada ao longo dos anos de casamento. No Rio de Janeiro, seu nome é Fernando Gabeira. Um mito da esquerda, mais pelo passado do que pela prática política recente, onde sempre esteve afinado à nata do conservadorismo político. Para esta empreitada, as organizações Globo já reservam sua melhor munição, tendo lhe dado nos últimos dias vasto espaço na TV e no seu jornal.

Mas há motivos para existir um mito sobre este passado? Uma coisa é certa, Gabeira sempre foi excelente homem de mídia. Soube como poucos aproveitar os holofotes que lhe iluminaram na volta do exílio. E criou sobre si a imagem e uma história que o bem vende, porém contestada por antigos companheiros.

Esta outra versão de Gabeira está registrada no excelente documentário “Hércules 56”, de Silvio da-Rin, de 2006, onde 5 membros das duas organizações responsáveis pelo seqüestro do embaixador americano, Charles Elbrick, rememoram aquela ação. Suas falas são misturadas aos depoimentos de vários dos 15 presos políticos que foram trocados pelo embaixador, incluindo documentos de época, como a chegada do avião Hércules 56 ao México, onde um batalhão de repórteres de todo o planeta os esperavam. O resultado é brilhante.

Mas ao final fica uma pergunta, e o Gabeira? Ela só é respondida nos extras do DVD, em um pequeno documentário sobre várias apresentações do filme seguidas de debates, com a presença de alguns protagonistas. À pergunta feita, o diretor justifica que foi escolha sua, baseado na real importância de Fernando Gabeira no episódio, o que é confirmado por outros ex-guerrilheiros presentes, que estranharam o que foi relatado em “O que é isso, companheiro?”, o horrendo filme de Bruno Barreto, baseado no livro do jornalista-deputado, que a mídia sempre louvou a importância.

4 comentários:

Sergio Telles disse...

PSDB não quer mais ficar com fama de ultra-conservador, quer enganar assim como fez nas diretas, nas eleições de 89 e até chegar ao poder, que falavam ser de "centro-esquerda", mas só no bla bla bla, porque na prática são ultra-conservadores e ainda entreguistas, o que é pior. Taí o Serra detonando o patrimônio e o serviço público de SP, destruindo o que foi duramente construído em décadas.

Jurandir Paulo disse...

Sérgio, é uma honra tê-lo aqui. O PSDB vai precisar de muitas eleições para se livrar da mancha entreguista, do papel vergonhoso feito por FH ao país. Não creio que nesta, mesmo com o apoio já claro da TV Globo consigam. Só espero que as esquerdas consigam viabilizar uma candidatura capaz de concorrer e ganhar a prefeitura desta cidade, sempre governada pela fina flor do conservadorismo de nossas elites.

Eduardo Martinez disse...

Que injustiça com o pai do minimalismo nas areias cariocas, Jurandir (hehehe). Fico imaginando o símbolo da campanha dele: um tucano com sunga de crochê e um colírio Moura Brasil enfiado como enchimento. Quais as possibilidades de uma candidatura que una a esquerda, com as bênçãos do Redentor? Oremos e vigiemos também o "irmão" gurizinho. Gracias pela visita e pela "critica", gostei da mijada e já corrigi a postagem. Valeu. Carteiro e poeta ficaram honrados com tua presença e contribuição. Há bração...

Kelly Christynna disse...

Lembro dele abraçando a Lagoa, numa onda borboleta, nos 80´s...
e o que será do PV, que ainda comanda o Ministério da Cultura? Vai despedaçar de vez? Ou o Gabeira vai assinar a ficha de filiaçao tucana?