domingo, 13 de abril de 2008

Reflexões no final de semana



A oposição no divã

Notas e comentários vários nos últimos dias dão sinais de que a oposição ao governo Lula está querendo parar para pensar e rever sua estratégia. É prática já feita muitas vezes, agora parece algo mais sério. Segundo Ancelmo Góis, no Globo, Serra confessou a Marcelo Déda, do PT, governador de Sergipe, que a oposição ainda “não encontrou um discurso para 2010”. Entendam isso também como: “todas nossas tentativas de desmoralizar o governo não deram em nada”.

Apenas neste ano, a oposição, com a ajuda da aliada mídia, tentou criar pânico com um possível apagão elétrico federal, com a febre amarela, com várias denúncias sobre malversação de recursos na utilização de cartões corporativos. Tudo, até agora, sem sucesso para colocar o governo acuado e sem ação. As manchetes escandalosas sobre o apagão sumiram com as chuvas, a febre amarela desapareceu do noticiário quando o alarmismo criava vítimas com overdose da vacina, e as acusações sobre cartões corporativos mudaram de tom quando surgiram informações dos gastos no governo Serra e no governo de FHC. Neste ponto, a tática foi refeita e holofotes deixaram de lado o conteúdo das denúncias, passando a apostar em vazamento de informação, direcionados todos para a ministra, chefe da Casa Civil, possível candidata de Lula à sua sucessão.

E o pior aconteceu aos seus planos. Todo o empenho, todo o papel gasto pela mídia, todas as horas de TV não derrubaram a ministra, nem ao menos sua secretária-executiva, acusada sem provas pelo suposto delito. O efeito de tudo foi o mais indesejado para a oposição. Segundo pesquisa do próprio PSDB para mensurar o estrago feito, o nome de Dilma cresceu depois das denúncias. Foi registrado pelo Jornal do Brasil e repercutido por Eliane Catanhêde, da Folha, esta que antes dizia que Dilma estava morta eleitoralmente. Parece uma síndrome de tiro saindo pela culatra: Lula, mesmo com toda a campanha orquestrada, atingiu recentemente o mais alto índice de aprovação de seu governo, número mais alto do que o de FHC logo após o Plano Real.

Com tanta coisa dando errado, é compreensível que tenham todos a necessidade agora de uma boa terapia coletiva. Mas, com as notícias antecipadas da presença de Antonio Carlos Neto, o grampinho, e Rodrigo Maia, filho do prefeito da dengue no Rio, o tal “guri de merda”, dito por Jobim em uma solenidade, fica difícil acreditar em futuro para tal bando.

Showrnalismo é só para a patuléia

Talvez a conclusão fosse óbvia, mas confesso que só agora caiu a ficha. O jornal Valor Econômico segue um rumo diferente dos outros jornalões. Nesta semana só ele publicou matéria sobre os elogios do Bird ao Bolsa Família com críticas a má vontade da mídia brasileira com o programa. Não é a única matéria que segue pauta diferente do resto.

Mesmo sendo propriedade das Organizações Globo e da Folha, o seu público é a elite econômica, que não paga ingresso para ver as diatribes de um Arthur Virgilio. Os leitores são liberais. Como tal, entendem que em seu mundo, para a permanência do capitalismo, há de existir políticas de compensação, tal como Hayek e outros teóricos do modelo defendiam. Coisa que um Ali Kamel certamente não estudou. Vide ótimo comentário da Kelly.

Os leitores do Valor já estão convencidos, não precisam de conversas moles. Se a mídia precisa fazer propaganda, há de ser em seus outros jornais. E tome denúncias, dossiês, silêncio sobre fatos, tudo misturado a muito apelo, como a quase novela sobre a morte da menina em SP.

Este novo jornalismo, misturado com show, tal como cunhado por José Arbex, é só para a choldra, que pode se sensibilizar com a farsa inventada nas redações.

2 comentários:

Kelly Christynna disse...

hehehe, foi tiro no pé. ninguém entendeu o que seria o "vazamento do suposto dossiê", mas todo mundo viu a Dilma o dia todo, em todo lugar da mídia que não foi ocupado pelo sensacionalismo histérico que o caso isabela fez aflorar nos nossos "profissionais" da informação...

Joel Neto disse...

Cada dia que passa os tucademosarcaicos e o pig cai no conceito da população brasileira. A credibilidade deles tá abaixo de zero.