quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Fim de jogo para Mendes


A moral do presidente do STF, Gilmar Mendes, já tão abalada pela vexante reportagem de Leandro Fortes, na Carta Capital, ruiu por inteira ontem, depois do depoimento na CPI dos Grampos do sargento Aílton Carvalho de Queiroz, chefe da Seção de Operações Especiais da Secretaria de Segurança do Supremo Tribunal Federal. Esperava-se apenas que confirmasse que uma varredura no último dia 10 de julho constatara a existência de grampo. O depoimento disse algo diferente, inesperado e que coloca Mendes em péssima situação.

Segundo Queiroz, a varredura indicou uma provável escuta, mas que poderia ser motivada por sinais de TV. Mais preocupante disse em seguida: o relatório elaborado por ele, com o que foi apurado, e totalmente sigiloso, foi entregue à presidência. Questionado sobre a autoria do vazamento, que foi parar em destaque na revista Veja, foi claro: “Imagino que foi a própria presidência (quem vazou). Eu faço o relatório em duas vias e ele é entregue ao chefe de gabinete da presidência."

Luis Nassif foi conclusivo em seu blog: “Gilmar endossou uma conclusão falsa, em cima de um relatório inconclusivo, e uma possível fraude - o caso do suposto grampo preparado pela ABIN. E provavelmente passou para a revista o terceiro mote: o depoimento da desembargadora sobre supostos grampos, que não tinha uma informação conclusiva sequer”.

O depoimento atordoou a mídia. O G1, site das organizações Globo, deu a notícia, com o título afirmando: “Queiroz sugere que presidência do Supremo vazou relatório sigiloso”. Mas, o jornal O Globo, do mesmo grupo, em sua edição de hoje, dedica apenas uma nota de 10 linhas para afirmar que o sargento confirmou indícios de grampo no STF.

Minhas apostas são de que esta CPI acabou, junto com mais esta patética ação golpista. Mas não vamos esquecer o assunto. Faço minhas as palavras de Paulo Henrique Amorim:

E o Conselho Nacional de Justiça, não tem nada a declarar?
E o Ministério Público Federal, não tem nada a declarar?
E os outros dez ministros do Supremo – vão assistir à desconstrução moral da mais alta Corte?


***

Atualizando: Renato Parente, secretário de comunicação do STF, envia e-mail ao Luis Nassif, contestando afirmações no blog. Estranhamente, diz que “é desejável deixar à parte questões pessoais e empresariais, que em nada dizem respeito ao tribunal”, algo em que nenhum momento Nassif faz referência. Confusão de destinatário? Seria destinado a Carta Capital que revela os grandes negócios de Gilmar Mendes com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), onde é sócio? De qualquer forma, está evidente que o ministro acusou o golpe. E confusamente tenta reagir, via um de seus subordinados. A resposta de Nassif é uma lição de boa reportagem, três perguntas fundamentais. Vale a pena acompanhar o desenrolar deste novo episódio.

Não resisto a um comentário: quem diria? Aquelas manchetes escandalosas, dias e dias seguidos, sem nenhum fato novo, foram parar na blogosfera. Aparentemente, nada agora vai para o papel ou a TV. O elefante foi varrido para debaixo do tapete.

3 comentários:

Anônimo disse...

A tempos só trato o dito sujo com gilmarmerd@. Ele e a inVeja sõ farinha do mesmo saco, incluindo aí o demonis torres.

Anônimo disse...

jurandir:
me parece que você,como eu,não
tem grandes simpatias pelo doutor
gilmar,o homem dos hc mais rápidos do brasil.

Jurandir Paulo disse...

Romério, nenhuma simpatia. O magistrado é um legítimo representante do que há de mais perverso na justiça brasileira. É um político, nada julga sem um olho bem aberto nos interesses dos seus. Creio que andou tomando um tombo, veremos a gravidade dos seus ferimentos em breve.