Não gostei da propaganda da Marta, perguntando se Kassab era casado. Muito menos gostei da repercussão na imprensa. É muita hipocrisia, além dos limites suportáveis. Como agüentar o novo moralismo da Veja, anti-homofóbico, se em 18 de junho último perguntava ao próprio: “O senhor já afirmou outras vezes que gostaria de construir família. Como prefeito, não sobra tempo para namorar?”, “Não é muito comum um homem público de sua idade ser solteiro. O senhor não se sente sozinho de vez em quando?”, “Quem são seus melhores amigos?”. E os colunistas amestrados, todos pisando em ovos, destilando venenos e condenações a Marta, sua vida privada. Até em blogs e nos comentários de leitores, muitos transformam Kassab em vítima de insinuação injuriosa.
Kassab esconde muito mais no armário. Tem lá o Pitta, seu enriquecimento ilícito, seus compromissos com o pior da política. Mas a rasa discussão política, a falta de aprofundamento sobre os campos em disputa, seus projetos, fizeram destas eleições municipais um jogo onde os emblemas são mais sólidos do que conceitos. Veja o Rio, onde o conservador Gabeira foi transformado em paladino da mudança. O melhor comentário que li, e motivou aqui minha manifestação, foi da Mary W. Ela diz ao final:
"Mas não tem como eu deixar de ficar triste com isso. De ser baixaria insinuar que alguém é gay. E o foco do combate não deve ser perdido. Por que isso ainda é algo de tão gigantesco? Por que ainda é ofensivo? Por que ainda precisa de retratação? Por que ainda é munição de campanha? Etc etc."
É realmente triste toda essa discussão.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Sobre o armário de Kassab
Postado por Jurandir Paulo às 13:23
Marcadores: Eleições municipais
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4 comentários:
Se uma pessoa é bi, gay, hetero, nada disso será determinante se ele/ela será um bom governante.
Mas assuma o que você, não dê margem para comentários maliciosos, assuma e ponha um ponto final.
Acho que o Gabeira(não tô flando que ele é gay) é um traira de seus próprios pensamentos. Tantas coisas que ele defendeu agora ele esconde buscando votos dos conservadores... Fala o que pensa, depois pede desculpas, e a vereadora por sua vez (seu partido apoiando o mesmo) perdoa e tenho certeza que MUITOS que estão ou irão apoiar Gabeira é por causa das pesquisas e tb pelo receio do Paes entrar... outro que já declarou normal ser infiel...
Estamos mal arranjados no Rio de Janeiro...
Voto em quem se assume, em quem não muda sua postura só pra conquistar meu voto, em quem preza pela verdade... então fica claro em quem vou votar...
Pois é, Carolina, estamos muito mal arranjados aqui no Rio. E está difícil aguentar esta campanha de dois candidatos conservadores. Espero que ao menos fique uma boa lição para muitos.
Na propaganda da Marta, entendi que: se o candidato é casado (casado duas vezes tem problema?) e tem filhos, é heterosexual; se não é casado e não tem filho(s) é gay. Entendi isso como uma provocação desesperada e um ato preconceituoso inominável.
Qual a diferença de se andar c/ Pitta ou se andar c/ Zé Dirceu, Zé Ganoino, Paulinho da Força, Delúbio, Palloci, Severino? Qual a diferença de se andar c/ Maluf ou c/ Lula?
Caro Anônimo, há diferenças, e muitas. José Dirceu, Palloci e outros foram julgados politicamente, a ação penal ainda está no STF aguardando sentença. A acusação é de terem usado verbas próprias, de campanhas, para garantir apoio parlamentar. Totalmente diferente de um Pitta, ou Maluf, que desviaram dinheiro público para seus próprios bolsos. No Brasil, e em muitos países, isso é roubo. E foram julgados e condenados, mas estão livres. Maluf até pode se candidatar. Não há nenhuma evidência ou acusação a Lula. Já sobre Fernando Henrique Cardoso recai a denúncia de que comprou deputados para votarem por sua reeleição. A mídia até soube o valor, e tem todos os nomes. Mas isso nunca virou campanha política. O professor está até hoje por aí, tentando dar lição de moral aos brasileiros. Trocando em miúdos: no armário do Kassab há muito mais do que seu casamento com Rodrigo Garcia, sócio em muitas picaretagens. Está lá a mais imunda corja da política brasileira. Ladrões notórios, inimigos do povo, perversos representantes da casa grande que desejam manter o açoite à senzala.
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