As Organizações Globo anunciaram ontem a venda do Diário de S.Paulo, sua tentativa frustrada de entrar no mercado paulista. Não foi divulgado o valor da transação, mas há motivos bem concretos para se especular que o preço ficou muito abaixo do que Orestes Quércia recebeu em 2001. Segundo a Folha de S.Paulo, naquele ano o negócio foi fechado em RS 200 milhões, com a Globo assumindo dívidas diversas em torno de R$ 100 milhões. “Foi o melhor negócio da minha vida”, disse o ex-governador, que pouco depois, em campanha, usou a boa venda como desculpa para justificar um aumento de 562% em seu patrimônio. Afinal, o jornal foi comprado por ele por U$ 5 milhões, que pessoalmente detinha apenas R$ 330 mil em cotas patrimoniais.
O jornal comprado tinha 116 anos de existência, uma tiragem diária de 120 mil exemplares e liderança em alguns importantes segmentos de classificados. Uma das primeiras medidas dos novos donos foi a mudança do nome, seguindo pesquisas encomendadas e a opinião de publicitários. O título Diário Popular foi limado, Implicaram com o termo “popular”. Disse na época Merval Pereira, diretor da Infoglobo, uma das cabeças do projeto, para justificar a consulta e a mudança:
As pesquisas asseguram que ‘a mudança é segura’ e o novo jornal nasce ‘em sintonia fina’ com os desejos de publicitários e leitores.
Certamente, não foi tão segura. Muitos apontam aí o primeiro erro. E mais disse:
Existe um nicho no mercado paulista entre os leitores de Folha e Estadão, e os dos jornais ‘populares’. Por isso, pensamos atingir basicamente a classe B-2 e uma circulação diária de 300 mil exemplares.
Não existia tal nicho, o jornal teria que ganhar leitores dos grandes jornalões e para isso sempre patinou nas decisões editoriais. O resultado é patético. Sua tiragem hoje está em torno de 55 mil exemplares.
Ontem, Merval Pereira foi homenageado com uma medalha na Universidade de Columbia. Justificaram a escolha por Merval ter atuado em meio às adversidades da ditadura militar (alguém lembra quando e como?) e ajudado a impedir a criação de um Conselho Nacional de Jornalismo. Entendo. Esse negócio de um Conselho, com transparência nos negócios e na prática da imprensa, com o povo olhando para dentro da fábrica de salsichas, é um atentado à “democracia”. Vai pegar mal para futuras premiações de tão antiga e tradicional láurea, que já agraciou jornalistas com os mais notórios compromissos democráticos e sociais, como Roberto Civita, Roberto Marinho, Carlos Lacerda, Otávio Frias Filho, Gilberto Dimenstein, Miriam Leitão, entre outros.
4 comentários:
Não entendi a tal premiação. Ainda mais que já premiaram o Marinho, Civita e Miriam Leitão. Afinal, essa Universidade pertence as organizações tabajara? Só pode.
Mais um canalha premiado pela canalhice.
Este prêmio deveria mudar de nome para "Prêmio Dom Corleone de Jornalismo"! Camarada, quando puder, dê uma passada no "Abobrinhas" para ver a nossa nova criação para a campanha do Babá!
Abraços.
Essa de mudar o nome secular do Diário Popular para Diário de S. Paulo foi a maior burrada que assisti nesse mercado, tentar concorrer com os dois tradicionais panfletos dos demos/tucanos foi um 'belo' tiro no pé (abrir a janela e jogar dinheiro), ô manada de incapazes sô!!!
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