terça-feira, 14 de agosto de 2007

Esforço de reportagem

Na semana passada, uma notícia importante foi desprezada pela nossa grande imprensa, mais preocupada em gastar tintas no seu golpismo usando cubanos, reverso pinado, falta de grooving em Congonhas, vacas do Renan etc. Saiu discreto e espremido no noticiário o processo em que sete companhias aéreas americanas, a Boeing e duas administradoras aeroportuárias, deram entrada na justiça de Nova York para exigir que o FBI e a CIA liberem alguns de seus agentes para testemunhar sobre indenizações a famílias vítimas do 11 de setembro. Claro, elas estão tirando o seu da reta. E, muy justamente, dedurando que os órgãos de informação tinham muitas informações sobre os atentados, de terem negligenciado várias evidências e portanto não foram capazes de detê-lo, ao contrário delas que foram vítimas, e que estão sendo cobradas em indenizações vultosas. Briga de branco, mas um belo barraco.

Isto posto, meus botões quiseram pensar em algo além. Uso os mesmos argumentos de Ali Kamel em seu último artigo, sobre como “honestamente” se portou nossa “livre imprensa” no trágico acidente da TAM. Disse ele que ela foi “montando um quebra-cabeça que está longe do fim”. Afirmou: “a nação viveu um descalabro aéreo nos últimos dez meses? Então é necessário testar qual o impacto dessa desordem no acidente”. Mais ainda: “a pista de Congonhas estava escorregadia? Então é preciso verificar se a pista foi fundamental no desastre”.

O mesmo raciocínio, se é sobre honestidade que estivermos falando, deveria ser usado pela grande imprensa americana e a nossa, infelizmente tão pirateadora dos assuntos da matriz e nada reflexiva. Algumas perguntas e suas possíveis respostas:

O FBI e a CIA tinham conhecimento do ataque de 11 de setembro? Há inúmeras evidências de que sabiam. Nada foi feito.

Os órgãos de segurança americanos poderiam ter evitado? Poderiam. Mas nenhum jato da base de Andrews levantou vôo em Washington naquele dia, mesmo quase uma hora depois que a primeira torre foi atingida e outro avião seguia para o Pentágono.

Há o que possa comprometer o governo americano? Há, muito. A própria “grande imprensa” noticiou na época um forte movimento nas bolsas de valores em ações de companhias de aviação e de seguros dias antes dos atentados. Movimento em “put options”. Alguém ganhou dinheiro com a queda destes títulos. Quem? Faltou reportagem. Quem faria? Apenas tentou resposta um jornalista independente americano, Tom Flocco. Seguindo os passos do movimento, chegou a corretora A.B. Brown. Quem é o dono da empresa? A.B Krongard, diretor executivo da CIA naquele ano.

Mas há motivos para comprometer o governo americano? Muitos. Lembrem que Bush Junior ganhou roubando uma eleição. Sempre foi um mané como empresário e político. Seu governo seria um fracasso. Ao mesmo tempo a máquina americana de guerra e petróleo tinha que se voltar para a Eurásia, primeiro Afeganistão e seu oleoduto, depois Saddam e seu petróleo, bingo!

Pois é, Ali Kamel, há muito o que se montar nesse quebra-cabeça. Mas, o presidente americano não é o Lula, para que o esforço de reportagem?

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