Completando um mês de golpe em Honduras, a direita e seus porta-vozes na mídia saem do armário, perdendo seus poucos pudores ainda existentes para desfraldar bandeiras pró quartelada. O secretário de redação da sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo, Igor Gielow, é explícito nas simpatias em editorial nesta segunda-feira. Diz ele:
A unanimidade em torno da legitimidade de Zelaya parece não incluir a maioria da sociedade de Honduras.
Como assim? Se os golpistas têm e tinham amplo respaldo da sociedade, porque temer uma consulta sobre a possibilidade de se convocar uma constituinte? Afinal, contam com os principais veículos da mídia hondurenha, que tiveram papel fundamental na preparação da quartelada.
Os "golpistas", como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo - que seguem abertos.
Em suma: seqüestram o presidente eleito, botam o exército e a polícia contra o povo, calam a mídia que não apóia o golpe e fazem uma eleição que isso será chamado de democracia. Conta outra.
Até aqui, aqueles que querem a volta do presidente deposto não foram jogados ao "paredón".
Não? Mataram vários manifestantes, jogaram bomba em sindicato, perseguem a população em casa, precisam até de um estádio de futebol para as detenções em massa, lembrando o pior de Pinochet e essa violência é “do bem”?
Todos esses são sinais de que o mundo comprou como uma quartelada bananeira um processo muito mais complexo e, no limite, amparado na Constituição.
Na Constituição? A hondurenha que diz no artigo 82 que o direito a defesa é inviolável? Que no artigo 3 diz que não se deve obediência a um governo usurpador que faça uso de armas? Que no artigo 2 diz que a supressão da soberania popular é crime de traição à pátria? Que no artigo 45 diz que é punível todo ato que proíba ou impeça a participação do cidadão na vida política do país?
Mas não é isso que se quer discutir aqui. O problema é Hugo Chávez. Ele preside sobre um modelo renovado de caudilhismo que contaminou meia América Latina. Só que seu "bolivarianismo" só pegou em casa devido à bonança petrolífera. Fora, vingou em Estados falidos como Bolívia e Equador, sempre usando a carta fácil do "povo no poder" contra elites corruptas.
Ah, agora ficou mais claro. Hugo Chávez é o problema. Se defendesse as “elites no poder”, como sempre foi a norma imposta pelas oligarquias atrasadas da América Latina e seus governos, satélites dos interesses americanos, Chávez seria “o cara” para a Folha e nossos filhotes de Gengis Khan.
Pronto, não precisa dizer mais nada.
14 comentários:
A necessidade de denunciar os meios de comunicação do entorno do PIG é mais urgente que nunca. Nunca antes na história deste país vimos tanto absurdo, tanto descaramento beirando a loucura.
É assustador o ponto a que chega o PIG para legitimar golpes e canalhices!
Eu ia comentar o mesmo artigo no meu blog mas você já o fez bem demais para precisar de qualquer duplicata!=)
aliá,s a cara do Lieberman está fantástica no blog, haha!
tsavkko.blogspot.com
Valeu, Tsavkko. E eu ia falar de um mês de quartelada em Honduras de outra maneira, relatando tudo o que vem acontecendo e está sendo denunciado, mas a Folha hoje me obrigou a uma resposta. O cara defende uma ditabranda para Honduras. É demais. Legal conhecer seu blog, vou acompanhar.
Caramba Jurandir, é aterrorizante o cinismo ou burrice ou cegueira desses caras! Defender um golpe de estado desse baixo nível! Um golpe condenado no mundo inteiro! Os caras estão podres.
Parabéns pelo post, você soube lidar com uma cobra naja sem se deixar morder, o que é uma arte invejável.
Abraço,
Miguel
A folha de são paulo não passa,como se vê , de uma folha de bananeira.
O mais engraçado nessa(s) história(s) dos EUA querendo "impor seu ideal de democracia" ao mundo são esses tipos que vão aparecendo (RA, OC, esse aí de cima). Eles devem receber treinamento da CIA para brigar tanto com a lógica e os fatos e escrever essas coisas.
Sobre o título do Blog, tem uma frase muito boa do grande Sándor Márai: "É muito menos perigoso um malvado do que um imbecil. E os imbecis abundam sobremaneira. Estes sim é que são perigosos."
Li ontem o artigo de Igor Gielow na Folha e concordo com ele. Nada justifica o golpe, mas existe um fato que certa esquerda não quer enxerga, Zelaya não é popular, não tem força popular. E como fica quando a maioria do povo defende o golpe? E Hugo Chávez é o problema porque ele tem mania de se meter onde não deve. Destinou 700 mil dólares para a campanha de Cristina K.. Entrega armas para as FARC, como denunciou o governo da Suécia, para desestabilizar um governo democraticamente eleito.
Se existe um governo que sintetiza muito bem o lado imbecil da vida, como diz Márai, é o governo da república bolivariana - concentradora de poder -- de Chávez.
Quer dizer que Chavez é agitador?
Me perdi, Jurandir. :)
Abrs!
Ao Carlos Eduardo da Maia que diz que o Zelaya não é popular.
Não sei. Pode ser que sim, pode ser que não.
Então por que não consultar o povo através de votação secreta e não por supostas sondagens?
Maia,
Você repete o Gielow sem nenhum novo argumento, nada que contraponha o que contestei. Zelaya não é popular, não tem força popular? Então qual o motivo de o terem seqüestrado de pijamas? Porque implantar estado de sítio? Porque exército nas ruas, atirando, matando, torturando, prendendo? Que temor é esse de um político impopular? Não seria mais fácil ficarem na ordem democrática e o rejeitar nas urnas?
Porque Chávez não pode destinar dinheiro para um governo que simpatiza? Qual lei internacional impede? Os EUA fazem isso há um século, quando não intervém diretamente, você já os criticou por tal?
Sua informação sobre armas da Venezuela para as Farc está incorreta. As armas eram de fabricação sueca, e a notícia surgiu na mídia colombiana pró-Uribe, exatamente em momento de novo acordo com os EUA, que transformará todo o território da Colômbia em base militar e política americana. Como podemos dar credibilidade a esse jogo midiático?
O governo Chávez pode até cometer erros, mas o último deles será a falta de inteligência. No delicado e intrincado game internacional, Chávez é um dos melhores jogadores.
O que a direita precisa é começar a usar melhores argumentos, parando de imaginar que fala para imbecis, ainda entorpecidos por anos de propaganda da guerra fria.
Me causa engulhos o descaramento do editorialista em omitir que os governos que ele aponta desdenhosamente como falidos são resultado de políticas bem diferentes do bolivarianismo. Em outras palavras, essas nações tornaram-se falidas por terem sempre adotado políticas de direita e neoliberais.
A experiência bolivariana é um contra-ponto e reação à calamidade que desde 1500 acomete essas nações, para as quais todo cidadão de bem deveria torcer a favor.
Jurandir,
Só acrescento um ponto na sua resposta ao Maia.
Qual o problema do Chavez ajudar na Campanha de Cristina Kirchner?
Ele não pode ajudar uma aliada? Ele por acaso fraudou, apoio algum golpe ou fraude, mudou o resultado das eleições? NA verdade a presença dele acaba até por ajudar a oposição, tem o efeito contrário ao que muitos poderiam imaginar.
E, enfim, Chavez dar dinheiro -se é que deu, tem gente que fala que se a PDVSA faz alguma coisa foi o Chavez e não a empresa - é problema, mas uma multinacional querendo privilégios e financiando campanha não tem problema algum?
Dois pesos e duas medidas?
E, reforço, se os golpistas tinham apoio popular porque não deixar o Zelaya perder na sua consulta e provar que tinham o tal apoio? Porque o golpe?
"Império, Obama e o último tabu", de John Pilger
"Desde 1945, pelos feitos e pelo exemplo, os EUA derrubaram 50 governos, incluindo democracias, esmagaram 30 movimentos de libertação e apoiaram tiranias desde o Egipto até a Guatemala (ver histórias de William Blum). Bombardeamento é torta de maçã. Tendo apinhado o seu governo de belicistas, compadres da Wall Street e poluidores das eras Bush e Clinton, o 45º presidente está meramente a manter a tradição. A farsa dos corações e mentes que testemunhei no Vietname é hoje repetida em aldeias no Afeganistão e, por procuração, no Paquistão, as quais são guerras de Obama."
Sou grato! Leiam o texto completo em
http://resistir.info/pilger/pilger_09jul09.html
Eu achei que não haveria nada para criticar acerca da cobertura da quartelada hondurenha q a mídia faz. Porém, a elite e a imprensa latino-americana já se posiciona do lado que não deve e daqui a pouco o Zelaya vai ser enxovalhado de norte a sul no continente. Que pena! Mais um exemplo da ação da mídia golpista.
Quem se interessar pode até entrar no meu blog que foi fundado há poucos dias.
http://cassiusblogger.blogspot.com
espero que receba algumas visitas e estou aberto para elogios, sugestões e críticas. Quem sabe fazer parte da lista "O Que Lemos" poderia ajudar a divulgação????
Cássio, e você começou muito bem. Já está em nossa lista. Abraços.
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