segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Os jornais e seus tiros no pé

Os nossos jornalões reproduziram neste último domingo parte do debate recente sobre seu próprio futuro. O Estadão publica artigo de Walter Isaacson, ex-editor da Time, que na semana retrasada assinou matéria de capa da revista, sobre como salvar os jornais. Na Folha, matéria sobre o Newspaper Project, organização patrocinada pelo oligopólio da mídia americana, que faz campanhas publicitárias e estudos para acudir a enferma indústria. E entrevistam Steve Brill, empresário e professor de jornalismo, que recentemente teve um memorando reservado, dirigido ao New York Times, publicado com enorme repercussão em... um blog, o de Jim Romenesko no Poynter Institute, especializado em estudos de mídia. Todos falam a mesma língua e têm a mesma solução: os sites de notícias dos jornais têm que cobrar pelo acesso às notícias.

Embora não digam exatamente, a idéia em resumo é de que os jornais no papel estão acabados, em doença terminal, o jeito é salvar o negócio online. Para isso não adianta competir com o Google, imaginando receber por receita publicitária na web, algo que até aqui tentavam, sem perspectiva de sucesso. Querem usar seu poder de cartel para todos, juntos, fecharem a porta. Notícia só pagando.

As justificativas fazem apelos pelas redações atuais. Brill reitera que um blogueiro não terá verba nem paciência para viajar e cobrir uma guerra, só as grandes empresas jornalísticas teriam como fazer. E, de forma enfática, diz: "A notícia pode querer ser de graça, mas os filhos dos jornalistas querem ser alimentados"

Parece uma grande preocupação pelo proletariado da informação, mas é óbvio que esse novo modelo de negócio exige um enxugamento radical de quadros. A publicidade sempre foi a principal remuneração destas empresas.

Mas, no fundamental, a idéia esbarra no entendimento do que é a internet. Na hora em que todos os jornais fecharem seus conteúdos, como vigiar a reprodução? É certo que poderão existir novas e ferrenhas artimanhas jurídicas para impedir que os textos sejam reproduzidos. Mas, lembrem senhores barões, a indústria fonográfica tentou e perdeu. E o produto feito pela mídia é muito mais fácil de ser reproduzido, basta que à notícia seja feito um novo texto. Ou, pensando de outra forma, um comentário. Desta forma, não há como proteger os direitos originais. O que estarão fazendo é alimentar os blogs, eles é que ficarão com as notícias.

Parece que o desespero tomou conta deste setor, e faltam cabeças pensantes. No Brasil os jornais ainda não foram para a UTI, mas amargaram em janeiro a perda de 30% a 40% em receita publicitária, retração que se deve a forte campanha de nossos jornalões para fazer a crise mundial colar no governo Lula, é o que diz Luiz Nassif. Desse jeito, se não aprenderem a refazer seus negócios, sugiro aos donos da mídia ao menos treinarem melhor a pontaria.

5 comentários:

Anônimo disse...

Se fecharem as portas, cobrando para as notícias aí se lascam de vez.

A Agência Brasil, e os blogs que veiculam noticias gratis saem ganhando.

!!@v@nte!!

carlos disse...

os jornalões brasileiros, do oiapoque ao chuí, estão passando por crise financeira, e, pior, crise de credibilidade, pois embarcaram nessa de golpismo contra o presidente lula.

a nossa blogosfera dá dando um show de bola. eu acho é pouco.

abçs

Anônimo disse...

É claro que blogueiro não viaja em busca de notícias, mas a Mídia esquece que blogueiros existem em quaisquer canto do mundo e que ao fechar o seu conteúdo, poderá se abrir um espaço para a divulgação e repasse de noticias através de uma rede de blogueiros. Aliás como já tem surgido, como vimos no conflito Israel-Palestina.
Inclusive já sugeri ao Nassif, a criação de um Portal de blogueiros independentes de renome, que captariam as notícias dos seus internautas, proporcionando um retorno financeiro aos mesmos. Afinal, não é isso que a Globo faz com seu "Eu Reporter" ? e sem pagar um tostão, de graça e ainda com os direitos autorais integralmente repassados...
Quanto à temas especializados, a internet está cheia de profissionais divulgando os seus conhecimentos, já seja através de opinião ou divulgação, com muito mais credibilidade.
O futuro é esse, não tem volta. A internet aproximou o mundo.

Unknown disse...

Muito boa Jurandir,quero mais que eles morram. E ...de preferência babando de raiva.Abraços Yvy

José Carlos Lima disse...

Assistindo ontem a noite ao desfile da Beija Flor, na Globo, eu sabia que Lula estava presente num camarote a convite do governador, prefeito do Rio e outras autoridades. Fiquei intrigado, pois a Globo não mostrou em nenhum momento o presidente. De repente aparece uma imagem de Lula, a Globo ficou de plantão para escolher uma imagem a qual pudesse ser usada para passar outra mensagem. A imagem que a Globo mostrou foi quando Lula bocejou e olhou para cima. Mediante truque, filmou de baixo prá cima, a impressão que se tem é a de que Lula estaria bêbado quando na verdade bocejou. Foi exatamente esta imagem que a apresentadora Ana Maria Braga usou para dizer, sob gargalhadas:"olha aí o nosso presidente!!!". Claro que a Dona Ana quis pasar e passou a mensagem "olha aí o noss presidente bêbabado!!!", o que não é verdade. Assim é difícil tirar este País do atraso, com gente como Ana Maria Braga tendo o monopólio da fala.A esta gente interessa não o fato mas aquilo que eles podem distorcer