sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Jornais, casos e seu ocaso


Nicholas Carlson do Silicon Alley Insider faz uma pensata bem interessante ao afirmar que imprimir o New York Times custa, em dois anos, o dobro do que enviar a cada assinante um Kindle de graça, o treco da Amazon. Ele usou informações do próprio NYT, que faz seu chororô de crise e abre números, apostando na compaixão do mercado. Ao multiplicar os 830 mil assinantes pelo preço de US$359 que custa a trosobinha, chegamos a pouco menos da metade do que custaria imprimir o jornal no período.

Claro, não leva em conta vários aspectos. Nos próprios comentários do texto há quem até conteste a própria análise dos números. E, fundamental, nada resolveria sem uma solução para os anúncios, fonte fundamental de renda para qualquer jornal. Mas vale a provocação, que nos ajuda a pensar sobre o fim dos jornais impressos, tema que já chegou às mesas de bar.

É certo que em um mundo já tremendamente digital, onde músicas, fotografias e cinema já são medidos em bytes, com impactos diretos em seus modelos de negócio, seria impossível não imaginar que um produto formado por letras, algumas imagens, passaria incólume pela mudança.

Vale lembrar que jornais impressos já são digitais, ao menos até a etapa anterior a sua impressão. Textos foram os primeiros a virarem bytes em jornais, as fotos são pixeis há um bom tempo e páginas são processadas por programas de editoração, tudo transformado em linguagem binária e interpretada por uma maquineta que faz a matriz da impressão. Deste ponto à frente, tudo é velharia analógica. Imagine a dificuldade de levar a cada assinante aquele peso em papel, de caminhão, no braço, casa a casa.

Perceber esta mudança, com a chegada de um novo leitor eletrônico de jornais, não é algo novo. A Knight-Ridder, uma das corporações midiáticas americanas, já nos anos 80 achou ter descoberto a pólvora. Mas, foi cedo, não rolou. Jornais ainda são impressos, mas vivem sua crise, que talvez tenha outras explicações além do fardo analógico.

Um tanto delas tenta dar Phillip Meyer, jornalista e professor nos EUA, respeitável pensador com seu livro “The Vanishing Newspaper” (O desaparecimento dos jornais). Para ele, a crise dos jornais americanos é fundamentalmente conseqüência da queda de qualidade do jornalismo que praticam, de apurações mal feitas, de pautas sem criatividade, que nada têm a acrescentar à realidade de seus leitores. E explica os motivos: as corporações vivem de influência, não de informação, e isso está relacionado diretamente à rentabilidade. Em seu livro, usa pesquisas para mostrar erros variados cometidos neste processo e os efeitos na perda de leitores para a melhor identidade de novos meios, como os blogs.

Tenho aqui minha própria e óbvia pesquisa: basta ter acompanhado os jornais americanos no governo Bush para perceber que todos estiveram unidos na mesma trama de ajudar seu presidente em guerra. Imaginaram uma guerra de todos os americanos, o que não foi. Bush representou os interesses restritos de uma elite que desejava o domínio americano sobre a Eurásia, seu petróleo, alimentando sua indústria de armas, para a destruição e depois o faturamento da reconstrução, via Halliburton. Esta idéia foi embrulhada e vendida, mas o mercado leitor percebeu a fraude, não compraram a mercadoria como se fosse uma segunda guerra, japoneses atacando seus marinheiros, com risco de terem seu país invadido. A propaganda cumpriu seu objetivo, ajudou na política, mas sofreram os jornais vendo seu mercado responder com descrédito aos engodos praticados: armas químicas de Saddam e toda a parafernália de “nossos homens estão lá fazendo o seu melhor” foi um tanto além do plausível. Por incrível que pareça, há quem pense naquela terra.

Em nosso menor mercado, algo pode ser comparado. A mídia se especializou em também demonstrar a necessidade de uma guerra, contra o governo Lula. Ficou distante de parte de seus leitores, dando espaço para a internet e seus blogs cobrirem com melhor desenvoltura e independência os fatos. Vide o noticiário da prisão de Daniel Dantas, bem analisado por Idelber Avelar em texto sobre os 200 anos de nossa jovem imprensa.

Resta imaginar o que o “regulador” mercado fará em próximos episódios por aqui, se teremos crise na mídia tal como nos EUA. Ainda não há pedidos de piedade, embora nossas corporações permaneçam com chapéus esticados, esperando a boa ajuda do BNDES para seus rombos, vício adquirido em antigas administrações. Depois de ter lido ontem uma nota de Miriam Leitão contra o PAC, desavergonhado merchandising pró-Serra virar manchete no jornal O Globo, aposto para breve o colapso nos negócios da grande mídia brasileira.

Que venha, cobrirão os blogs.

7 comentários:

Anônimo disse...

Manual da Prefeitura de São Paulo afirma que "troca-troca" pode transformar "púberes" em "homossexuais"

A comunidade gay acusa a prefeitura de produzir um conteúdo "preconceituoso"

REDAÇÃO ÉPOCA
03/02/2009 - 21:32

Uma referência ao "troca-troca" – nome popular para um tipo de contato sexual entre adolescentes de sexo masculino – em um manual da prefeitura de São Paulo gerou indignação na comunidade gay. Nesta terça-feira (3) um grupo de entidades encaminhou um ofício ao secretário de Saúde de São Paulo, Januário Montone, protestando contra o conteúdo do Manual de Atenção da Saúde do Adolescente, livro editado no início da gestão de Gilberto Kassab (DEM) e que começou a ser distribuído esta semana pela prefeitura da capital paulista.

O manual, elaborado pela Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde, ligada à Secretaria, está sendo distribuído para os profissionais de saúde e tem como objetivo orientá-los no atendimento ao jovem. Os grupos de defesa dos direitos dos homossexuais querem, a partir da ação, que a Prefeitura encaminhe uma nota explicativa a todos os funcionários de sua rede. Para eles, o texto deve ser elaborado pela Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual, da Secretaria Municipal de Participação e Parceria da Prefeitura de São Paulo.

Anônimo disse...

quiquéisso???
essa urubona no topo da home assusta pô!
tô com batedeira...
vigê

Anônimo disse...

ATENÇÃO,
CRISE NA ORGANIZAÇÃO GLOBO;
CRISE NA ORGANIZAÇÃO GLOBO;
CRISE NA ORGANIZAÇÃO GLOBO.
ORGANIZAÇÃO GLOBO ESTÁ EM CRISE; ORGANIZAÇÃO GLOBO ESTÁ EM CRISE;
ORGANIZAÇÃO GLOBO ESTÁ EM CRISE.
ADEUS:
WILLIAN HOMMER BONNER;
FÁTIMA GANSO SIMPSON;
ANTA HIPÓLITO;
HERÓDOTO PINTOR DE CABELO;
HIPOPÓTOMO BIAL E OUTROS CANIBAIS DESTA ORGANIZAÇÕES.
PS.ISTO CHAMA-SE TERRORISMO DE REPORTAGEM, A QUAL ESTÁ ORGANIZAÇÃO DE MAFIOSO TIFFOSSI E EM CONJUNTO COM O CHORÃO BEBÊ CARTA FAZEM TODOS OS DIAS, NO INTUÍTO DE PREJUDICAR O BRASIL.
PS.CHÔ CORVOS E URUBUS QUE SÃO ANTI-PATRIOTA.ISTO É UMA PIADA.

Mauro Sérgio Farias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mauro Sérgio Farias disse...

Só na minha família têm duas pessoas que cancelaram assinaturas da VEJA por discordar da linha editorial.

Imagino que isso esteja acontecendo muito.

Anônimo disse...

AH, excelente matéria!
Não seria muito bom este colapso, ao menos para chegarmos a notícia real? Sem interesses espúrios. Afinal, os Blogs são dinâmicos, se besteiras forem escritas, imediatamente será contestado, denunciado e o verso e reverso aparecerá!
Branca.

Jurandir Paulo disse...

Branca,

Será uma grande perda se no futuro não existirem reportagens bem apuradas, com jornalistas viajando para ver e narrar os detalhes dos fatos, dando importância ao interesse de cada cidadão na notícia. Não creio que perderemos isso. Nem creio em um futuro só de blogs e pequenos sites jornalísticos. Confio ainda no futuro da imprensa. Mas a realidade atual está forçando a porta da mídia por uma mudança profunda. As corporações midiáticas não têm o menor compromisso com aquele cidadão, apenas em venderem seus interesses, infelizmente o mesmo das elites.