quarta-feira, 23 de junho de 2010

A próxima capa da Veja

Dunga em dia de fúria


Quem precisa de mídia arrogante. comprometida e golpista? Viva a internet! Viva a criatividade do povo brasileiro!

Obrigado, Alex.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Photoshopada serrista


Serra para ganhar a eleição precisa ser Lula. Não tem como, daí frauda uma imagem. Vejam este cartaz no metrô de São Paulo: o candidato junto a operários. Falsidade total. É algo para entrar na lista das piores photoshopadas da história. A imagem do candidato nada combina com o restante da foto. A luz é outra. As sombras são diferentes. É obra tosca para fabricar mais uma mentira do candidato tucano.

Eu vi aqui:
http://twitpic.com/1ym70f

E o atentíssimo Esquerdopata foi lá e achou o cartaz.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O PIG não gosta da inovação brasileira


A mídia brasileira tem todos os dias um enorme esforço para manter esquentado o assunto Copa do Mundo. Tome reportagens sem criatividade para ocupar espaço nos jornais e nos telejornais. Mesmo com tanta fome por assuntos, nada ainda foi publicado de um projeto pioneiro da tecnologia brasileira, que está sendo apresentado em Joanesburgo. É o projeto 2014k, que prevê filmagem e exibição dos jogos da próxima Copa usando o padrão 4k em 3D. O motivo é ser projeto financiado pelo governo Lula.


África do Sul terá projeção do 1° jogo de futebol em resolução 4K do mundo

A projeção em super alta definição 4K 3D faz parte do Projeto 2014K, uma das 11 iniciativas da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, que vai apresentar sua Seleção Brasileira de Inovações na Casa Brasil, em Joanesburgo - África do Sul, de 14 de junho a 11 de julho. O objetivo é mostrar para o mundo que o Brasil também tem empresas capazes de produzir conteúdo e projetar em 4K. “Ainda existe um certo preconceito mundial em relação ao Brasil quando trata-se de inovação tecnológica. Vamos provar que além do samba e do futebol, o país tem muito mais a oferecer”, esclarece Hans Ulmer, diretor presidente da absolut technologies.

Os jogos da Copa do Mundo de 2014 poderão ser transmitidos em 4K, permitindo aos torcedores que não estiverem nos estádios assistir às partidas como se ali estivessem. Esta tecnologia já existe e será apresentada durante a Copa 2010 pela absolut technologies, empresa especializada em realidade virtual, 3D e soluções para projeções em alta resolução em parceria com a Universidade Mackenzie e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações e TI (CPqD).

Com a supervisão de Keith Collea, produtor de filmes hollywoodianos, como Homem de Ferro 2, foi filmado o jogo da final do Campeonato Gaúcho de 2010, entre Grêmio x Internacional. O clássico do futebol brasileiro, popularmente conhecido como "Gre-Nal", serviu de experimentação para a primeira filmagem de 4K 3D no mundo. E é este filme que será apresentado pela primeira vez em 3D com resolução de 4096X2160 durante a Copa na África.

As imagens capturadas por uma câmera de aproximadamente 150 kg tem 8 milhões de pixels e qualidade oito vezes superior às das imagens gravadas no atual formato HDTV. Entretanto, elas só garantem ao espectador a sensação de terceira dimensão (de imagem e áudio) se projetadas com equipamentos específicos para esta finalidade. Para garantir o sucesso dessa demonstração no continente africano, a absolut levará dois projetores JVC 4K, uma tela especial para projeção 3D e óculos 3D, entre outros equipamentos que constituem a solução completa para a projeção 4K 3D, além de uma equipe de técnicos e engenheiros. “O Brasil faz parte de um seleto grupo de países com conhecimento de transmissão em super alta definição. A ideia é desenvolver esta tecnologia a ponto de ser utilizada em auditórios de grande escala em 2014”, afirma Ulmer.

Durante o evento ainda será exibido pela absolut technologies a Solução Vídeo Wall com monitores LCD Eyevis, onde serão apresentados os patrocinadores do evento, juntamente com o conteúdo criado pelo designer austríaco Hans Donner, responsável pela logomarca da Rede Globo. O Projeto 2014k é parte do Programa 2014Bis, idealizado a partir de uma reunião com o presidente Luis Inácio Lula da Silva em agosto de 2009. Homenageando Santos Dumont, o grande inovador do País, o programa tem por objetivo encantar, surpreender e emocionar o mundo nos grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil – a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Fonte: Notícias Finep


Entenda o projeto e veja imagens da primeira filmagem.

Entenda o que é o 4k.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Cayman, o retorno?


Passei o final de semana lendo "Cayman, o dossiê do medo", livro de 2002, de autoria do Leandro Fortes, um dos repórteres que cobriram o caso. Desejava relembrar os fatos e estava com um forte palpite que muito ali se relaciona a assuntos atuais, tanto pela volta ao noticiário da palavra dossiê, quanto a alguns dos personagens envolvidos direta ou indiretamente naquela treta. Para quem não conhece a história, ou não lembra, um resumo da ópera, para lá de bufa:

Em agosto de 1998, Oscar Barros, empresário da comunidade brasileira de Miami, especialista em negócios escusos, curtia cruzeiro pelo Caribe quando conheceu um advogado americano de Nova York que demonstrou grande conhecimento sobre a política brasileira. Embalado por boa bebida, o americano confessou que sua empresa administrava uma conta do interesse do governo brasileiro, que tinha como procurador o recém falecido ministro de FHC, Sérgio Mota. O dinheiro estava depositado em um paraíso fiscal do Caribe e passara a novo procurador, Ricardo Sérgio de Oliveira. Bastou para acender a luz da cobiça na cabeça de Oscar. Por dias os dois conversaram o suficiente para o brasileiro fechar ao final da viagem, por US$ 1,2 milhão, a compra de documentos que comprovassem a informação da conta.

Os passos seguintes são dignos de um roteiro cinematográfico de qualidade duvidosa, boa parte passado em escritórios da Brickell Avenue, centro empresarial e financeiro de Miami. Os personagens, em quantidade, são espertíssimos senhores de negócios que imaginavam fazer o seu grande golpe. Para tal, não faltaram traições variadas. Quem chegou primeiro, comprando os ansiados documentos com um cheque sem fundos, teve uma decepção. Não havia nome de ninguém, apenas um número de conta. E pior, nem ficava no Caribe, mas em Luxemburgo. Um plano B foi montado com o uso de uma empresa em Nassau, nas Bahamas, e vários documentos falsificados.

A fajutada despertou o interesse de Collor, Maluf e Quércia, que viam ganhos políticos. E ao aparecer o caso em conta-gotas na mídia, ajudou a alguns com ganhos em bolsa, dólar e títulos no mercado. O governo FHC ficou acuado, colocou a polícia para trabalhar, mas o resultado é conhecido: ninguém foi preso pelo golpe.

Mas existia uma conta do PSDB em Luxemburgo? Uma reportagem da Folha de S. Paulo de 11/8/2001, repercutindo outra do Jornal do Brasil, talvez dê algumas pistas.

Quem sabe o Amaury Ribeiro Jr., que foi à Europa para fazer apuração para seu livro, tenha mais o que dizer?

domingo, 13 de junho de 2010

Cuidado com as mãos do Serra



"Com as mãos competentes e carinhosas de José Serra esse Brasil vai poder muito mais"

Disse Fernando Henrique Cardoso na convenção do PSDB, sábado último.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

E se fosse no Irã?


Imagino uma charge para representar a visão internacional de nossas elites e sua mídia: vários distintos senhores em seus belos ternos, de quatro, cabeça baixa, tal como se estivessem rezando voltados para Meca. Mas, neste caso, estariam de costas, oferecendo a retaguarda para Washington. Imagino assim representar o espírito de entreguismo desta gente a tudo que vem da nação do norte. Principalmente suas idéias.

Só assim podemos entender que apenas hoje a Folha de S. Paulo noticiou o caso do brasileiro Marcelo Santos, preso na Arábia Saudita, fato já há um bom tempo comentado por blogs e redes sociais na internet.

Imagine se o fato fosse no Irã? Teria virado manchete, colunistas amestrados estariam colocando a culpa em Lula e sua política externa. Mas foi na terra do fundamentalismo amigo dos EUA. Lugar onde vive a família Bin Laden, sócia em negócios dos Bush. Onde o farto petróleo é vendido a preço camarada pela família Real.

Aliás, o brasileiro sobrevive em um pequeno apartamento cedido por irmão de Osama Bin Ladem. Só este inusitado fato já teria merecido atenção da mídia.

A matéria na ediçaõ de hoje da Folha:


Arábia Saudita proíbe brasileiro de deixar o país

Ele agrediu policial em partida de futebol em abril; agora, tem de ficar no país enquanto durar o processo

Marcelo Santos atuou durante a partida como tradutor de Luiz Felipe Scolari; ele está na casa do irmão de Bin Laden

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

GUSTAVO S. FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Faz quase dois meses que o tradutor brasileiro Marcelo Santos, 40, está proibido de deixar a Arábia Saudita.

Acusado de agredir um policial após um jogo de futebol, tem de ficar no país enquanto o processo durar.

Ele trabalhou na partida como intérprete do brasileiro Luiz Felipe Scolari, então técnico do Bunyodkor, do Uzbequistão. A equipe uzbeque jogou em Jeddah contra o Al Ittihad, em 14 de abril, pela Copa dos Campeões da Ásia.

No final da partida, chutou um juiz e trocou pontapés com um policial à paisana.
"Não sabia que ele era policial. Fui agredido e revidei", disse à Folha, por telefone.

Segundo ele, o árbitro o havia chamado de "macaco" durante o jogo -fluente em russo, Marcelo estava ao lado de Scolari para traduzir as instruções aos jogadores.
O brasileiro está em Jeddah desde então. Vive de favor em casa de quarto e sala cedida por Khalil Bin Laden, cônsul honorário do Brasil e irmão de Osama Bin Laden.
Levado para delegacia, o brasileiro se livrou da prisão graças à intervenção de Khalill, que assinou termo de compromisso para liberá-lo.

O seu passaporte, porém, está com a embaixada brasileira -condição do governo local para não o prender.

"Para mim, é como se eu estivesse preso aqui. Não posso voltar para casa."
Agressão contra autoridade é crime grave no país, segundo a embaixada, que não informou eventual pena.

O governo Lula pediu duas vezes liberação "imediata" do brasileiro, sem resposta.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) ligou para o homólogo saudita em 24 de maio. Scolari e Rivaldo, jogador do clube, também apelaram. Um advogado designado pelo cônsul tenta resolver o caso na Justiça local.

Com a demora, os US$ 600 que recebeu do Bunyodkor para ficar no país estão no fim. Hoje, Marcelo afirma ter menos de US$ 200 (R$ 368).

Para economizar, come sanduíche e frutas. Tem só duas mudas de roupas. Esperança de ir embora, o brasileiro diz ter. Mas o processo pode demorar até oito meses.

Ele tem mulher e duas filhas, que vivem em Recife.

Na esfera desportiva, foi suspenso por cinco anos e multado em US$ 20 mil.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A mídia sabia do dossiê desde 1998

Chega a ser ingênua a chamada na primeira página do Globo de hoje:



Que dossiê? Não há mais como brigar com os fatos, o "suposto dossiê" é a apuração do repórter Amaury Ribeiro Jr, que inclusive trabalhou no Globo. O jornal não sabia que Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de Serra e FHC, recebia e distribuía propinas dos contratos de privatização?

Impossível. Tomando apenas a revista Veja como exemplo, basta uma pesquisa simples no Google para constatarmos que de 1998 a 2002 imensas irregularidades e crimes do tucanato foram noticiadas. Por que o dinheiro nunca foi seguido? Por que pararam as reportagens? O que faltou? Repórteres? Como explicar se o próprio Amaury trabalhou para essa mídia?

Estas são as perguntas inevitáveis para o momento. Na hora que tentam confundir um fato com uma cortina de fumaça, fica clara a atitude de um criminoso que deseja alterar a cena do crime.

A mídia e o tucanato devem ao país e à Justiça uma explicação.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Flagrante de Itagiba em seu trabalho

Acusado de montar uma central de espionagem, o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) declarou à Folha de S. Paulo que está nas bancas:

"Eu não faço e nunca fiz dossiês. Quem faz é criminoso e canalha. O que eu faço é investigar crimes e apontar criminosos"


Para provar que o deputado trabalha bastante na tarefa de apontar criminosos, lembramos este flagrante de convenção do PMDB, quando Itagiba apontava para os presentes Álvaro Lins, ex-chefe da polícia civil, ex-deputado cassado, preso e processado por associação ao crime organizado. No ato, Itagiba o definiu como um antigo e leal companheiro, merecedor dos votos fluminenses. Lins sempre retribuiu os elogios chamando Itagiba de "chefe".

domingo, 6 de junho de 2010

Corra, tem livro que vai esgotar esta semana

Sugestão de leitura para os próximos dias:



Cayman - o dossiê do medo

de Leandro Fortes

Editora Record - 2002

http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=358

Sinopse:

Como um golpe característico da malandragem brasileira de Miami pode ter se transformado em um escândalo de Estado? Alimentado por papéis falsos e, principalmente, pela estranha reação do governo Fernando Henrique Cardoso à sua divulgação, o Dossiê Cayman paira como uma nuvem negra sobre a cabeça de muitos políticos brasileiros. Desvendá-lo é colocar a nu as relações do submundo da política nacional. Um universo ainda obscuro, de poucos rastros e nomes sussurrados. De combinações de gabinete e acordos impublicáveis. CAYMAN: O DOSSIÊ DO MEDO, do jornalista carioca Leandro Fortes, toca a espinha dorsal desta sujeira. Abre uma pequena - mas importante - fresta por onde o cidadão pode, finalmente, olhar de perto um dos muitos mecanismos que promovem a centenária descrença popular nas classes dirigentes do Brasil.

O Dossiê Cayman deixou o governo em polvorosa com acusações de corrupção que chegavam até o presidente Fernando Henrique e seus colaboradores mais próximos. Um documento pouco visto, mas muito comentado, que se revelou uma fraude. Em CAYMAN: O DOSSIÊ DO MEDO, Leandro investigou essa operação fraudulenta e revela o esquema, ainda obscuro, de poucos rastros e nomes sussurrados, de combinações de gabinete e acordos impublicáveis. O autor analisa as relações do submundo da política nacional, com a melhor arma jornalística: um texto recheado de ironia. O resultado é uma mistura de reportagem e livro policial, onde o leitor pode finalmente se inteirar de um dos capítulos mais obscuros da recente história brasileira.

Em CAYMAN: O DOSSIÊ DO MEDO, Leandro é capaz de se misturar ao cenário da Jamaica ou de Miami, para descobrir os detalhes que passaram despercebidos pela investigação oficial. Apurado e escrito enquanto trabalhava como subeditor da revista Época, o livro mostra como foi montado o dossiê, dá nome aos responsáveis pelo esquema, mostra como funciona a máfia brasileira em Miami, revela os objetivos por trás do golpe e destaca alguns pontos que, até hoje, estão sem resposta. Um livro que expõe as misteriosas ligações de criminosos com o poder, mostra as dimensões que uma fraude pode tomar, o que pode ser feito para que a verdade não seja investigada e de que maneira é possível lavar dinheiro em paraísos fiscais internacionais. Um livro fundamental para se entender um dos maiores escândalos de nossa história política recente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O inferno dos tucanos


Este modesto blog cantou a pedra na última quarta ao ironizar o "suposto dossiê" contra Serra, com revelações sobre sua filha Verônica. Disse que se era para derrubar Serra, o nome principal seria outro, o de Ricardo Sérgio de Oliveira. Pois bastaram poucas horas para a comprovação de nossas suspeitas, ao aparecer no noticiário o nome do ex-tesoureiro de Serra e FHC, personagem que sempre causou comoção ao ser citado na frente de tucanos. Um resumo do resumo do que foi dito por Nassif, Paulo Henrique Amorim e Leandro Fortes:

1) Nos preparativos da atual campanha, rumores diziam que Serra preparava um dossiê contra Aécio, forma de pressioná-lo a aceitar as imposições do tucanato paulista. O grupo mineiro de Aécio correu para defendê-lo, usando o seu veículo, o Diário de Minas, para contra-atacar Serra. Lá, o repórter Amaury Ribeiro Jr, que já tinha um farto material sobre as privatizações da era FHC, recebeu incentivo e verba para viagens para completar sua apuração..

2) A guerra Serra-Aécio arrefeceu e Amaury saiu do Diário de Minas com material para um livro sobre o tucanato. Os bastidores da política sabiam do material, mas a luz vermelha acendeu quando circulou a informação de que o repórter iria divulgá-lo antes das eleições.

3) Começou uma aloprada manobra dos tucanos para se anteciparem ao estouro da bomba, usando sua mídia para acusar a candidata Dilma de preparar um dossiê, uma forma de desviar o foco e fazer fumaça para esconder suas vísceras expostas. Recente reunião urgente do alto tucanato na casa de FHC certamente tratou do assunto.

4) Foi confirmado que Amaury Ribeiro irá publicar sua reportagem, que daria um livro de 14 capítulos, na internet, logo após a Copa.

O mundo desabou em Serra e no tucanato por inteiro. Algumas reflexões inevitáveis, em cima dos fatos:

a) O nome de Ricardo Sérgio de Oliveira sempre esteve associado a grandes falcatruas no período das privatizações. A mídia sempre soube e em parte publicou suas manobras, que renderam fortunas em comissões. Mas nunca fez uma verdadeira reportagem para seguir um fundamento básico da apuração jornalística para crimes de colarinho branco: seguir o dinheiro. É o que Amaury agora faz.

b) A divulgação da reportagem de Amaury Ribeiro Jr. não apenas derruba a candidatura de Serra, mas o próprio tucanato e, por consequência, a mídia que durante anos olhou para o outro lado, clara atitude de conivência com os crimes.

c) O desespero dos envolvidos os levarão a reações extremadas, inclusive contra aliados. Cabe a candidatura de Dilma a maior serenidade possível no momento, mas firmeza em apontar a podridão do tucanato que virá à tona.

d) Amaury Ribeiro Jr já seria o vencedor do Prêmio Esso deste ano se o prêmio não fosse julgado pelo cartel da mídia tucana.

e) Serra só chega a presidência via um golpe. Vamos ficar atentos.


A introdução do livro de Amaury Ribeiro Jr:


Os porões da privataria

Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Como fazer um dossiê em dez minutos


O jornal O Globo publicou que um "suposto dossiê" contra a filha de José Serra motivou crise na campanha de Dilma. Ontem, Serra disse que a responsabilidade é da candidata do PT, e mais uma vez o Globo fala de crise. A campanha de Dilma reagiu, negando o fato e a tentativa do tucano de criar factóides.

Sei que muitos ficaram curiosos pelo conteúdo do "suposto dossiê", já que os jornais não se preocuparam com esta informação. Num esforço de utilidade pública, nosso blog ensina o passo-a-passo para se fazer um dossiê contra Serra em pouquíssimos minutos:

1) Use o Google. É ferramenta poderosa para se fazer dossiês. (Não espalhe, poucos a conhecem, guarde para você a informação)

2) Na caixa de pesquisa digite dois nomes entre aspas: "Verônica Serra" e "Daniel Dantas".

3) Nos milhares de resultados, você verá que algumas informações se repetem: a empresa Decidir.com, Inc. registrada em Miami no dia 3 de maio de 2000, sob o número P00000044377, tem como sócias Verônica Dantas Rodemburg, irmã de Daniel Dantas, do Banco Opportunity, e Verônica Allende Serra, filha do governador José Serra. A empresa tem filiais na Argentina, Chile, México, Venezuela e Brasil. Seu site oferecia oportunidades de negócios, inclusive na área de licitações públicas no Brasil.

4) Junte os documentos mais importantes que comprovam o fato, como, por exemplo, o registro da empresa no Departamento de Estado da Flórida.

5) Escolha uma capa bonita e está pronto o seu dossiê.

Há outras maneiras de se fazer o mesmo, não com necessariamente mais trabalho. Sugiro consultar um especialista no assunto, o jornalista Diogo Mainardi. Em coluna de 8/4/2009, acusou o irmão do ministro Franklin Martins de se locupletar na ANP com royaties do petróleo. A mídia o repercutiu durante semanas. O que foi provado? Apenas que a fonte do jornalista era um rápido "dossiê" preparado por um ex-araponga da ANJ, repleto de recortes de jornais.

Tucanos ficam aloprados com a palavra dossiê.

Em tempo: se é pra derrubar Serra, e se isso ainda será necessário, o melhor seria fazer um dossiê sobre Ricardo Sérgio de Oliveira.